Da Redação
Com agencias
O novo secretário-geral da ONU, António Guterres, iniciou terça-feira seu primeiro dia de trabalho na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Em mensagem divulgada logo após assumir o cargo, neste 1º de janeiro, Guterres fez um apelo global à paz. Ele pediu a todas as pessoas que promovam a paz e ressaltou a importância de a comunidade internacional ajudar milhões vítimas de conflitos.
“Nestas guerras não há vencedores; todos perdem. Gastam-se bilhões de dólares na destruição de sociedades e economias, alimentando ciclos de desconfiança e medo que podem perpetuar-se por gerações. Várias regiões do planeta estão inteiramente desestabilizadas e um novo fenômeno de terrorismo global ameaça-nos a todos.”
Já na quarta-feira, o novo secretário-geral da ONU conversou por telefone com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
Falando a jornalistas, porta-voz de Guterres, Farhan Haq, afirmou que foi uma ligação inicial onde eles mantiveram um diálogo positivo sobre as relações entre as Nações Unidas e os Estados Unidos.
Segundo o porta-voz, Guterres e Trump discutiram “várias opções de participação e cooperação entre a ONU e os Estados Unidos”.
Haq disse ainda que o secretário-geral espera um contato maior com o presidente eleito americano depois de sua posse, em 20 de janeiro.
António Manuel de Oliveira Guterres nasceu em Lisboa em 30 de abril de 1949. Ele foi deputado da Assembleia da República, presidente da Assembleia Municipal do Fundão, atuou em política europeia e, em 1995, tornou-se primeiro-ministro de Portugal.
Em 2005, Guterres foi nomeado alto comissário da ONU para Refugiados, cargo que ocupou até 2015.
Em outubro, o Conselho de Segurança das Nações Unidas realizou uma votação formal e, por aclamação, recomendou Guterres ao cargo de novo secretário-geral da ONU. Seu nome foi confirmado pela Assembleia Geral uma semana depois. Guterres prestou juramento no posto em 12 de dezembro.
Dentre suas primeiras decisões no cargo está a escolha de três mulheres para fazer parte do alto escalão de seu gabinete, são elas: a diplomata brasileira Maria Luiza Ribeiro Viotti, para o cargo de chefe de gabinete. Como vice-secretária-geral da ONU, o segundo posto mais importante da organização, Guterres nomeou Amina Mohammed, que era, até agora, ministra do Meio Ambiente da Nigéria. Como conselheira especial sobre política, o novo chefe da ONU terá a sul-coreana Kyung-wha Kang, atual chefe da equipe de transição de António Guterres.
Presidente de Portugal entusiasmado
O novo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, pertencem à mesma geração de políticos e são amigos desde a juventude.
Numa entrevista à ONU News, em Nova Iorque, Rebelo de Sousa lembrou dos tempos que iam juntos à igreja, que se encontravam em ações sociais em bairros carentes de Lisboa, e contou que Guterres sempre foi um “líder em causas sociais”.
Mas apesar dessas coincidências, os dois amigos adotaram lados opostos na política portuguesa após 1974. Guterres no Partido Socialista, PS, e Rebelo de Sousa no Partido Social Democrata, PSD.
“Tínhamos divergências mas o país estava em primeiro lugar”, disse o agora presidente de Portugal. Ele tornou-se líder da oposição durante o governo de Guterres como primeiro-ministro.
Ao comparecer à cerimônia de juramento de António Guterres na ONU, Marcelo contou que se emocionou ao “ver um amigo de juventude chegar onde chegou”.
Também falou o primeiro-ministro de Portugal. Segundo Antonio Costa, quanto mais desafios enfrentar à frente das Nações Unidas, mais Guterres deverá crescer na sua capacidade de resolução de conflitos.
Para António Costa, Guterres “saberá bater-se” pelos princípios da organização de paz e segurança, desenvolvimento sustentável e direitos humanos. O alcance do posto mais alto da ONU é para Costa o “culminar de uma luta muito longa”.