Aplicativo contabiliza e mapeia o lixo marinho nas praias portuguesas

Da Redação

Sensibilizar a população para o combate ao lixo marinho, contribuindo para a preservação dos oceanos, e alertar as entidades competentes para a urgência na adoção de medidas que permitam mitigar este grave problema ambiental global é o principal objetivo da plataforma lixomarinho.app, lançada em formato de aplicativo.

O projeto de ciência-cidadã é promovido por pesquisadores do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em parceria com a Associação Portuguesa do Lixo Marinho (APLM).

Também disponível no facebook e instagram, a plataforma permite a contagem simples e mapeamento de lixo marinho em praias da costa portuguesa, nomeadamente em eventos de limpeza dos areais, visando funcionar como observatório nacional de lixo marinho.

Atualmente existem muitas iniciativas de limpeza de praias em Portugal, “no entanto, é necessário compilar de forma simples e organizada todos os dados que se estão a produzir, para que possamos informar outros atores da sociedade e decisores políticos sobre os níveis de poluição, com o objetivo de sensibilizar e reduzir as emissões de lixo marinho para o ambiente, isto é, promover alterações efetivas nos níveis de poluição na nossa costa”, afirma Filipa Bessa, pesquisadora e coordenadora da plataforma.

Qualquer pessoa pode participar, “quer em tempo real na praia ou, mais tarde, através do registro no Site da plataforma, onde é possível efetuar as contagens das suas recolhas de lixo marinho”, refere a investigadora, clarificando que existem duas tipologias de contagens – uma simples e outra de caráter científico.

A contagem simples, composta por 20 itens – representando os materiais e resíduos que mais se registram nas praias de Portugal –, indicará as tendências dos tipos de lixo ao longo do tempo. A contagem científica, dirigida a pesquisadores/técnicos especializados, inclui uma lista mais alargada de tipos de lixo marinho e poderá ser útil às entidades responsáveis pelas monitorizações portuguesas e internacionais deste tipo de poluição.

Esta contagem do lixo marinho por categorias permite produzir uma plataforma alargada, de acesso livre de dados, sobre a ocorrência de lixo marinho na costa portuguesa. “Esses dados estarão disponíveis para todos os utilizadores registrados de forma gratuita (cidadãos, organizações não governamentais, empresas, organizações estatais, nacionais, regionais e internacionais) que queiram colaborar conosco, contribuindo para a redução e mitigação do lixo marinho”, salienta Filipa Bessa.

É considerado lixo marinho qualquer material sólido, persistente, manufaturado ou processado, que é eliminado, abandonado ou perdido no ambiente marinho e costeiro. Apesar deste tipo de lixo incluir uma vasta gama de materiais, entre os quais metal, madeira, borracha, plástico, vidro e papel, vários estudos indicam que mais de 80% dos materiais identificados são plásticos de vários tamanhos e formas.

“Devido a sua dificuldade de degradação no ambiente, os plásticos têm sido identificados como um dos maiores problemas ambientais globais dos nossos tempos, resultando do excesso de consumo destes materiais e de algumas falhas na gestão destes resíduos. Sabe-se que, em média, cerca de 8 milhões de toneladas de lixo terminam nos oceanos e as tendências indicam um aumento destas projeções”, alerta a coordenadora da plataforma lixo marinho.

Existem registros de lixo marinho, particularmente plásticos de vários tamanhos, em praticamente todos os ambientes do planeta (rios, lagos, oceanos, praias, solos, gelo e até no ar), “com vários impactos adversos para a fauna e flora, bem como em termos sociais e econômicos para o Homem”, conclui.

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