Antonio Guterres: o maior êxodo na África dos últimos 23 anos

Da Redação
Com Lusa

O secretário-geral da ONU declarou que África vive o maior êxodo desde o genocídio no Ruanda, há 23 anos, e pediu à comunidade internacional que reúna esforços para acabar com o conflito no Sudão do Sul.

“Vi o maior êxodo em África desde o genocídio no Ruanda [em 1994]”, lamentou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, durante a abertura da cimeira de Solidariedade com os Refugiados que se assinala em Kampala, capital do Uganda, depois de ter visitado alguns campos de refugiados que acolhem milhares de sul-sudaneses.

António Guterres recordou que visitou a mesma zona após a independência do Sudão do Sul em 2011, quando os refugiados se mostravam esperançados com o futuro do seu “novo país”.

No entanto, o secretário-geral da ONU lamentou que a situação tenha piorado desde que estalou a violência em dezembro de 2013, já que desde então mais 1,8 milhões de pessoas fugiram para os países vizinhos.

“Temos de juntar esforços para acabar com a guerra no Sudão do Sul e criar as condições necessárias para que o país esteja unido, estável e em paz”, salientou.

Nesse sentido, António Guterres elogiou as políticas realizadas no Uganda, cuja população de refugiados passou no último ano de 500.000 para mais de 1,25 milhões de pessoas.

“O Uganda continua a ser um símbolo de integridade e de proteção dos refugiados que, desafortunadamente, não é respeitado no resto do mundo”, disse, criticando o sofrimento das pessoas noutros países.

Segundo o secretário-geral da ONU, no Uganda os refugiados vivem com dignidade porque têm acesso a educação ou saúde, como o resto dos cidadãos.

Perante a situação “extremamente desafiante”, António Guterres pediu o apoio da comunidade internacional para o Uganda, que recebeu no ano passado o maior número de novos refugiados em todo o mundo.

“O Uganda necessita de ajuda internacional”, assinalou, salientando que “muitos refugiados estão a dormir no chão devido à falta de camas e o Programa Alimentar Mundial não tem recursos suficientes para proporcionar alimentos que garantam a saúde, especialmente das crianças”.

“Não é uma questão de solidariedade, mas sim de justiça”, insistiu, lembrando que a proteção dos refugiados é “uma responsabilidade de todos”.

A ONU espera que este encontro ao mais alto nível (que reúne líderes de todo o mundo) permita mobilizar 2.000 milhões de dólares para atender às necessidades humanitárias dos refugiados e apoiar as comunidades que nos últimos anos têm acolhido refugiados.

O conflito no Sudão do Sul começou em dezembro de 2013 entre o presidente Salva Kiir e o líder da oposição Riek Machar.

Apesar destes terem chegado a acordo em agosto de 2015, o conflito foi retomado em julho de 2016 e desde então a violência tem aumentado.

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