O último Índice de Preços de Alimentos da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura aponta que preços dos alimentos básicos subiram pelo terceiro mês consecutivo e registraram seu pico mais alto em dez anos. O aumento foi puxado por cereais, óleo e laticínios, enquanto carne bovina e açúcar sofreram uma pequena queda. A previsão é que os estoques mundiais de cereais caiam até 2022.
Da Redação
O barômetro da ONU para os preços mundiais dos alimentos alcançou um novo pico, atingindo seu nível mais alto desde julho de 2011, anunciou a FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, na quinta-feira (4).
O Índice de Preços de Alimentos da FAO, que acompanha os preços internacionais de uma cesta de commodities alimentares, subiu 3,9% em relação a setembro, pelo terceiro mês consecutivo.
Cesta básica – Os preços dos cereais em geral aumentaram 3,2%, com o trigo subindo 5%, devido às colheitas reduzidas nos principais países exportadores, incluindo Canadá, Rússia e Estados Unidos. Os preços de todos os outros cereais importantes também subiram.
O índice de óleo vegetal subiu 9,6%, atingindo um recorde histórico, e os laticínios subiram 2,6 pontos, com aumento da demanda por manteiga, leite em pó desnatado e leite em pó integral, à medida que os compradores tentam repor os estoques baixos. Em contraste, os preços do queijo permaneceram estáveis.
Pelo terceiro mês consecutivo, o índice de carnes caiu, em meio à redução das compras de produtos suínos da China e à forte queda da carne bovina do Brasil. Os preços das aves e ovinos aumentaram.
Após seis aumentos mensais consecutivos, os preços do açúcar também caíram 1,8%, em meio à demanda global limitada e grandes excedentes para exportação.
Produção recorde, queda de estoques – Em comparação com o ano passado, a produção global de cereais para 2021 deve aumentar e atingir um novo nível recorde, de cerca de 2.793 milhões de toneladas.
O consumo mundial de cereais para 2021/22 está caminhando para um crescimento de 1,7%, liderado por um aumento previsto no consumo alimentar global de trigo, em conjunto com o crescimento da população mundial.
Apesar de uma produção mundial recorde esperada de cereais em 2021, os estoques globais de cereais estão caminhando para uma contração de 0,8% até o começo do próximo ano, de acordo com as novas previsões.
Alimentação e clima
A produção, distribuição e consumo de todos esses alimentos consomem cerca de um terço da energia total mundial, de acordo com um novo relatório lançado na quinta-feira (4) nos bastidores da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26) em Glasgow.
A alimentação da população mundial também é responsável por cerca de um terço das emissões globais de gases de efeito estufa, tornando-se uma prioridade no combate às mudanças climáticas.
O relatório, Energia renovável para sistemas agroalimentares – Rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e ao Acordo de Paris, compartilha vários exemplos de como isso pode ser alcançado.
A irrigação solar, por exemplo, pode melhorar o acesso à água, permitindo vários ciclos de cultivo e aumentando a resiliência às mudanças nos padrões de chuva. Na Índia, o uso de bombas solares de irrigação aumentou a renda dos agricultores em pelo menos 50% em comparação com quando a chuva era a única opção. Em Ruanda, os rendimentos dos pequenos agricultores aumentaram cerca de um terço.
“O relatório mostra que há muitas oportunidades para implementar soluções de energia renovável em sistemas agroalimentares”, afirmou o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, em uma mensagem de vídeo.
Recomendações – A publicação também fornece recomendações, incluindo uma melhor coleta de dados para orientar os investimentos em energia renovável, melhor acesso ao financiamento e um maior foco na conscientização e capacitação.
O relatório também informa que o uso de energia pelo setor cresceu 20% entre 2000 e 2018. De acordo com o documento, esse crescimento foi impulsionado principalmente pela mecanização na Ásia, como bombas de irrigação, máquinas agrícolas, equipamentos de processamento e insumos como fertilizantes. O uso de energia na África, que abriga cerca de 15% da população global, permaneceu amplamente constante e representa apenas cerca de 4% do consumo global.
O relatório é o resultado de um esforço conjunto entre a FAO e a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA).