Bacalhau em menos quantidade e com produção mais cara pode ditar subida do preço em 2024

Da Redação com Lusa

O preço do bacalhau não deverá baixar no próximo ano em Portugal, no qual haverá uma menor quantidade deste peixe, com preços de produção que vão ser, provavelmente, superiores aos de 2023, indicou à Lusa a Associação dos Industriais do Bacalhau.

“Em outubro deste ano, a comissão mista de pesca Norueguesa-Russa concordou que as quotas de bacalhau para 2024 nos mares de Barents e da Noruega totalizassem 453.427 toneladas. Representa uma queda de 20% em relação às quantidades deste ano, que novamente caíram 20% em relação às capturas acordadas para 2022”, apontou, em resposta à Lusa, a Associação dos Industriais do Bacalhau (AIB).

Com menos quantidade disponível, “muito provavelmente”, o custo da matéria-prima vai disparar e será igualmente pressionado pelo agravamento dos custos dos restantes fatores de produção.

Perante este cenário, “não se esperam alterações em baixa do custo da matéria-prima, pelo que o bacalhau não deverá ficar mais barato para o consumidor final em 2024”, sublinhou.

Segundo a associação, este ano, verificou-se uma menor disponibilidade dos calibres grandes de bacalhau, em particular, com mais de três e cinco quilogramas (kg), o que se refletiu no aumento dos preços.

Apesar de o abastecimento dos mercados não estar em risco, as campanhas científicas, que avaliam os ‘stocks’ do bacalhau, perspetivam que estes tamanhos devem continuar a ser pouco frequentes.

“Assim, os tamanhos menores, como correntes e crescido, poderão constituir boas oportunidades de compra, quer para os consumidores, quer para o canal Horeca [Hotéis, Restaurantes e Cafés]”, defendeu a AIB, explicando que a qualidade do bacalhau não depende do seu calibre.

Para os industriais, em causa pode estar um “regresso às origens”, quando o consumo de bacalhau estava concentrado nos tamanhos mais pequenos deste peixe.

“O bacalhau tem a grande vantagem de poder ser utilizado em muitos pratos, sendo mesmo ‘desperdício’ utilizar os mais caros para pratos em que os tamanhos médios são suficientes”, concluiu a AIB.

Constituída em 1993, a AIB é hoje uma associação empresarial e patronal, que promove e desenvolve a atividade industrial de bacalhau e defende os interesses empresariais do setor.

Os seus associados representam mais de 80% da produção industrial de bacalhau em Portugal, o que corresponde a um volume de negócios anual de, aproximadamente, 400 milhões de euros.

Na mesa
As vendas de bacalhau salgado seco na grande distribuição tiveram uma quebra de 20% em 2023, mas o peixe vai continuar a ser opção para os portugueses na ceia de Natal, mesmo que em menor quantidade.

“As quebras, durante o ano, rondaram no bacalhau salgado seco, na grande distribuição, os 20%. Esperamos, contudo, que no final do ano, esta quebra se atenue. No entanto, acreditamos em quebras de vendas anuais em Portugal, em quantidade, acima dos 10%”, antecipou AIB.

As vendas na época do Natal não vão fugir a esta tendência, esperando-se assim que sejam inferiores às verificadas no ano anterior, face ao aumento do preço e à diminuição do poder de compra.

Contudo, os portugueses não vão abdicar do “fiel amigo” à mesa da ceia do Natal, “mesmo que em menor quantidade”.

Segundo os dados da AIB, das cerca de 55.000 toneladas de bacalhau consumidas em Portugal durante o ano, metade concentra-se nos últimos quatro meses.

Pão mais caro

O preço do pão vai voltar a subir no próximo ano face aos aumentos dos custos de produção,  segundo a Associação do Comércio e da Indústria da Panificação, Pastelaria e Similares (ACIP).

“Terão que ser feitos ajustamentos aos preços de venda, de forma a mitigar os aumentos nos custos dos fatores de produção”, antecipou, em resposta à Lusa, o presidente do Conselho Fiscal da ACIP, Helder Pires, sem precisar valores.

Além do preço das matérias-primas, os custos com os salários têm penalizado o setor, que assinala também dificuldade em contratar mão-de-obra.

Apesar de salvaguardar que ainda não estão disponíveis dados agregados sobre o setor, a associação indicou que este ano se registrou um “ligeiro crescimento” das vendas de panificação e pastelaria, justificado pelo aumento do preço.

Para este Natal a ACIP perspetiva vendas em quantidades semelhantes às de 2022, com uma faturação “equivalente ou até superior”.

Fundada em 1975, em Coimbra, a ACIP afirma-se como a mais representativa associação empresarial do país da área da panificação e pastelaria, apoiando projetos e iniciativas socioeconômicas.

 

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