Autarcas de Portugal e Espanha querem que governos avancem com corredor ferroviário

Autoridades portuguesas e espanholas na fronteira, 2020. NUNO VEIGA/LUSA

Mundo Lusíada com Lusa

Autarcas e responsáveis de instituições de Portugal e Espanha exortaram, na quarta-feira, os governos dos dois países a impulsionarem o transporte ferroviário do Corredor Atlântico no troço ibérico (Aveiro – Viseu – Guarda – Salamanca) e a sua ligação com Madrid.

Numa declaração conjunta divulgada no final de uma reunião realizada em Viseu, os presentes realçaram a importância desta conexão, quer para “facilitar uma mobilidade eficiente de passageiros e mercadorias”, quer para permitir o desenvolvimento econômico regional e gerar “oportunidades para novas iniciativas empresariais que favoreçam umas perspetivas de futuro renovadas para atrair e fixar população”.

Os dois governos devem “avançar neste projeto decisivo que beneficiará não apenas as nossas empresas, mas também o desenvolvimento sustentável e a prosperidade dos nossos territórios”, defenderam.

O delegado do Corredor Atlântico e Redes Complementares, Luis Fuentes Rodriguez, disse aos jornalistas que “falta compromisso dos governos em impulsionar o Corredor Atlântico, como se impulsionou o Corredor Mediterrâneo”.

“Temos de pedir aos nossos dois governos que unam forças, que façam os esforços necessários para que a rede básica, os corredores atlânticos que passam por Portugal e por Espanha estejam em funcionamento em 2030”, frisou.

Luis Fuentes Rodriguez lembrou que a União Europeia tem, desde 2013, desenhadas todas as redes que servirão a Europa.

“O que estamos aqui a reivindicar é que os governos ponham em cima da mesa todo o dinheiro necessário para que as infraestruturas estejam em pleno funcionamento”, afirmou o responsável, acrescentando que “há muito dinheiro e o que têm de fazer é executar todas as obras que estão prometidas”.

O presidente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas, garantiu que encontros como esse – que aconteceu na sequência de um outro realizado em Salamanca, no dia 09 de janeiro – serão para repetir, funcionando como “uma espécie de despertador”.

“Vamos continuar com as reuniões periódicas, sempre a bater nisto. Não vamos deixar que esta situação seja esquecida. Vamos reclamar que este tema seja debatido nas cimeiras ibéricas”, referiu.

O autarca social-democrata disse também esperar que o tema seja abordado durante as eleições legislativas e europeias. “Sempre que eu tiver oportunidade de usar da palavra fá-lo-ei. Se fosse candidato não deixaria de o pôr em cima da mesa”, assegurou.

Aveiro

Neste dia 8, o presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves, defendeu que deve ser dada prioridade ao transporte ferroviário do Corredor Atlântico no troço ibérico “antes que os fundos de coesão se desloquem” para leste.

“É altamente provável que o centro das políticas de coesão e também do investimento financeiro saia da Península Ibérica e dos países do Sul da Europa, nomeadamente Portugal e Espanha, e se desloque para os países do Leste, candidatos à adesão como os países dos Balcãs e obviamente a Ucrânia”, alertou.

Ribau Esteves falava na reunião pública do executivo, na qual deu conta da decisão de autarcas e empresários de Portugal e Espanha de relançar a luta pelo “Corredor Atlântico das redes transeuropeias”.

De acordo com o presidente da Câmara de Aveiro, depois de uma primeira reunião realizada em Salamanca e agora em Viseu, foi decidido manter essa luta no trabalho político e junto da opinião pública.

Ribau Esteves referiu haver “uma relação absolutamente íntima” dessa luta com o relatório que apresentou no dia 01 em Bruxelas (Bélgica), na reunião do Plenário do Comité das Regiões, sobre Transportes e Ambiente.

“Para a redução da pegada ecológica dos transportes na União Europeia precisamos de transpor mercadorias da rodovia para a ferrovia, e as recomendações políticas que fizemos nesse relatório têm muito a ver com esta matéria”, disse.

O presidente da Câmara de Aveiro lembrou que Portugal havia decidido há 30 anos fazer esse corredor ferroviário de Aveiro a Salamanca para lamentar que “até hoje não está feita coisa nenhuma”.

Para Ribau Esteves, que assumiu a discordância em ser feita uma segunda linha ferroviária Lisboa/Porto “para ganhar uma hora”, a prioridade deveria ser “chegar mais depressa ao centro da Europa”.

Segundo o autarca, teria de ser uma ferrovia em bitola europeia, com uma integração com Espanha, e resolvendo a operabilidade com França.

“Há um problema sério em qualquer comboio que queira passar por França e não seja francês, e nesse relatório apontámos ao Parlamento Europeu e à Comissão Europeia a necessidade de se criar uma entidade reguladora”, acrescentou.

 

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