Mundo Lusíada
A Web Summit está promovendo internacionalmente aplicativos de várias partes do mundo e para todos os gostos. Várias dezenas de projetos 100% made in Portugal estão em destaque e podem ser muito úteis no dia-a-dia.
O evento é um dos maiores no mundo na área das novas tecnologias e o maior da área realizado em Portugal. 53 mil participantes, de 167 países e mais de 20 mil empresas, estão até esta quinta-feira em Lisboa, “a capital mundial do empreendedorismo”, como disse o primeiro-ministro.
Nesta quinta também o presidente Marcelo Rebelo de Sousa visitou o evento e defendeu que esta “é uma oportunidade única para pôr o mundo cá e colocar Portugal no mundo”, argumentando que não há nada como a tecnologia para aproximar as pessoas”.
Mundo Pet
Criada por dois veterinários, a ‘startup’ portuguesa Petable conta com mais de 40.000 utilizadores e em 2017 vai apostar nos Estados Unidos e no Brasil. Atualmente, a empresa fatura entre 5.000/6.000 euros de receitas por mês, crescendo entre 15% a 20% todos os meses.
“A Petable é uma aplicação para donos de animais de estimação baseada em medicina preventiva que ajuda os donos a cuidar o melhor possível” dos seus ‘bichinhos’, explicou à Lusa Inês Viegas, fundadora e administradora operacional da Petable, que junto com Bruno Farinha, presidente executivo da empresa, dois veterinários, criou a partir da necessidade de melhor comunicação com os donos dos pets.
O serviço tem um portal de médicos veterinários que, mediante o pagamento a parte, podem ser contactados. O serviço disponível aos donos é gratuito e permite receberem um lembrete das datas das vacinas, consultas, desparasitações, por exemplo. “Temos um sistema de apoio aos donos para doenças crônicas como diabetes, problemas cardíacos ou obesidade”, adiantou.
A Petable existe há ano e meio e está disponível em português, inglês e espanhol, sendo que em dezembro estará disponível uma nova versão do serviço. Os utilizadores são fundamentalmente portugueses, embora esteja a existir “algum desenvolvimento orgânico no Brasil”, mercado que a Petable vai explorar, embora “o próximo passo seja os Estados Unidos”.
Médico a domicílio
Uma má experiência no atendimento do filho num hospital levou José António Bastos a criar uma aplicação que permite chamar médicos em casa. Onze meses depois a empresa assinou, durante a Web Summit, um contrato de 350 mil euros. A sua experiência como neto também foi determinante para incentivar a criação da empresa: a avó tinha problemas extremos de mobilidade e não conseguia ter médicos especialistas a irem até sua casa.
A aplicação criada pela Knok Healthcare permite que os doentes chamem médicos para serviços de medicina primária, nas áreas de medicina geral e familiar, pediatria e medicina interna. “O objetivo é um serviço de saúde de grande qualidade, onde os médicos vão ao encontro das pessoas que os chamam”, por um valor de 49 euros.
Lançada em 04 de dezembro de 2015, e com a primeira consulta realizada dois dias depois, a aplicação conta atualmente com 120 clínicos, selecionados através de três fases: verificação das habilitações, reunião clínica e uma avaliação de natureza humana para perceber se o candidato se identifica com os ideais da empresa.
Nos primeiros onze meses, José António Bastos constatou que os clientes são de três tipos: crianças, e são os pais que chamam, idosos a cargo de terceiros ou que vivem sozinhos, e normalmente são os filhos ou os netos que chamam, e adultos para eles próprios. Os médicos inscritos indicam na sua parte da aplicação se estão ou não disponíveis, o que fica visível aos utilizadores.
A aplicação já teve mais de 4.000 downloads, sem qualquer publicidade, e o negócio está a crescer 14% à semana.
Saúde
Ainda na área da saúde, uma plataforma de apoio a doentes, que partilha ideias de outros doentes, já tem disponíveis mais de 650 soluções do mundo inteiro. A “Patient Innovation”, com a “ideia mãe” portuguesa, objetiva criar uma rede social que ligue pacientes e possibilite a partilha de soluções, tratamentos, dispositivos e outro conhecimento relevante.
“Já ajudamos um menino de sete anos (o Nuno) a ter uma prótese, uma mão e um braço, impressos em 3D por apenas 18 euros”, (que por ser uma criança a crescer é temporária e por isso a vantagem de ser barata), explicou à Lusa a médica e professora Helena Canhão, a responsável médica da equipe. Segundo Helena Canhão, quem desenvolve uma solução para melhorar a vida de um doente crônico não a divulga, essa é a ideia da app.
Também a saúde mental esteve presente no Web Summit, com um aparelho de poucos centímetros que pode analisar a atividade cerebral. “A ideia é ajudar a saúde mental, monitorizando e treinando a atividade cerebral”, explica um dos seus criadores, Ricardo Gil da Costa. O aparelho, que se conecta com um telemóvel ou um tablet, pode ajudar em doenças como Parkinson ou Alzheimer, entre outras.
Ricardo propõe um pequeno aparelho, que se põe na testa, e que se faz tudo isso em casa, que é acessível a qualquer bolsa e que pode medir aspectos como a atenção ou a memória. E de uma forma lúdica, até com jogos, permitindo que os resultados sejam enviados ao médico.
Os melhores
Ao longo dos últimos dois dias, 200 ‘startups’ (empresas em início de atividade) batalharam intensivamente pelo prêmio na Web Summit, mas apenas três – a Kubo Robot, da Dinamarca, a Soilitron, de Chipre, e a PapayaPods, da Suíça – foram as candidatas.
A portuguesa Portugal Ventures, cuja missão é promover o ecossistema nacional de ‘startups’, atribui 100 mil euros de financiamento de capital de risco em fase inicial através de facilidade de crédito convertível para o vencedor.
Aproveitando a onda do evento, a tecnológica portuguesa Aptoide, a terceira maior App Store do mundo com 100 milhões de utilizadores, criou o aplicativo Aptoide App Awards, para premiar o talento português entre apps para Android. A Hole19 – dedicada aos amantes de golfe – e a Racoon Escape, na categoria de jogos, foram consideradas as melhores. A Storyo, voltada a fotografia, foi eleita como a segunda melhor app portuguesa.