Da Redação
Com Lusa
O Presidente de Angola, João Lourenço, garantiu que o país vem tomando “medidas preventivas” para “enfrentar o Ébola” caso o vírus atravessa a fronteira com a República Democrática do Congo (RDCongo).
As autoridades de saúde da RDCongo estimam que a febre hemorrágica do Ébola tenha causado a morte de 59 pessoas, confirmando que 32 destas são consequência direta do vírus.
João Lourenço, que falava em Berlim, na conferência de imprensa conjunta com a chanceler alemã Angela Merkel, usou um ditado para assegurar que Angola está a tomar as medidas necessárias para enfrentar a epidemia, se “ultrapassar a fronteira”.
“Há um ditado que diz: quando as barbas do vizinho estão a arder, ponha as suas de molho. Isso para dizer que se há uma epidemia de Ébola num país vizinho, obviamente que Angola deve por as suas barbas de molho, ou seja, deve tomar medidas preventivas caso, se essa epidemia ultrapassar a fronteira, estarmos devidamente preparados para enfrentá-la, e isso está a ser feito”, disse o chefe de estado angolano.
Num anúncio feito pelo Ministério da Saúde da RDCongo na plataforma de microblogues Twitter, a situação a 21 de agosto de 2018 apontava ainda para outros 102 casos, sendo que 75 estavam confirmados.
O vírus do Ébola, que pode alcançar uma taxa de mortalidade de 90%, transmite-se através do contacto direto com sangue e fluídos corporais contaminados, sendo mais virulento quanto mais avançado estiver o processo de contaminação.
A pior epidemia conhecida da febre hemorrágica do Ébola foi declarada em março de 2014, na Guiné Conacri, tendo-se depois expandido para a Serra Leoa e Libéria.
A OMS deu por terminada a epidemia em janeiro de 2016, depois de registar 11.300 mortos e mais de 28.500 casos, com a agência das Nações Unidas a admitir que os valores reais podem ser mais altos.
Cooperação alemã
Na reunião, o Presidente angolano ainda defendeu a cooperação militar com a Alemanha. O chefe de Estado angolano sublinhou a “necessidade de atrair investimento privado alemão para praticamente todos os domínios da economia”. Mas deu destaque à área da defesa, revelando que Angola tem “uma costa marítima bastante extensa” que é preciso “cuidar”.
“Um país que se desenvolve e descura da sua defesa, não age de forma correta”, reconheceu João Lourenço.
“Estamos a convidar os investidores alemães a trabalhar com o estado Angola na proteção da nossa costa, com o fornecimento de embarcações de guerra, tal como de outros meios elétricos, para podermos controlar melhor esta vasta fronteira marítima que é uma parte do golfo da Guiné, uma parte que é cobiçada pelos piratas, pelos terroristas como forma de atingir os nossos países, de atingir as nossas populações, as nossas economias”, recordou o chefe de Estado.
Na conferência de imprensa conjunta, Angela Merkel confirmou o “interesse de Angola em cooperar com a Alemanha no domínio da defesa”, acrescentando a chanceler que há muito interesse em que “a costa angolana seja assegurada”, porque “não existe desenvolvimento sem segurança, nem segurança sem desenvolvimento”.
Por isso Merkel garantiu que a Alemanha tem disponibilidade em cooperar desde que exista interesse por parte das empresas, congratulando-se com o “novo vento” que sopra de Angola.
João Lourenço, que visita pela primeira vez a Alemanha desde que foi eleito, há precisamente um ano, assegurou ter gostado muito do “ambiente das negociações” que manteve com a chanceler, convidando Angela Merkel a visitar Angola, em 2019.
Questionado sobre a visita que vai levar a cabo a Pequim, já no próximo mês, e uma eventual cooperação militar com a China, o chefe de Estado angolano declarou que “os laços de amizade e cooperação são sempre diversificados e quantos mais amigos, mais parceiros, melhor”.
Da agenda de João Lourenço consta a recepção pelo homólogo alemão, Frank-Walter Steinmeier, além de um jantar com empresários alemães e um encontro com a diáspora.