Da Redação
Com Lusa
As autoridades da província angolana do Cuanza Norte vão reunir com os sobas e anciãos da região para tentar encontrar uma solução para a destruição que manadas de elefantes estão a provocar nas aldeias dos camponeses locais.
O fim do conflito armado de trinta anos devolveu, desde 2002, manadas de elefantes, com dezenas de animais, a antigas rotas de transumância, provocando destruição de culturas nas aldeias por onde passam.
Em entrevista à agência Lusa, o diretor provincial de Agricultura do Cuanza Norte, Humberto Mesquita, explicou que os ataques, que não têm causado mortes entre a população local, sucedem-se a um ritmo quase semanal, com manadas de dois a seis elefantes que entram literalmente pelos terrenos dos camponeses.
“Temos que ver para nós, desta forma, isto é um problema novo. As populações contam-nos que os elefantes passam às manadas com alguma regularidade”, explicou.
Nesta altura do ano, com temperaturas mais baixas, as populações fazem queimadas, algo que segundo Humberto Mesquita também provoca mudanças nas rotas dos elefantes, que tentam encontrar refúgio nas aldeias habitadas.
Além disso, velhas técnicas como a queima de pneus junto aos campos, parecem já não provocar receio nos animais. “Era uma forma de mitigar o problema, mas o elefante tem a sua inteligência e parece que já não vai na conversa”, ironiza.
O resultado é a destruição constante das produções dos camponeses, que têm vindo a ser apoiados com cabazes de alimentos cedidos pelas autoridades locais, garante o diretor provincial de Agricultura.
A situação tem vindo a agravar-se, com sucessivas produções, de todo o tipo de culturas agrícolas, perdidas, sobretudo ao longo do Golungo Alto. Esta destruição acontece praticamente já na fase de colheita e coincide com a época seca, quando os elefantes abandonam as florestas à procura de alimento e de água.
A solução, diz Humberto Mesquita, pode estar agora no conhecimento que os mais velhos ainda possuem sobre o movimento dos elefantes antes do conflito armado no país.
“Vamos promover reuniões com os sobas, os mais velhos das aldeias, para perceber como enfrentar este problema, para eles nos explicarem como agiam no passado. Porque isto é um problema que ressurgiu agora, com o período de paz, mas antigamente também acontecia”, garantiu.
Estudar as rotas de “maior frequência” dos elefantes na região e criar “mecanismos” para ajudar a população a lidar com os animais são, desde já, objetivos do trabalho em curso.
Mudar a localização de algumas aldeias também é uma hipótese em cima da mesa, nomeadamente se a solução passar, como se admite, pela criação de zonas de reserva para elefantes no Cuanza Norte, o que ainda não existe.
“Com a situação a manter-se, como vai acontecer, talvez a solução passe, em colaboração com o Ministério do Ambiente, pela criação de uma reserva nestas zonas, de maior presença dos elefantes. Vamos ver”, rematou Humberto Mesquita.