Após morte de bebê, Papa diz que a ciência “tem limites a respeitar”

Foto: Vatican Radio

Da Redação
Com Lusa

O papa Francisco afirmou que a ciência “tem limites a respeitar” para bem da própria humanidade e que nem tudo é “aceitável eticamente”, numa declaração durante uma audiência com especialistas em medicina regenerativa.

O papa recebeu os participantes numa conferência internacional sobre medicina regenerativa convocada no Vaticano.

Perante os especialistas, Francisco defendeu que a ciência é “um meio potente para compreender melhor a natureza e a saúde humana”.

Segundo o papa, a Igreja elogia todo o esforço de investigação e a sua aplicação para curar pessoas que sofrem, mas lembrou que um dos princípios fundamentais é que “nem tudo o que é tecnicamente possível é eticamente aceitável”.

“A ciência, como qualquer outra atividade humana, sabe que tem limites a respeitar para bem da própria humanidade e necessita de um sentido de responsabilidade ética”, afirmou, citado pelas agências de notícias internacionais.

O papa Francisco defendeu ainda a necessidade de basear os cuidados de saúde “na exigência de pensar em todos, especialmente em quem vive com problemas sociais e culturais que tornam mais precária a sua saúde e o seu acesso a tratamento”.

A mensagem veio após a notícia sobre a morte do bebê britânico Alfie Evans, de 23 meses, que tinha uma doença neurológica degenerativa e cujos pais travaram uma batalha judicial para o tratarem na Itália.

Ele faleceu no dia 28, informou o seu pai, Tom Evans. Numa mensagem colocada na rede social Facebook, Tom Evans escreveu: “O meu gladiador ganhou seu escudo e as suas asas às 02.30 … absolutamente desconsolado.”

Os pais de Alfie tinham tentado, sem sucesso, que a justiça britânica os autorizasse a levar a criança para Itália.

A criança tinha uma condição neurológica degenerativa incurável e os médicos britânicos diziam que qualquer tratamento adicional era fútil, mas os pais pretendiam levar o bebé para um hospital em Itália, onde ele seria mantido em suporte de vida.

Todos os recursos interpostos separadamente pelos pais – que tinham apoio do papa e do Governo italiano – foram, declarou o juiz Andrew McFarlane, do Supremo Tribunal de Londres na última quarta-feira.

A batalha legal entre os pais de Alfie e os médicos, que durou meses, teve intervenções do papa Francisco e das autoridades italianas, que apoiaram as pretensões da família de que o filho recebesse tratamento num hospital do Vaticano, concedendo-lhe a cidadania italiana.

Os médicos que trataram Alfie no Hospital Pediátrico Alder Hey, em Liverpool, referiam que o bebê estava num “estado semivegetativo”, em resultado de uma doença degenerativa do cérebro que não conseguiram identificar com precisão, que a sua atividade cerebral é reduzida e que é inútil proceder a mais tratamentos.

Na segunda-feira passada, o Ministério dos Negócios Estrangeiros italiano anunciou ter concedido a Alfie a cidadania italiana para facilitar a sua chegada e transporte.

Ao abrigo da lei britânica, é comum os tribunais intervirem quando pais e médicos discordam quanto ao tratamento de uma criança doente.

Em tais casos, os direitos da criança têm primazia sobre o direito dos pais a decidir o que é melhor para os filhos.

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