Da Redação
Com Lusa
A associação ambientalista Quercus defendeu mais fiscalização à atividade das embarcações turísticas que operam no rio Douro, devido a alegadas descargas ilegais de materiais poluentes que “contribuem para a poluição do rio e provocam erosão nas margens”.
“Tem havido descargas, aparentemente, vindas de barcos de turismo que navegam no rio Douro. Temos conhecimento de que as autoridades já foram chamadas a vários pontos do rio devido a descargas de materiais poluentes. Por outro lado, temos recebido denúncias de pessoas a relatar os focos de poluição no rio”, disse João Branco da direção nacional da Quercus.
Segundo o ambientalista, estas ocorrências deixam “sérias dúvidas” quanto à eficácia dos sistemas de recolha e tratamento dos esgotos e das águas sanitárias das embarcações turísticas que operam na Via Navegável do Douro (VND).
“O número de ocorrências tem sido frequente e [as descargas] ocorrem em vários dias da semana, o que nos leva a questionar todo o sistema de controlo do regulamento de utilização da VND”, disse, acrescentando também que “alguma coisa tem de estar mal para que os detritos [das embarcações] sejam despejados no rio Douro”.
A Quercus recorda que a VND teve um aumento significativo de tráfego, tendo sido registradas 113 embarcações e cerca de 1,3 milhões de passageiros em 2018.
“No início deste ano a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) publicou um novo regulamento de utilização da VND, onde são estipulados limites de velocidade e também a proibição de descargas, tais como resíduos de combustível ou esgotos sanitários”, lembrou a associação ambientalista numa nota enviada à Lusa.
Deste modo, a Quercus solicita que sejam tomadas medidas de prevenção dos riscos associados ao tráfego de embarcações e uma maior fiscalização da atividade das embarcações turísticas que operam no Douro.
Na quinta-feira, a GNR de Torre de Moncorvo anunciou que identificou um homem, de 42 anos, mestre de um navio cruzeiro suspeito de efetuar descargas residuais diretamente para o rio Douro, na barragem do Pocinho, num local que divide geograficamente os distritos de Bragança e da Guarda.
“Após uma denúncia em que um navio cruzeiro estaria a efetuar descargas de águas residuais diretamente para o rio Douro, na barragem do Pocinho, os militares deslocaram-se ao local onde verificaram que a água apresentava uma cor turva e um cheiro nauseabundo”, referiu a GNR em comunicado.
No local, procedeu-se à recolha de amostras de água, tendo as mesmas sido encaminhadas para análise laboratorial à Agência Portuguesa do Ambiente.
Em 2001, a UNESCO classificou como Patrimônio Mundial 24.600 hectares do Alto Douro Vinhateiro, repartidos por 13 concelhos, tendo já em 1996 classificado a cidade do Porto com o mesmo estatuto, “e isso traz responsabilidades acrescidas para a gestão ambiental desta região”, conclui a Quercus.