Da Redação
Com Lusa
O repertório de Amália Rodrigues (1920-19999) inspirou músicos portugueses contemporâneos, que o recriaram com novas linguagens musicais, editadas no disco “Com Que Voz. Uma Canção para Amália”.
O álbum apresenta 21 temas que Amália gravou, dos fados à canção, incluindo êxitos que a própria Amália recriou, casos de “Cheira a Lisboa”, “Tudo isto é Fado” ou “Lavadeiras de Caneças”.
O leque de intérpretes inclui Salvador Sobral, que com André Santos interpreta “Maria Lisboa”, Elisa Rodrigues, Nobre, Paulo Sousa, ou Tatanka, que gravou “Quando eu era Pequenino”, um tema de folclore gravado por Amália.
Afonso Cabral abre o disco com “Ai, Mouraria”, de autoria de dois nomes do teatro de revista, Frederico Valério e Amadeu do Vale, que Amália criou no Brasil, na década de 1940.
Do teatro de revista vêm outros temas, designadamente “Cheira a Lisboa”, cantado por Janeiro, uma criação de Anita Guerreiro na revista “Peço a Palavra”, que esteve em cartaz em 1969, no Teatro Variedades, em Lisboa.
Outro sucesso saído dos palcos da revista é “Lavadeiras de Caneças”, de Xavier de Magalhães e Frederico de Freitas, interpretado por Corina Freire, na revista “Ramboia”, que esteve em cena em 1928; Amália gravou o tema em 1967, e apresentou-o, entre outros palcos, no Olympia, em Paris, nesse mesmo ano. Neste disco, a canção “As Lavadeiras de Caneças” foi gravada por Edu Mundo, pseudónimo artístico de Márcio Silva.
“Tudo Isto é Fado”, de Aníbal de Nazaré e Fernando de Carvalho, foi um sucesso de Fernanda Baptista estreado no programa radiofónico “Passatempo APA”, em finais da década de 1940, recuperado, posteriormente, pela atriz Irene Isidro, que o interpretou ao piano. Neste disco, coube a vez a Paulo Sousa.
A lista dos 21 temas escolhidos inclui o fado “Primavera”, primeiro poema de David Mourão Ferreira que Amália interpretou e que no disco é cantado pela banda Best Youth, o fado Bailado “Estranha Forma de Vida”, gravado por Elisa Rodrigues, ou “Uma Casa Portuguesa”, de Artur Fonseca, Reinaldo Ferreira e Vasco Matos Sequeira, cantada por Tiago Nacarato, um dos nomes saídos do concurso televisivo “The Voice”.
Carolina Deslandes gravou “Por que Voltas de que Lei”, um poema de Amália que o guitarrista Mário Pacheco musicou. Entre outros sucessos da fadista resgatados para este disco cite-se o fado Vitória “Povo que Lavas no Rio”, poema de Pedro Homem de Melo, gravado por António Manuel Ribeiro, líder da banda UHF, “Foi Deus”, de Alberto Janes, autor exclusivo de Amália, gravado desta feita por João Só, e Macaia, que gravou “Com que Voz”, poema de Luís de Camões que Alain Oulman musicou.
Deste compositor exclusivo da fadista, o álbum inclui ainda “Gaivota”, de Alexandre O’Neill, cantado por Maria Bradshaw, e “Amor Sem Casa”, defendido por Catarina Munhá, cantora que se deu a conhecer o ano passado com “Águas Furtadas” e este ano lançou já “Animal de Domesticação”.
A atriz, cantora e compositora Irma, que em junho último editou o EP “Da Mesma Pele”, gravou “Fado Xuxu”, enquanto Nobre, por seu turno, gravou “Solidão” (“Canção do Mar”), um poema de Mourão Ferreira para uma melodia de Ferrer Trindade, e Tainás escolheu um tema que Amália gravou no filme “Capas Negras”, “Não sei porque Te Foste Embora”.
Do filme “Les Amants du Tage”, Bárbara Tinoco gravou “Barco Negro”.