Da Redação
Com LUSA
O incêndio que deflagrou no sábado em Vila de Rei, distrito de Castelo Branco, e que se propagou ao concelho de Mação, já em Santarém, foi dominado nesta terça-feira, anunciou a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
A informação foi avançada aos jornalistas pelo comandante do Agrupamento Distrital do Centro Sul, Luís Belo Costa, durante um ponto de situação, às 13:00, no posto de comando instalado na Escola Secundária da Sertã.
Apesar de um quadro favorável na manhã para o combate às chamas, Belo Costa recordou que, tal como nos dias anteriores, a tarde avizinha-se complicada, com o aumento da temperatura e do vento e a redução da umidade relativa.
“É contra essa ameaça que vamos trabalhar toda esta manhã”, disse o comandante, que falava aos jornalistas na Escola Secundária da Sertã.
Os pontos quentes do incêndio, que não chegou a entrar no concelho de Proença-a-Nova, situam-se na zona a norte da freguesia de Cardigos, concelho de Mação, abrangendo também uma parte do concelho de Vila de Rei.
Para além do trabalho para dominar a frente quente, Belo Costa salientou que durante a manhã também será feito “um trabalho de retaguarda” com pré-posicionamento de forças com “potência própria para evacuações”, nomeadamente a GNR, Cruz Vermelha e INEM, em coordenação com a Segurança Social, caso seja necessário efetuar algum realojamento.
Caso as condições se agravem e os operacionais não consigam, em tempo útil, dominar os 10% que faltam de perímetro de incêndio poderão surgir “situações menos agradáveis”, o que justifica o trabalho de retaguarda, explicou.
Segundo Paula Neto, do INEM, o número de feridos mantém-se o mesmo desde a última conferência de imprensa, na segunda-feira às 20:00, com 16 feridos, um deles grave, num total de 39 pessoas assistidas.
O presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, falou na segunda-feira com António Costa ao telefone tendo “reiterado a disponibilidade da UE de aumentar a ajuda, se for necessário e pedido”, para combater os fogos florestais em Portugal, tendo ainda manifestado “total solidariedade”.
Viseu
O reacendimento de segunda-feira do incêndio que deflagrou no domingo na freguesia de Beselga, concelho de Penedono, foi dominado às 04:07 deste dia 23, disse à Lusa uma fonte da proteção civil.
De acordo com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEP), o fogo teve início às 17:49 de domingo, foi dominado às 02:45 de segunda-feira, mas voltou a reacender. Às 06:30 de hoje estavam no local 231 operacionais, com o apoio de 66 veículos.
Na segunda-feira, o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Viseu tinha anunciado a existência de dois feridos, dois bombeiros que sofreram ferimentos ligeiros.
Ainda no distrito de Viseu, está também dominado o incêndio em Penalva do Castelo, que teve início às 17:26 de segunda-feira, em Antas e Miuzela.
“Apesar de dominado, vai ser ainda necessário efetuar um longo trabalho de consolidação e de rescaldo em todo o perímetro do incêndio”, explicou fonte do CDOS de Viseu, contactada pelas 04:00.
Às 06:30 estavam no local 121 operacionais, com o auxílio de 35 veículos.
Vários incêndios deflagraram no distrito de Castelo Branco ao início da tarde de sábado. Dois com origem na Sertã e um em Vila de Rei assumiram maiores dimensões, agora já dominado.
Pasto de chamas
O presidente da Cáritas Diocesana de Portalegre e Castelo Branco disse que o território do interior desertificado não pode continuar a ser ignorado e a ser pasto de chamas, de abandono e de desumanização.
Em comunicado publicado pela Cáritas Diocesana de Portalegre e Castelo Branco, Elicídio Bilé defende que, em período pré-eleitoral, “é necessário que a sociedade humana e os partidos políticos mudem de paradigma e ouçam os lamentos vindos de todo o lado, sobretudo dos autarcas e das corporações de bombeiros (…)”.
O presidente da Cáritas Diocesana recorda que, ainda não cicatrizadas as feridas que os incêndios de 2017 abriram, e as mesmas populações, paróquias, autarquias e corporações de bombeiros estão de novo confrontados com o flagelo do território ardido, das habitações e dos bens patrimoniais destruídos, com a voragem das chamas e com a angústia das comunidades.
“Ouve-se o clamor de quem, repetidamente, vive rodeado de desolação, de paisagem queimada, de ar irrespirável. No ar ficam as perguntas de sempre, formuladas todos os anos: Porquê? Quem não aprendeu ou não quer aprender com a história recente? Porque se legisla para punir os poucos agricultores e as resilientes populações e não se põe em prática o manancial de legislação que pode contribuir para combater e evitar o flagelo dos fogos florestais?”, questiona.
Elicídio Bilé defende que é necessário que todos estejam empenhados na coesão territorial, como grande objetivo para o desenvolvimento humano, harmonioso, integral e feliz.
“Ainda é muito cedo para fazer um balanço exaustivo do que está, mais uma vez, a acontecer no território da Diocese de Portalegre e Castelo Branco em matéria de fogos florestais”, conclui.
Vários incêndios deflagraram no distrito de Castelo Branco ao início da tarde de sábado. Dois com origem na Sertã e um em Vila de Rei assumiram maiores dimensões, está agora dominado.