Banco BIC compra BPN em São Paulo e entra no mercado brasileiro

O presidente do Banco BIC no Brasil, Paulo Lavrador, no centro o presidente do Conselho de Administração Fernando Teles, e Jaime Pereira, vice presidente da Comissão Executiva CFO. Foto: Mundo Lusíada
O presidente do Banco BIC no Brasil, Paulo Lavrador, no centro o presidente do Conselho de Administração Fernando Teles, e Jaime Pereira, vice presidente da Comissão Executiva CFO. Foto: Mundo Lusíada

Por Odair Sene
Mundo Lusíada

De origem angolana, o Banco BIC em apenas nove anos de existência, já ocupa a terceira posição no mercado em Angola, com 65% de capital angolano e 35% de capital português, sendo hoje a principal instituição financeira entre as empresas que importam em Angola.
Os números são grandes, são 1870 colaboradores, uma rede que soma 208 agências em Angola, com fundos próprios de 860 milhões de dólares, depósitos de 6,5 bilhões de dólares e com créditos de 6,2 bilhões de dólares.
Sendo um banco capitalizado, entrou no mercado europeu em 2008 com investimentos em Portugal onde abriu o Banco BIC Português. Posteriormente comprou o Banco Português de Negócios (BPN), então nacionalizado pelo Estado português, e que somava mais de 200 agências, hoje já são 212 agências do BIC em Portugal.
Em Portugal, já são 6 milhões de euros em ativos, de fundos próprios 450 milhões de dólares, e que acaba de comprar o Banco Português de Negócios em São Paulo, também do Estado português. “Estamos numa fase de implementação, de entregarmos o processo ao Banco Central. Já estamos a gerir o banco mas não temos gestão total, não estamos autorizados a mudar o nome para Banco BIC Brasil”, disse ao Mundo Lusíada o presidente do Conselho de Administração do Banco BIC, Fernando Mendes Teles, que é arouquense e esteve no almoço de aniversário do Arouca São Paulo Clube, onde encontrou alguns amigos pessoais, como o presidente da Câmara de Arouca, Artur Neves.
“Esperamos fazer rapidamente no Brasil um pequeno banco, ir começando devagarzinho, com apoio da comunidade angolana, da comunidade portuguesa, também das empresas angolanas e portuguesas que têm negócios no Brasil, e o que esperamos é no futuro ter um banco com referência”, afirma.
Com forte presença em Portugal, o Banco BIC patrocina quatro clubes portugueses, como em Angola onde patrocina três clubes angolanos, e a expectativa é patrocinar também a camisa de algum clube brasileiro. Entre as analises, existe a possibilidade de, num futuro, patrocinar o clube rubro-verde de São Paulo, a Portuguesa de Desportos. “Logo que estivermos autorizados a funcionar em pleno, vamos analisar a questão da promoção e contatos com a comunidade portuguesa. O que vejo é que a comunidade portuguesa no Brasil é muito importante, e vamos contar também com apoio dessa comunidade”.
Se comparado ao mercado português, o mercado brasileiro é expressivamente maior em termos de território e população, com 200 milhões de habitantes. Para o executivo, o investimento e crescimento serão feitos aos poucos. “Vamos crescer paulatinamente, conforme formos podendo, temos consciência que os bancos no Brasil são muito fortes, não vai ser fácil competir com esses bancos, mas não é para competir apenas tentar ir crescendo, o que esperamos é ocupar um pequeno espaço e também fazer a diferença no atendimento personalizado, com private bank, com nossa ligação Angola, Portugal, Cabo Verde, por isso vamos procurar nosso espaço e vai depender da nossa forma de cativar os clientes”.
Em São Paulo, Paulo Lavrador é o responsável pelos negócios da instituição no Brasil. A equipe de 40 trabalhadores que são ainda do BPN, que já teve bastante movimento no Brasil, mas depois da crise em Portugal, o BIC comprou o BPN em Portugal, em Cabo Verde e depois no Brasil. “A expectativa é conseguir com nossa determinação, empenho, com apoio dos nossos clientes, ocupar um pequeno espaço neste mercado que é muito forte, mas há nove anos em Angola nós nem existíamos, vamos completar nove anos em maio, e hoje somos o terceiro banco em Angola”, disse Fernando Teles.
“Eu próprio comecei a trabalhar em banco aos 14 anos de idade e a grande parte das pessoas que vejo no Arouca chegaram mais ou menos nessa idade e começaram a trabalhar assim como eu que trabalho na banca há 48 anos. Por isso, as pessoas estão habituadas a trabalhar, já passaram por muitas dificuldades”, diz Teles.
O executivo garante que o BIC chega ao mercado brasileiro “determinado” após o investimento de 30 milhões de dólares na aquisição do BPN Brasil. O grupo tem de fundos próprios nos seus vários bancos cerca de 1.4 bilhões de dólares, por isso garante “estar pronto” para investir em outros locais: “temos capitais próprios para isso”, referiu Teles em entrevista exclusiva ao Mundo Lusíada.

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