Da Redação com Lusa
O Governo angolano considerou elevado o risco de transmissão do vírus mpox no país, devido à “vasta fronteira” terrestre que partilha com a República Democrática do Congo (RDCongo), e reforçou o sistema de vigilância.
“O nosso sistema de vigilância está reforçado a nível nacional, estamos a falar no nível municipal, provincial e nacional, e até esse momento ainda não registaram casos de mpox, mas o risco é elevado por termos uma vasta fronteira com a RDCongo”, disse hoje o chefe do Departamento de Controlo de Doenças da Direção Nacional de Saúde Pública de Angola, Eusébio Manuel.
Em declarações à Lusa, o responsável realçou que a “intensa movimentação” de pessoas e bens a nível das fronteiras oficiais e não oficiais entre Angola e a RDCongo justificou a elaboração de um plano de contingência, visando a prevenção do vírus.
“Todas [as fronteiras] estão abertas, não há impedimentos na circulação e todo o cuidado é pouco, fato pelo qual as medidas devem ser rigorosamente implementadas e acatadas pela população”, frisou.
Com a RDCongo, epicentro do mpox, a registar já uma variante do vírus mais letal, as autoridades angolanas dizem estar a implementar medidas eficazes para precaver uma eventual introdução de casos no país.
O reforço do sistema de vigilância, de medidas básicas de contenção e de segurança individual, “tal como as implementadas durante a covid-19”, constam entre as ações desenvolvidas para travar o eventual contágio, referiu.
A deteção precoce da doença numa determinada área, evitar o contacto de pessoas infetadas e aumentar a consciencialização da população sobre os riscos da doença são outras das medidas.
As recomendações vão também no sentido de reduzir o risco de transmissão do animal para o homem, “isto é, também evitar o consumo de carne de animais selvagens, sobretudo nas áreas florestais ou nas áreas que consomem carnes de caça”, indicou.
Eusébio Manuel reconheceu, por outro lado, que o consumo da carne de caça faz parte da dieta alimentar de muitos cidadãos com menos recursos, sobretudo os residentes em aldeias e comunas do interior do país, apelando, no entanto, a que se evite o consumo nesta fase.
“Quem está na comuna, numa aldeia, o habitual é comer carne de caça porque é o que existe, mas para situações como estas temos de implementar medidas especiais”, concluiu.
O Ministério da Saúde de Angola anunciou, recentemente, que mantém ativo o estado de alerta no sentido de evitar a introdução do mpox no país, após ter sido declarada emergência de saúde pública pela União Africana e Organização Mundial da Saúde.