Apenas 15% das publicações científicas no mundo são assinadas em português e espanhol

Da Redação

O português e o espanhol são línguas globais atualmente faladas por 850 milhões de pessoas no mundo. Estima-se que em 2050, serão 754 milhões de falantes de espanhol e 390 milhões de português.

Mas, para que o espanhol e o português continuem a estar entre as línguas com maior expressão mundial, os países ibero-americanos precisam assumir um compromisso de investir em educação e na inclusão digital.

O alerta foi feito na última quarta-feira (16) pela diretora geral de Bilinguismo e Difusão da Língua Portuguesa da Secretaria geral da Organização de Estados Ibero-Americanos, Ana Paula Laborinho, durante lançamento do site “Línguas em Números”, na 2ª Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola (CILPE 2022), desenvolvido em Brasília do 16 a 18 de fevereiro e de forma virtual no Youtube.

O site traça um ranking de como as duas línguas estão distribuídas pelo mundo levando em consideração, não apenas o número de pessoas que falam os idiomas, mas também fatores considerados mais relevantes no mundo atual, como: a presença dos idiomas na internet, redes sociais, etc., o número de artigos científicos e produção cultural, e até a quantidade de recursos naturais de cada país.

Dados do Instituto Elcano apontam a evolução da quantidade de publicações cientificas no WOS, desenvolvidas em países latino americanos.

Segundo o levantamento, as línguas mais usadas em pesquisas são Inglês — com mais de 153 mil estudos assinados; seguido do Espanhol, com 17 mil estudos; e Português — que tem pouco mais de 11 mil. Porém, diante da forte transformação digital no planeta, acelerada pelas mudanças promovidas pela pandemia, será necessário um esforço conjunto, para que esses idiomas continuem a ser globais.

“Ainda temos muito caminho a percorrer porque se não estivermos fortes na tecnologia, na inovação e ciência, se não implementarmos os pilares da CPLP, se não tivermos essa presença digital, mais qualificação nos cidadãos dessas línguas, podemos ter um grande número de falantes, mas não conseguiremos ser uma língua global”, alerta a diretora da OEI.

Com relação a recursos naturais, Laborinho explica que a quantidade de reservas de água doce, energias renováveis, por exemplo, são fatores fundamentais que sempre estiveram presentes e que serão ainda mais fortes no futuro. “Já está comprovada a relação direta entre as rotas comerciais e as rotas das línguas”, explica.

O site “Línguas em Números” ranqueia inglês, espanhol e português como as três línguas mais relevantes neste sentido. O site também mapeia quais são as línguas mais utilizadas na web: espanhol está em 3º, e, português, em 5º.

“O ensino de português está crescendo na China por causa do interesse deles nos recursos naturais de países da África, então, essa relação com a geopolítica, com a geoestratégia e com a economia são fatores muito fortes. Curiosamente, as empresas que melhor entendem essa questão, são as que mais se desenvolvem”, comenta.

“Quando juntamos português e espanhol, que são línguas em locais com problemas e desafios semelhantes, nós ganhamos força e essa força se reproduz na importância que esses países podem ter e se reflete diretamente nos cidadãos dessas comunidades linguísticas”, explica Laborinho.

A Organização de Estados Ibero-Americanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI) é a primeira organização de cooperação intergovernamental na região Ibero-Americana. Desde 1949, vem trabalhando para promover a cooperação em seus três campos de ação. Atualmente, a OEI tem 23 Estados-membros e 18 escritórios nacionais, além de sua Secretaria Geral em Madri.

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