Mundo Lusíada
Com Lusa
Foi aprovado. O Fundo Monetário Internacional (FMI) irá contribuir com 26 bilhões dos 78 bilhões de euros previstos para os empréstimos a Portugal por parte da ‘troika’ (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), contribuindo a União Europeia com os restantes dois terços do valor acordado. Deste montante, 12 bilhões serão destinados a apoiar os bancos portugueses.
Deste modo, a contribuição europeia será de 52 bilhões de euros, de acordo com o comunicado do diretor do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, divulgado em 05 de maio.
De acordo com Strauss-Kahn, a instituição poderá aprovar os 26 bilhões de euros da ajuda a Portugal até ao final do mês de maio. “O FMI tem ativado os seus procedimentos acelerados para a análise deste ‘Extended Fund Facility’ (programa de financiamento alargado) e espero que o acordo vá para o conselho executivo para aprovação antes do final do mês”, disse Dominique Strauss-Kahn, em comunicado de imprensa.
Strauss-Kahn afirma ainda que programa acordado entre o Governo e a ‘troika’ é “ambicioso” e que irá “envolver o sacrifício do povo português”. No entanto, este permitirá uma economia “mais forte e mais dinâmica”, que consiga “gerar empregos e oportunidades”, acrescentou o diretor do FMI.
Obstáculos nos próximos anos
Após a tão discutida ajuda financeira a Portugal, o FMI declarou que a previsão para a economia portuguesa é de contração de 1,5% para este ano e 0,5% para 2012, as mesmas previsões feitas em abril.
O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, na conferência de imprensa de apresentação sobre o acordo entre a Comissão Europeia, a União Europeia e o FMI e o Governo português, apontou para uma recessão de 2% em 2011 e 2012, respetivamente.
A previsão inscrita no relatório do FMI é, assim, mais optimista do que a revelada na ocasião pelo ministro português.
Já a economia grega, para o FMI, deverá contrair 3% este ano e Portugal será o único país (de entre os periféricos da zona euro que foram intervencionados) que continuará em recessão em 2012.
As previsões do FMI para a Irlanda são que cresça 0,5% este ano, acelerando para os 1,9% em 2012.
Desigualdade aumenta em 5 vezes
Em 12 de maio, o Fundo Monetário Internacional afirmou que o crescimento do desemprego aumentou as desigualdades em 2 pontos percentuais no conjunto dos países da zona euro, com o impacto em Portugal, Grécia e na Irlanda a ser cinco vezes superior.
O relatório do FMI sobre as perspetivas econômicas na Europa indica que “o crescimento do desemprego durante a crise aumentou as desigualdades”.
As estimativas apontam para que o impacto nas desigualdades se traduziu numa subida de dois pontos percentuais nos 17 países da zona euro e de 10 pontos percentuais na Grécia, Irlanda e em Portugal, Estados onde “a situação do mercado do trabalho se deteriorou mais fortemente”.
Segundo o órgão, a recessão desencorajou os trabalhadores a procurarem novos empregos, o que contribuiu para o aumento dos desempregados.
O relatório diz que a degradação do mercado de trabalho “de forma muito mais acentuada” e a crise fizeram com que aumentasse, nomeadamente, o desemprego dos jovens, das pessoas com baixas qualificações e dos trabalhadores temporários.
Face a esta realidade e às perspectivas de aumento do desemprego – prevê-se que o desemprego em Portugal possa atingir os 13% em 2013 -, o FMI aconselha, além da austeridade, que os países periféricos que receberam ajuda realizem reformas estruturais nas suas economias e nos seus mercados de trabalho.