Apresentado em Lisboa comitê internacional em defesa da liberdade de Lula

Foto Arquivo: Proteste do PT na Embaixada do Brasil em Lisboa.

Da Redação
Com Lusa

O Núcleo do Partido dos Trabalhadores (PT) em Lisboa e a associação Coletivo Andorinha apresentaram no dia 14 de junho na capital portuguesa, com o apoio de diversas entidades partidárias e não-partidárias, um “Comitê Internacional em Defesa de Lula Livre”.

“Os primeiros comitês surgiram no Brasil, por forma a desenvolver ações em defesa do nosso Presidente Lula [da Silva], e outros comitês se lhes seguiram, fora do Brasil, em vários países, [pelo que] aquele que hoje aqui lançamos integrará uma rede de comitês internacionais já em funcionamento com o mesmo objetivo”, explicou Evonês Santos, representante do Núcleo do PT, partido do ex-chefe de Estado brasileiro, na sessão organizada na Casa do Alentejo, em Lisboa.

Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente brasileiro entre 2003 e 2010, começou em abril a cumprir uma pena de 12 anos e um mês de prisão após ter sido condenado por corrupção no âmbito da operação Lava Jato, que revelou esquema de subornos em negócios envolvendo a petrolífera estatal Petrobras.

Condenado por ter recebido um apartamento como suborno no âmbito dessa rede de corrupção, Lula da Silva está encarcerado numa cela especialmente adaptada para ele na sede da Polícia Federal de Curitiba e é pré-candidato às presidenciais de outubro pelo PT, liderando até agora as pesquisas de intenção de voto.

“Quando o Coletivo Andorinha começou a reunir-se, há dois anos, a gente tinha uma preocupação muito grande em transformar a nossa angústia em algo produtivo, porque a gente primeiro começou a se encontrar para chorar, depois para falar, depois a gente bebia junto também, e aí a gente pensou ‘o que é que a gente está fazendo efetivamente que possa colaborar com o sucesso do Brasil?’”, disse a representante da associação Samara Azevedo.

A resposta encontrou-a o Coletivo Andorinha em ações como a criação deste comité internacional de apoio a Lula da Silva, porque “é esse tipo de ação que consegue furar a bolha mediática na qual o Brasil está imerso”, referiu.

“Através de ações que são desenvolvidas em outros países, muitas vezes com um número muito menor [de pessoas] que as ações desenvolvidas dentro do Brasil, a gente consegue forçar a que essas questões sejam levadas não só aos ‘media’ tradicionais, como a outros ‘media’, fazendo com que a nossa solidariedade não seja só olhar de longe e ficar preocupado com o que está acontecendo”, explicou.

Todas as entidades que apoiam o comitê apresentado – Bloco de Esquerda, PCP, Os Verdes, Partido Comunista Brasileiro (PCB), Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), CGTP-IN, JCP, Coletivo Vozes Importunas, Frente Antirracista, SOS Racismo, Fundação José Saramago e Casa do Alentejo – estão unidas em torno de três ideias: “Fora Temer!”, “Lula Livre!” e “Marielle Vive!”, enumerou Samara Azevedo.

“Estas três expressões são as expressões de luta, neste momento, no Brasil. Não tem como a gente falar de democracia no Brasil sem passar por estas três instâncias”, frisou.

“Quando a gente diz ‘Fora Temer!’, a gente não diz só ‘fora!’ a quem se apossou do poder no país por um golpe, a gente diz ‘fora o poder destinado a todas as redes econômicas que comandam o Brasil e que usam fantoches para defender apenas seus interesses políticos e que, muitas vezes, são também interesses de um ataque à soberania nacional do país”, de um ataque aos recursos do país, que não acontece só ali, mas em toda a América Latina, defendeu a representante do coletivo brasileiro.

Um desses ataques, que atingiu o legado de Lula da Silva, que atingiu todo o país, “foi a precarização do trabalho, com a desculpa da crise econômica: 35 milhões de pessoas fizeram greve no Brasil e isso não foi ouvido”, apontou.

Passando à segunda expressão de luta, Samara Azevedo referiu que “Lula foi preso sem provas, ele é parte de todo esse processo do golpe que teve um marco na deposição da Presidente Dilma Rousseff e em que agora o próximo passo é a criminalização da política de esquerda pelo mundo judicial, que também atende a interesses econômicos, que também atende aos seus próprios interesses [e] deixa livre quem faz delação premiada”.

Esse processo de criminalização política em curso no Brasil “é muito violento e não se limita apenas a prender protagonistas, é violento até ao ponto da morte, como se viu no caso de Marielle Franco”, indicou a representante do Coletivo Andorinha, referindo-se à vereadora carioca originária ela mesma de uma favela, a Maré, que foi assassinada a tiro há três meses no Rio de Janeiro, “por falar em nome de quem não tem voz” no país.

“Hoje passam 90 dias da morte de Marielle Franco, uma vereadora negra, nascida na comunidade, nascida na favela do Rio de Janeiro, que ousou entrar na política e representar os que não são ouvidos e são marginalizados no Rio de Janeiro, e há 90 dias que a gente não tem nenhuma notícia além de que a investigação ‘está correndo’”, comentou.

A cidadã brasileira sublinhou ainda ser preciso não esquecer o seguinte: “O estado do Rio de Janeiro, infelizmente como um ‘test drive’ do que nos espera, está sob intervenção federal, quem está encarregado da segurança são as Forças Armadas e, inclusive, a Marielle era representante de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que ia acompanhar esse processo de intervenção”.

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