Ano novo e muitos pedidos para enfrentar a crise em Portugal

Mundo Lusíada

Passas, champagne e muitos pedidos. A passagem de ano em Portugal foi recheada de tradições. Vários turistas escolheram esse país europeu para receber 2012 em alto estilo. Seja por ligações familiares ou apenas pela descoberta de novas culturas. O Mundo Lusíada acompanhou o natal e a passagem de ano em terras lusa.
Pelas ruas, a política era o discurso maior que se podia ouvir: “isto aqui está lixado”. Com essa frase, os portugueses vislumbram um ano difícil pela frente. Com muitos cortes nas despesas e com muita paciência para viver tempos de dificuldade.
A crise está anunciada. Mas o que se vê são centros comerciais lotados. O apelo são as compras de fim de ano. Bares e restaurantes com mesas cheias. Ruas abarrotadas de carros que vão e vêm de vários lugares de Portugal.
Em cada esquina, porém, o assunto preferido são as decisões políticas. Uns criticam o caminho escolhido pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, outros preferem ver uma luz no fim do túnel. Cada um com a sua opinião, Portugal aperta os cintos a espera de um ano novo conturbado economicamente. O governo anunciou, a partir de 1 de janeiro, aumento no valor dos transportes públicos, no acesso à saúde, no aluguel da moradia e no preço dos medicamentos. Sem falar no valor dos impostos diários. A palavra de ordem é poupar.
Portugal se prepara para o caos de uma crise que ainda não chegou, mas que promete deixar marcas profundas. Mesmo neste natal e na passagem de ano as coisas foram bem diferentes. Cidades deixaram para trás a tradicional queima de fogos e a iluminação. Lisboa cancelou a festa em alguns pontos da cidade. Mas a ilha da Madeira manteve os gastos e atraiu turistas.
Especialistas acreditam que vai levar anos para que Portugal saia desse reboliço econômico. Outros sugerem que o país luso abandone o Euro como moeda oficial e volte aos tempos de Escudo.
Mas nem tudo está perdido. A festa foi boa. Mesas fartas. Muita comida. Famílias reunidas. O indispensável bacalhau não faltou. E o preço de um bom bacalhau rondou os 10 euros por quilo. Teve família com muitos motivos para comemorar. A nossa reportagem visitou uma família no norte do país que celebrou as festas de fim de ano abrindo uma garrafa de vinho tratado. Até aí nada de especial, a não ser pelo fato de ser uma bebida da safra de 1943. Sua família deixou o calor do Brasil e se reuniu, anos depois, em Portugal. Não passavam o natal e o ano novo juntos há anos. “Essa garafa estava esperando uma grande ocasião para ser aberta”, comentou Joaquim.
A população está preparada. Muitos falam em ir morar no Brasil. Mas há quem prefira evitar os trópicos e ficar em Portugal. Famílias estabilizadas já pensam em mudar de ares. Destinos como Angola estão na lista de possíveis refúgios. Mas o atual corte nos salários faz ficar difícil até mesmo dobrar a esquina e pagar 60 cêntimos de Euro num café.
A crise anunciada ainda não chegou, mas já vai deixando marcas profundas no dia a dia dos portugueses.