Da Redação
Dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) decolaram para buscar os brasileiros em Wuhan nesta quarta-feira, anunciou o governo. A previsão é chegar à cidade chinesa nesta sexta-feira, dia 7, e o retorno previsto para sábado (8/2).
Os brasileiros que retornarem de Wuhan, na China, vão precisar passar por um período de quarentena. Durante o período de isolamento na base aérea de Anápolis, em Goiás, as pessoas precisarão passar por exames periódicos. Caso apresente sintomas, o atendimento e o tratamento serão realizados no Hospital das Forças Armadas, em Brasília (DF).
“O Ministério da Defesa coordena a operação e, em alguns momentos, tem solicitado apoio ao Ministério da Saúde. A gente pretende testar todos os brasileiros que retornarem para coronavírus e apoiar os exames porque o Exército não tem laboratórios para os exames. O apoio é solicitado para o Ministério da Saúde a depender da necessidade do Ministério da Defesa. Nós estamos à disposição para prestar apoio técnico e material”, explicou o diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Júlio Croda.
Somente poderão viajar para o Brasil as pessoas que não apresentarem os sintomas compatíveis com o coronavírus. Os procedimentos de saúde serão realizados por profissionais do Ministério da Saúde e do Instituto de Medicina Aeroespacial da FAB.
Projeto
Após ser aprovado pela Câmara dos Deputados na noite de terça-feira, o projeto de lei seguiu nesta quarta-feira pelo Senado. A proposta dá celeridade ao processo de repatriação dos brasileiros em Wuhan.
A proposta estabelece as medidas e procedimentos que podem ser adotados pelas autoridades em caso de emergência de saúde pública decorrente pelo coronavírus. O Projeto de Lei, do Governo Federal, dispõe, entre outros pontos, sobre o isolamento e quarentena de pessoas que retornarem ao Brasil.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, esteve na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, para apresentar a situação epidemiológica do novo coronavírus no Brasil e explicar as ações do SUS para enfrentar o vírus.
Conforme adiantou já no plenário da Câmara, o ministro reforçou que deve enviar um texto mais completo futuramente para regulamentar as regras em casos de outras epidemias. O projeto aprovado pelos deputados foi uma medida emergencial para esse momento do coronavírus e a questão da quarentena, que precisavam ser pactuadas rapidamente.
Dados
O Ministério da Saúde atualizou as informações repassadas pelas Secretarias Estaduais de Saúde sobre a situação dos casos suspeitos do novo coronavírus no Brasil. De acordo com o último boletim, o Centro de Operações de Emergência (COE) registrou a diminuição de dois casos suspeitos de terça-feira. Agora, 11 casos se enquadram na atual definição de caso suspeito para nCoV-2019. O Brasil segue sem casos confirmados.
Os casos suspeitos estão sendo monitorados pelo Ministério da Saúde nos seguintes estados: Rio de Janeiro (1), São Paulo (4), Santa Catarina (1) e Rio Grande do Sul (5). Até às 13h desta quarta-feira (5/2) o Ministério da Saúde já descartou 21 casos para investigação de possível relação com a infecção humana pelo coronavírus, cinco casos a mais do que o boletim divulgado dia 4. Todas as notificações foram recebidas, avaliadas e discutidas com especialistas do Ministério da Saúde, caso a caso, junto com as autoridades de saúde dos estados e municípios.
“Houve aumento importante no número de casos descartados. Conseguimos descartar 5 casos, em relação aos números apresentados ontem. Esses descartes aconteceram justamente por causa do resultado positivo para outros vírus respiratórios. De ontem para hoje tivemos uma notificação a mais no Rio Grande do Sul, que está com 5 casos suspeitos. Os estados do Sul e Sudeste têm mais incidência de casos suspeitos, porque nesta época do ano é quando ocorrem mais casos de gripe”, destacou o diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis, Júlio Croda.
O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, informou, durante a coletiva desta quarta-feira, que o primeiro levantamento de custo e quantitativos de insumos já foi realizado. A estimativa é de investimento de R$ 140 milhões para compra de equipamentos individuais, como luvas, máscaras, óculos de proteção e roupas descartáveis.
“Esse é o recurso que estamos disponibilizando para esses insumos de proteção individual. Existem duas variáveis importantes nessa licitação que podem elevar ou reduzir esse valor porque existe a possibilidade que a escala seja maior e poderemos negociar com o mercado e reduzir o valor. No entanto, há a probabilidade de o mercado estar desabastecido, o que elevaria o custo final”, disse.
O secretário-executivo lembrou que o Projeto de Lei, que tramita pelo Congresso Nacional garante ao Ministério da Saúde a prerrogativa de importação imediata, mesmo sem registro. “Estamos falando de insumos que não têm uma tecnologia avançada, mas os países de origem têm que comprovar boas práticas na produção e controle de qualidade”, concluiu.