Associação de imigrantes contra \”política de \’apartheid\’\” que favorece lusófonos

Manifestantes exibem os seus documentos de pedido e renovação de residência em Portugal junto à da sede da AIMA - Agência para a Integração Migrações e Asilo em Lisboa na manifestação "Defenda os seus direitos". Ação de protesto convocada pela comunidade do Bangladesh em Portugal, contra os atrasos na renovação ou emissão do primeiro cartão de residência pelo Instituto dos Registos e do Notariado (IRN) 18 de abril de 2024. MIGUEL A. LOPES/LUSA

Da Redação com Lusa

 

O presidente da Solidariedade Imigrante, a maior associação do gênero em Portugal, acusou hoje o Governo de estar a promover uma “política de ‘apartheid’” ao dividir “bons e maus imigrantes”, numa lógica securitária e segregacionista.

Comentando as decisões do Conselho de Ministros, que anunciou regras mais ligeiras para os imigrantes lusófonos, em particular brasileiros e timorenses (isentos de visto), que podem regularizar-se em solo nacional mesmo que tenham chegado com visto de turista, Timóteo Macedo considera que o Governo está a fazer “cedências claras à extrema-direita”, alimentando o medo em relação aos estrangeiros que chegam de culturas muito diferentes da portuguesa, como os sul-asiáticos.

O Conselho de Ministros prometeu regras diferentes para os cidadãos dos países lusófonos e anunciou uma nova Unidade de Estrangeiros e Fronteiras dentro da PSP, a aprovação de um novo regime de retorno e de afastamento de cidadãos em situação ilegal no país.

“Agora vamos ter a discussão do orçamento e fala-se em eleições e o Governo PSD quer roubar votos à extrema-direita, com política de expulsão dos imigrantes”, através de uma “unidade de intervenção musculada” que contraria o que levou à extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, em outubro do ano passado.

Ao separar imigrantes lusófonos dos não lusófonos, Portugal está a “trilhar um caminho de políticas islamofóbicas” e “segregacionistas em função da origem”, o que “viola a Constituição da República Portuguesa”, afirmou Timóteo Macedo.

Com estas medidas “muitos vão ficar contentes”, entre os quais “alguns imigrantes”, mas a Solidariedade Imigrante é “totalmente contra esta discriminação”, que insiste numa “política de assimilação e não de integração, com cedências ao discurso da extrema-direita”.

Agora, “vamos só receber bem os que falam português, aqueles que têm mais a nossa identidade? Isso não é integração, isso é assimilação”, afirmou, contestando as “políticas claras de ‘apartheid’” que “colocam uns imigrantes contra os outros”, tratando uma parte deles como “potenciais bandidos ou criminosos”.

Por outro lado, “com estas medidas, está-se a criar uma cumplicidade com máfias e tráfico humano” que exploram a fragilidade dos imigrantes em situação ilegal, acusou Timóteo Macedo, considerando que as recentes novidades legais visam também dividir o movimento associativo, que está a organizar uma grande manifestação para 25 de outubro.

“Querem dividir-nos e fazer-nos esmorecer, mas nós vamos à luta”, prometeu.

Esta nova unidade da PSP já tinha sido anunciada em junho pelo Governo quando foi anunciado o Plano de Ação para as Migrações.

Quando o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras foi extinto, a 29 de outubro do ano passado, foi criada na PSP a unidade de segurança aéreo portuária e controlo fronteiriço, que é responsável pelo controle de entrada e saída de pessoas no país por via aérea e pela segurança nos aeroportos.

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