‘As receitas das famílias portuguesas’ são destaques de livro

Mundo Lusíada

Divulgação

>> A escritora e chef portuguesa Filipa Vacondeus.

Maria Filipa Carneiro de Mendonça Côrte-Real Vacondeus, ou simplesmente Filipa Vacondeus, é uma chef famosa em Portugal pelos seus pratos tradicionais alinhados com a praticidade dos dias de hoje. Além de ensinar a cozinhar, Filipa traz dicas para economizar na cozinha, substituindo alguns ingredientes e simplificando as receitas para serem preparadas de forma mais rápida.Nascida numa família tradicional, monárquica e católica, desde muito cedo, e uma vez ao ano, governava a casa, o que incluía receber as visitas da Família Real. Ela já dirigia a cozinha aos 9 anos de idade, o que naturalmente lhe trouxe muita curiosidade nesta área. Hoje, já com 30 anos dedicados à culinária, Filipa é bastante conhecida em Portugal, participa de programas televisivos e tem diversos livros publicados.Agora, ela acaba de lançar no Brasil uma obra que dedica aos pratos comuns nos lares e festas familiares lusitanas. “As receitas de famílias portuguesas” é o lançamento da editora Lua de Papel na área de gastronomia. O livro traz um patrimônio nacional, aquelas receitas “das casas de nossas avós” diz a autora, com pratos que saciam o paladar e oferecem bem-estar emocional por remeter à infância ou aos rituais de família.O livro apresenta dicas para tornar as receitas mais econômicas e acessíveis. Elas variam desde opções para o dia a dia como ovos mexidos com tomates; frango assado e bifes de frigideira; até as de festa como peru de Natal com espumante; o tradicional bacalhau e coxas de pato ao vinho do Porto, além de pêssegos em calda – sem esquecer de doces como a encharcada ou as fatias paridas, semelhante às rabanadas brasileiras.Em entrevista ao Mundo Lusíada, direto de Portugal, Filipa Vacondeus falou sobre o seu trabalho e sobre as receitas mais comuns nas casas portuguesas.

ML – A gastronomia portuguesa é um patrimônio nacional, mas acha possível o país trabalhar melhor na sua preservação? Sente-se como parte deste patrimônio, no seu trabalho de difundir a culinária lusitana? A partir do momento em que a nossa gastronomia passou a ser considerada “Património Nacional” houve, sem dúvida, uma maior preocupação em preservar e difundir os nossos pratos tradicionais adaptando-os a formas mais modernas na sua preparação. Eu, há mais de 30 anos que me dedico à sua descoberta dando, através da Televisão, receitas não só de todos os cantos de Portugal como demonstrando, ao vivo, as vantagens da sua aplicação no dia-a-dia da nossa cozinha.

ML – Quais as receitas mais comuns dos lares portugueses?As receitas mais usuais nas casas portuguesas são, sem dúvida, as sopas frescas de legumes, peixes cozidos, grelhados e de forno, arrozes, bacalhaus, migas, carnes de porco assadas, fritas, grelhadas e frango, galinha e peru.

ML – Acha que os portugueses reproduzem as receitas das avós mais pelo paladar ou pela história emocional que elas carregam?As receitas das nossas avós fazem, sem dúvida, parte do imaginário das nossas cabeças e tendo eu mesma, ainda hoje, essas recordações, tenho tentado transmitir aos que me lêem tudo o que tenho aprendido e descoberto ao longo de uma vida dedicada a este tema. Por isso posso testemunhar que as saudades das refeições  das casas dos avós e pais aguçam a curiosidade das novas gerações.

ML – A autora é conhecida pela sua prática de alinhar pratos deliciosos ao baixo custo. Mesmo em receitas familiares antigas é possível economizar e agilizá-las para a praticidade do mundo de hoje, sem perder a tradição?O que é curioso e ao mesmo tempo magnífico são as receitas portuguesas serem facilmente alteradas, retirando alguns produtos menos saudáveis ou mais dispendiosas. O que eu tenho feito, de há muitos anos para cá, é ensinar as pessoas a transformarem o trabalho, por vezes penoso, de se ter de preparar, pelo menos 3 refeições diárias, num trabalhoso senão divertido pelo menos mais leve e agradável. Seguir uma receita por vezes faz pensar que a mesma não se pode fazer por não haver este ou aquele produto indicado e o que eu tento mostrar é que ou se pode substituir ou mesmo não o utilizar. Quanto à economia, esta faz parte do meu cuidado por toda a gente tem direito a ter uma mesa agradável, com alguma novidade e que não obrigue a despesas que na maior parte das vezes  são incomportáveis.

ML – Na época de infância, recebia membros da Família Real para almoços e jantares em sua casa. Qual o prato que mais lhe remete aos rituais de família?Toda a vida tenho recebido e visitado membros da Família Real Portuguesas que gostavam especialmente de peixe fresco confeccionado à nossa maneira. Gostavam muito de bacalhau, de caldeiradas, de cataplanas, sardinhas, enfim … a nossa comida bem tradicional portuguesa. Alguns dos pratos que foram servidos em minha casa, estão neste livro.

ML – Em entrevistas, já declarou sua positiva opinião sobre o Regime Monárquico. Esta seria uma posição contra o atual regime e o atual governo português? Ser Monárquica não me obriga a uma posição contra o regime ou contra o governo desde que o governo, em ativo, seja um governo que defende o nosso País e os portugueses. Não sou republicana, mas sempre tenho servido o País patrioticamente, em todas as ocasiões. No entanto, estarei sempre presente e a lutar para que voltemos a ser uma monarquia já que a república portuguesa está justamente a festejar 100 anos, que nunca foram bons. Eu represento os outros 700 anos da vida deste País.

ML – Muitas casas portuguesas no Brasil servem diferentes pratos de bacalhau, além dos doces à base de ovos. Conhece a comunidade luso-brasileira ou já visitou alguma entidade portuguesa no Brasil?Visitei já diversas vezes o Rio de Janeiro e Salvador da Bahia comi bons bacalhaus em Restaurantes portugueses e em casa de amigos. Quanto aos doces, pela maior dificuldade ou ser menos habitual a utilização da nossa amêndoa esta, mesmo em casa de portugueses é, muitas vezes substituída por coco ralado. Não é o mesmo mas … resulta, em muitos, casos, muito bem.

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