Da Redação
Com Lusa
A aposta em conceitos de alojamento turístico menos convencionais no Algarve, como o ecoturismo ou o campismo de luxo, é vista pela entidade regional do setor como uma mais-valia na dinamização do interior e no combate à sazonalidade.
“Temos de nivelar a oferta por cima porque uma região para se afirmar tem de apostar na qualidade, na oferta diversificada e pelos diferentes produtos e, obviamente, por aqueles que podem trazer mais negócio”, disse à Lusa o presidente da Região de Turismo do Algarve.
Segundo Desidério Silva, o barlavento tem maior concentração destes espaços alternativos ao alojamento tradicional ligado ao turismo de sol e à praia: “Do lado do sotavento, penso que ainda há zonas potencialmente disponíveis para investimentos deste tipo”.
Em Odiáxere, Lagos, o eco-resort Casa Vale da Lama oferece alojamento em nove quartos familiares, decorados com materiais reutilizados, num edifício construído com preocupação ecológica, rodeado por uma quinta de 43 hectares para cultivo biológico.
Para a proprietária e mentora do espaço, Nita Barroca, o encanto e a tónica da oferta estão no contato com a natureza: “Podem tirar um bocadinho os relógios e tentar esta paz, tentar ligar-se mais à natureza”.
O perfil dos clientes varia entre as famílias que fazem ali férias e os grupos que marcam o espaço para retiros temáticos, cursos, encontros, cursos de reforço do espírito de equipa e eventos.
Os clientes podem participar em visitas guiadas à quinta, colher o almoço na horta, fazer pão, participar no ‘círculo de artesanato’, usufruir da piscina e do jardim, ter aulas de yoga e surf, massagens, cânticos do mundo e noites de pizza com música ao vivo.
“Para nós faz sentido cuidarmos destas três coisas: nós seres humanos, nós o social mas também o nós pensarmos no futuro e na sustentabilidade não só agora mas também a médio e longo termo”, apontou Nita Barroca.
Permacultura, alimentação natural, convivência comunitária e educação são as palavras-chave do espaço, que inclui campos de férias para crianças. A coordenadora Xana Piteira acrescentou que se tenta cozinhar o mais possível com produtos sazonais, locais e orgânicos.
Já no interior do concelho de Portimão, próximo da serra de Monchique, surgem no meio da paisagem típica do barrocal algarvio tendas designadas como tipis, parecidas com as tendas dos índios, instaladas pela Tipi Algarve.
“O espaço abriu em 2008, é basicamente um ‘camping’ com um conceito um pouco mais luxuoso, uma vez que são tendas tipis, safaris e yurts, que possuem chão de madeira, dão possibilidade de dormir numa cama, todas as unidades têm uma cozinha independente com todo o material necessário”, explicou a coordenadora Márcia Azevedo.
O terreno, fustigado pelos incêndios ocorridos há uma década, foi recuperado por um casal britânico e tem vindo a instalar mais tendas e a fazer melhorias. Atualmente tem capacidade para 30 pessoas.
“A procura tem aumentado de ano para ano, todos os anos vamos tendo mais e mais pessoas”, contou Márcia Azevedo, que justificou a tendência com a oferta de uma experiência diferente, em contato com a natureza “mas com todo o conforto e luxo”.
“O perfil do nosso cliente são as famílias jovens com crianças, dois ou três miúdos, que ficam nas tendas maiores, as tipis com sete metros e meio. Diria que entre os 30 e os 50 anos, mas também há pessoas mais velhas que veem até com os netos”, comentou.
O espaço (onde 60% dos clientes são do Reino Unido) funciona de abril até ao final de setembro e oferece um convívio temático semanal, aulas de yoga ao nascer e ao pôr-do-sol, massagens, tratamentos holísticos, reflexologia e atividades na piscina.
O peso destes alojamentos acaba por não ser conhecido em concreto porque o boletim de atividade turística do Instituto Nacional de Estatística contabiliza como estabelecimentos hoteleiros os hotéis, os hotéis-apartamentos, as pousadas, os apartamentos turísticos e os aldeamentos, deixando de fora o alojamento local, em que se enquadram o agroturismo, hostels e outras tipologias, incluindo as menos convencionais.