Da Redação
O Diretor-geral da Organização Internacional para Migrações, António Vitorino, participou em evento sobre migrações e jovens na sede da ONU, em Nova Iorque, e defendeu a “relação umbilical” das migrações com a juventude, tanto na perspectiva dos países de origem, como na perspectiva dos países de acolhimento.
Para o chefe da OIM, só mobilizando a juventude dos países de destino se conseguirá garantir sociedades tolerantes, abertas, plurais, onde há diálogo. E abordou ainda a importância dos jovens na tomada de decisão no futuro em relação a questões da migração.
António Vitorino explicou que o “diálogo serve para olhar para as migrações na perspectiva dos jovens” e perceber “o que os jovens esperam das migrações e, sobretudo, que espécie de sociedade estamos a preparar para eles viverem.”
“Achamos que as migrações têm uma ligação umbilical com a juventude. Quer na perspectiva dos países de origem, isto é, quem migra normalmente são jovens, quer na perspectiva dos países de acolhimento, porque é preciso mobilizar a juventude dos países de destino para garantir que continuaremos a viver em sociedades tolerantes, abertas, plurais, onde há diálogo, onde há convívio, entre diferentes origens étnicas, religiosas, rácicas, de orientação sexual.”
O evento na ONU é o primeiro de dois diálogos que acontecem este ano com foco no envolvimento dos jovens como parceiros nesta área. Dos 258 milhões de migrantes em todo o mundo, cerca de 11% tinha entre 15 e 24 anos em 2017.
“No mundo inteiro existem cerca de quase 2 mil milhões de pessoas entre os 10 e os 24 anos de idade. Esta será a geração que tem de ganhar força, coragem e decisão para tomar conta dos destinos coletivos, sejam eles oriundos de países de origem de migração, sejam eles de países de destino. Portanto, este diálogo é também, desse ponto de vista, intergeracional, na perspectiva de preparar o empoderamento das novas gerações.”
Segundo as Nações Unidas, o evento serve para promover melhores práticas e recomendações em todas as áreas relevantes, incluindo o envolvimento de jovens nos processos de formulação de políticas, adaptação e resiliência entre jovens migrantes, capacitação de jovens como agentes de integração e atores do desenvolvimento.
A organização diz que o objetivo é “explorar os esforços para mudar a narrativa tóxica atual e o discurso de ódio contra migrantes, particularmente jovens migrantes que são alvos frequentes através de mídias sociais.”
Aumento
Além de António Vitorino, participou também a presidente da Assembleia Geral, María Fernanda Espinosa. A representante afirmou que os “jovens estão se movendo mais do que nunca.”
Espinosa destacou que, desde o ano 2000, cerca de 60 mil jovens morreram durante as suas travessias. Muitos outros milhares foram vítimas de tráfico humano. Segundo ela, estas pessoas enfrentam com frequência “condições precárias, são vítimas de exploração laboral e não contam com proteção social.”
A presidente da Assembleia Geral também mencionou alguns pontos positivos. Segundo ela, os jovens, “com seu engenho, criatividade e dinamismo, integram-se mais rapidamente em novas sociedades e unem as comunidades.”
A representante acredita que “eles têm um papel preponderante para favorecer o diálogo intercultural e compreensão mútua” e “são atores importantes para consolidar sociedades pacíficas e inclusivas.”
Espinosa destacou também os cerca de 4,3 milhões de jovens que estudam em universidades estrangeiras. Ela acredita que “assim como muitos outros, estes jovens emigram levando seus conhecimentos e capacidades” e “todos eles enriquecem as sociedades de acolhimento.”
A enviada especial do secretário-geral para a juventude, Jayathma Wickramanayake, foi outra das participantes no evento.
A enviada participou num diálogo com o ministro dos Assuntos da Juventude da Serra Leoa, Mohamed Bangura, o vice-ministro para a Mobilidade Humana do Equador, Santiago Javier Chavez Pareja, e a enviada para a Juventude da União Africana, Aya Chebbi.