Mundo Lusíada
Com Lusa
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, acusou Portugal e Espanha de formarem um “eixo contra Atenas” que tentou “derrubar o governo do Syriza” e fazer fracassar as negociações com o Eurogrupo sobre a dívida grega.
“Deparámo-nos com um eixo de poderes, liderado pelos governos de Espanha e de Portugal que, por motivos políticos óbvios, tentou levar a Grécia para o abismo durante todas as negociações”, disse Tsipras numa reunião do comitê central do seu partido, citado pela agência espanhola Europa Press.
“O seu plano era e é desgastar-nos, derrubar o nosso governo e levá-lo a uma rendição incondicional antes que o nosso trabalho comece a dar frutos e antes que o exemplo da Grécia afete outros países, principalmente antes das eleições em Espanha”, previstas para o final deste ano, acrescentou.
Numa entrevista publicada no jornal Expresso, o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, afirmou que Portugal esteve “alinhado com todos os outros 17 países da zona euro” e diz que “pode ter havido politicamente a intenção de criar” a ideia de que Portugal teria sido um dos países mais exigentes com Atenas, “mas ela não é verdadeira”.
Acordos
O Eurogrupo aprovou na terça-feira, numa reunião por teleconferência, a extensão do programa de assistência à Grécia por quatro meses. Também o Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou as medidas apresentadas pelo Governo grego na segunda-feira à noite, considerando que “cobrem os tópicos” relevantes, embora tenha destacado que a lista “não é muito específica”.
A câmara baixa do parlamento alemão aprovou em 26 de fevereiro por ampla maioria a extensão do programa de assistência financeira à Grécia por quatro meses. No dia 24, o Banco Central Europeu também aprovou as medidas propostas pela Grécia, considerando que são “um ponto de partida válido” para o processo de revisão, mas coloca algumas reservas.
Numa carta enviada pelo presidente do BCE ao presidente do Eurogrupo, Mario Draghi afirma que o documento entregue por Atenas, numa primeira leitura, “cobre um vasto leque de áreas de reforma”, pelo que “é suficientemente abrangente para ser um ponto de partida válida para a conclusão bem sucedida da revisão”.
No entanto, o responsável máximo do BCE sublinha que as bases para a conclusão da atual revisão e de futuros compromissos são “o atual Memorando de Entendimento e o Memorando de Políticas Económicas e Financeiras”, chamando a atenção para o facto das medidas propostas agora por Atenas serem “diferentes do atual programa de compromissos em várias áreas”.
“Nesses casos, vamos ter de analisar, durante a revisão, quais são as medidas que não são aceites pelas autoridades e que são substituídas por medidas de igual ou melhor qualidade, para que se atinjam os objetivos do programa”, avisa Mario Draghi.
Em Portugal, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, manifestou-se satisfeito pelo acordo alcançado entre a Grécia e o Eurogrupo, considerando que se desbloqueou um problema. “Fiquei satisfeito por se ter desbloqueado um problema e por estarmos agora a conversar para resolver o problema que existe, não direi mais nada”, declarou.