PS agora mais perto da Social Democracia europeia?
Uma direita não assumida e uma esquerda dividia possibilitou a victória do PS que agora recebe a oportunidade de se tornar mais centro! As sondagens falharam, mas certamente ajudaram no sentido do voto útil! A traição dos partidos à esquerda de Costa, com posições ideológicas que seriam mais de enquadrar em contexto chinês, receberam o fruto do que semearam!!!
Por António da Cunha Duarte Justo
António Costa, pediu a maioria absoluta para conseguir estabilidade e os eleitores responderam que sim, apesar dos prognósticos eleitorais; Costa agora encontra-se livre de uma extrema esquerda que o obrigava a radicalizar-se, mas terá uma extrema direita (Chega) que o não deixará descansar nos Média. Costa venceu com a maioria absoluta 42% dos sufrágios eleitorais – foram tantos os votantes no PS como as abstenções nas eleições:42%. Rio foi castigado por querer um Portugal centrista. Certamente deixará de conduzir o PSD para possibilitar ao partido mais manobra de jogo. António Costa está de parabéns porque poderá reinar até 2026; conseguiu castigar a extrema esquerda (BE e PCP) e acabar com os sonhos da Geringonça que se julgava tornar-se num modelo de governo: (Bloco de Esquerda – antes tinha 19 deputados e agora tem 5, a CDU (PCP+PEV) antes tinha 12 e agora 6)); com a victória do PS, Costa consegue uma deslocação da esquerda mais no sentido do centro.
A victória poderá explicar-se pelo facto de Costa na Pandemia ter respondido às espectativas de grande parte da população (70% ansiava por estabilidade política), ao indirecto apoio do PR e porque tínhamos uma direita constituída de partidos concorrentes e uma esquerda PS centrista atraiçoada pelos velhos parceiros da Geringonça.
O Chega com os seus 7% ocupa um bom lugar na discussão parlamentar se pensarmos que de um deputado passa a ter 12… A demasiada presença do BE na opinião pública assustou muita gente! A victória do Chega deve-se sobretudo ao descontentamento geral em questões de política de ensino e cultura, bem como à corrupção e ao nepotismo na distribuição de lugares na administração e em lugares de governação; geralmente os partidos mais relevantes acabam por integrar tais factores nos seus programas o que reduz a possibilidade de o partido se vir a afirmar.
Por trás das votações pode ver-se também um protesto contra o neoliberalismo e consequente desregulação do trabalho. A recordação da Troika revelou-se, pelo menos até agora, no desastre de quem a tomou a sério (Isto não quer dizer que uma conta atrasada não venha a aparecer de surpresa, atendendo à política neoliberalista e globalista da União Europeia e ao BCE comprar dívidas; a inflação, e o mercado de trabalho terão uma grande palavra a dizer em questões de sucesso e insucesso futuro). O comportamento da EU em relação a Portugal também dependerá do maior ou menor compromisso deste com a China! Desta perspectiva poderia advir uma oportunidade para a extrema esquerda agora derrotada.
Uma observação: o que me causa pena na discussão pública não é tanto o ganhar ou perder de um ou outro partido, mas a arrogância com que muitos políticos da esquerda falam, como se fossem os pais da democracia e os senhores da moral. Talvez, esta mentalidade, filha do autoritarismo se corrija até às próximas eleições; isto para sermos ainda mais democráticos!
Costa, para se afirmar no futuro terá de tratar os precários do privado com a mesma generosidade com que tem tratado o funcionalismo público (o problema será onde ir buscar o dinheiro para tantos)!
Por António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=7046