Mundo Lusíada
Com Lusa
O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, apresentou em 01 de abril, em reunião do executivo, um pedido de renúncia ao cargo, fazendo depois uma declaração à comunicação social.
O também secretário-geral socialista, que vai concorrer às eleições legislativas deste ano, foi eleito presidente da maior autarquia do país pela primeira vez nas eleições intercalares de julho de 2007, marcadas após a queda do executivo municipal do social-democrata Carmona Rodrigues, na sequência do denominado caso Bragaparques. Na altura, obteve cerca de 29% dos votos (sem maioria absoluta), garantindo seis dos 17 mandatos, e foi empossado a 01 de agosto.
Atualmente, o executivo camarário é composto, além do presidente e do vice-presidente (PS), por nove vereadores com pasta (seis do PS e três independentes eleitos nas listas do PS) e seis vereadores sem pasta (três do PSD, dois do PCP e um do CDS-PP).
Os quase oito anos de gestão de António Costa ficam marcados, além dos acordos com independentes, pela reforma administrativa da capital (que reduziu as freguesias de 53 para 24 e transferiu algumas competências para estas autarquias), pela revisão do Plano Diretor Municipal, pela reformulação da circulação na rotunda do Marquês de Pombal, por medidas de incentivo ao uso dos transportes públicos e das bicicletas, pela defesa da gestão do Metro e da Carris pelo município e pela instalação do gabinete da presidência na Mouraria, para incentivar a reabilitação da zona, entre outros.
“É meu dever concentrar-me agora, como fiz há oito anos, com o mesmo espírito de serviço, energia e determinação, em servir Portugal e os portugueses”, afirmou Costa, numa declaração nos Paços do Concelho, assegurando que deixa “a casa arrumada”.
O socialista confirmou que será sucedido pelo vice-presidente, Fernando Medina, responsável também pelas pastas de Finanças, Recursos Humanos e Turismo. António Costa frisou que deixa “o município em boas mãos, numa transição preparada e planejada”, a cerca de seis meses das eleições legislativas.
Em breves declarações aos jornalistas no final do seu discurso, o socialista disse, em relação à data da sua saída, que “estava tudo pensado e programado para esta altura”. Questionado se o salário ia passar agora a ser pago pelo PS, António Costa respondeu que vive do seu trabalho.
Fazendo um balanço destes quase oito anos à frente da autarquia lisboeta, o candidato socialista a primeiro-ministro frisou: “Sempre em contraciclo, saneamos as finanças municipais e dinamizamos a economia da cidade, introduzimos rigor no planejamento e na gestão urbanística, investimos na educação, na cultura, nos direitos sociais, na qualidade do espaço público e na reabilitação urbana, inovamos na mobilidade e no ambiente urbano, na participação cidadã e na descentralização”.
O autarca deixou um agradecimento aos lisboetas pela “confiança” e aos funcionários municipais, presidentes de Junta de Freguesia e vereadores.
Novo presidente
Fernando Medina é o presidente da Câmara de Lisboa depois de em 2013 ter deixado o parlamento e ter sido eleito para a autarquia, na qual assumiu então a vice-presidência e as pastas de Finanças, Recursos Humanos e Turismo.
O socialista Fernando Medina Maciel Almeida Correia, 42 anos, é licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP/UP) e tem um mestrado em Sociologia Econômica pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), de Lisboa. Foi presidente da Federação Acadêmica do Porto (FAP), em 1995 e 1996, enquanto estudava na FEP/UP, de onde se licenciou em 1998.
O economista foi assessor do primeiro-ministro António Guterres, para as áreas da Educação, Ciência e Tecnologia entre 2000 e 2002, e é quadro da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) desde 2003. Paralelamente, entre 1999 e 2001, foi membro do Conselho Consultivo da Porto 2001, Capital Europeia da Cultura.
Entre 2005 e 2009, durante o primeiro mandato de José Sócrates como primeiro-ministro, foi secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional. No segundo mandato de Sócrates, entre 2009 e 2011, foi secretário de Estado Adjunto, da Indústria e do Desenvolvimento.
Entre 2011 e 2013 ocupou o lugar de vice-presidente do grupo parlamentar do PS na Assembleia da República, integrando a Comissão de Orçamento e Finanças e a Comissão Eventual de Acompanhamento do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal.
Em outubro de 2013 deixou o parlamento para assumir a vice-presidência da Câmara de Lisboa, após a vitória da lista encabeçada por António Costa. Nos últimos meses, foi Fernando Medina quem falou publicamente sobre vários assuntos em representação da Câmara e apresentou o orçamento da autarquia para 2015.