Após final da Liga dos Campeões, “inaceitável” Liga portuguesa sem público

Mundo Lusíada

O Vitória de Guimarães, da I Liga portuguesa de futebol, afirmou nesta segunda-feira que “deixou de ser admissível” a ausência de público de eventos desportivos após a final da Liga dos Campeões, realizada no sábado, no Porto.

Os jogos de futebol em Portugal decorreram quase todos à porta fechada desde março de 2020, quando o novo coronavírus se disseminou no país, mas o Estádio do Dragão abriu as portas para receber 14.110 adeptos de Manchester City e de Chelsea, para uma final que os londrinos venceram por 1-0, e o clube de Guimarães defende que, a partir de agora, é inaceitável os jogos realizarem-se sem público.

“A partir do momento em que um dos mais importantes recintos desportivos nacionais registra, com inegável sucesso, uma taxa de ocupação tão relevante, deixou de ser admissível a ausência de público de qualquer espetáculo ou evento desportivo realizado em Portugal”, lê-se no comunicado publicado pelos vitorianos.

O emblema minhoto refere ainda que as “imagens” exibidas “ao longo dos últimos dias”, referentes a adeptos dos dois clubes ingleses nas ruas do Porto, em desrespeito pelas regras sanitárias de combate à pandemia de covid-19, são “insultuosas para os portugueses em geral e para os adeptos do futebol e do desporto em particular”, depois de “mais de um ano” de “sacrifício coletivo”.

Por causa do “sentimento de profundo embaraço perante uma organização tão incapaz” relativamente à presença dos adeptos nas ruas e da “quebra de confiança entre os cidadãos e as instituições” que daí resulta, o Vitória de Guimarães afirmou querer ser esclarecido quanto ao regresso dos adeptos portugueses aos estádios.

O clube presidido por Miguel Pinto Lisboa confirmou ter pedido à Liga Portuguesa de Futebol Profissional, à Federação Portuguesa de Futebol e à Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto informações sobre as “percentagens de ocupação” que serão permitidas em 2021/22, tanto nos “estádios de futebol e demais eventos ao ar livre”, como “nos pavilhões e outros recintos”.

“Não é entendível, depois dos sinais dos últimos dias, que a mensagem das instituições seja de portas fechadas em cima de portas fechadas, colocando sobre a condição do adepto português uma montanha de preconceitos e de proibições que contrasta com tudo aquilo a que assistimos no âmbito da final da ‘Champions League'”, conclui a nota do clube divulgada pela Lusa.

Governos

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira defendeu que o que se passou em Lisboa, com os festejos da conquista do título pelo Sporting, não é comparável nem se repetiu no Porto, onde se realizou a final da Liga dos Campeões de futebol.

Confrontado pelos jornalistas após a reunião pública da Câmara Municipal do Porto (CMP), com declarações que proferiu dizendo que no Porto não se repetiria o que se passou em Lisboa nas celebrações da conquista do campeonato português de futebol, o autarca rejeitou comparações.

“E não se repetiu [o que se passou em Lisboa]. Em primeiro lugar, em Lisboa não houve uma final, não houve um evento desportivo, não houve criação de riqueza, e houve uma carga policial que eu vi, que os senhores viram e que aqui [no Porto] não vi. Portanto, não vi nenhuma utilidade naquilo”, respondeu Rui Moreira.

O autarca lembrou que Portugal “tem as fronteiras abertas” e que há muitos turistas britânicos que “são livres de virem” para o país, nomeadamente para assistirem à final da Liga dos Campeões, ou para verem o jogo na Avenida dos Aliados, como aconteceu no sábado no Porto, ou para irem à praia da Oura (Albufeira) ou até ao Bairro Alto (Lisboa).

Já o primeiro-ministro, António Costa, pediu que não se confundam torcedores com turistas. Não se pode confundir, disse António Costa, os 12.000 adeptos dos clubes, número acordado com a UEFA, “com os turistas que vêm” a Portugal, incluindo do Reino Unido, porque “são situações distintas”.

“Quando foram fixadas as regras ainda não estavam abertas as fronteiras”, Portugal “não estava na lista verde do Reino Unido”, e o que foi acordado é que os 12 mil adeptos viajariam “em bolha”, acrescentou. E segundo os números do primeiro-ministro, “9.000 pessoas, 80% vieram nessas condições”, havendo mais de 2.000 fora dessas condições.

A final da Liga dos Campeões, entre Manchester City e Chelsea, decorreu no Porto, no sábado, num jogo com a presença de adeptos ingleses, que durante os últimos dias estiveram aglomerados no centro da cidade, a maioria sem cumprir as regras ditadas pela pandemia de covid-19, como o uso de máscara e o distanciamento físico.

A Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte aconselhou no domingo vigilância e redução de contatos nos próximos 14 dias a quem frequentou no sábado, no Porto, locais relacionados com a final da Liga dos Campeões, em futebol.

No sábado, após o final do jogo que o Chelsea venceu por 1-0 ao Manchester City, dois adeptos ingleses foram detidos pela PSP após terem agredido agentes policiais, o que fez com que um dos polícias tivesse de ser suturado no rosto no Hospital Santo António.

Após a partida, cerca de 50 aviões com adeptos das duas equipas partiram do aeroporto Sá Carneiro rumo a Londres e a Manchester.

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