Da Redação
Com Lusa
Os álbum ‘Herança’, de Lura, e ‘Mundo’, de Mariza, estão entre os dez melhores do mundo, segundo a revista de música e entretenimento britânica Songlines, numa lista que também inclui Ilaria Graziano & Francesco Forni e Kimmo Pohjonen.
Sobre ‘Herança’, sexto álbum de estúdio de Lura, a revista realça a “voz rouca” da cantora, que escolheu “maravilhosos e ritmados funanás”, como ‘Sabi di mas’ e ‘Ness tempo di nha bidijissa’ e que, com este CD, “se aproxima das suas raízes cabo-verdianas, sem abandonar Lisboa”, a cidade onde nasceu.
“Cabo Verde é revisitado e reinventado num ritmo ‘jazzy'”, afirma a revista, que realça a “excelência” dos músicos que acompanham Lura, entre os quais Pedro Jóia e Naná Vasconcelos.
“Um CD que é um misto de canções originais e recriações de temas melancólicos”, afirma o crítico Alex Robinson, especialista em música de origem lusófona, que assina o texto sobre o álbum.
Robison enfatiza o “toque contemporâneo” em clássicos como ‘Maria di lida’ e ‘Somada’, de Kaka Barbosa, realçando a “destreza da boa produção”.
O CD, publicado em setembro último, é constituído por 14 canções, nove das quais inéditas, um álbum que Lura disse à Lusa ser “um contar de histórias” que os antepassados lhe deixaram.
“O meu patrimônio de Cabo Verde é a história que todos os meus antepassados me contaram, me deixaram como herança e são essas que conto”, precisou.
‘Mundo’, de Mariza, é outro dos dez melhores álbuns do ano, segundo a Songlines, composto por “fados clássicos e magníficas baladas pop”, a merecer “um grande aplauso”, como adianta a revista.
O jornalista Nigel Williamson, especialista em música pop e músicas do mundo, afirma que “a primeira-dama do Fado vive atualmente um momento muito feliz”, e realça, entre outros temas de ‘Mundo’, “a batida de ‘Missangas’ e a arrebatadora canção ‘Sombra’, que garantem a Mariza o estatuto de rainha do fado tradicional”.
O crítico refere ainda “as espantosas baladas pop ‘Melhor de Mim’ e ‘Adeus’, o etéreo ‘Sem Ti’ e o maravilhoso e brilhante ‘Saudade Solta'”.
Williamson faz notar “a maturidade expressiva que dá à voz, que está melhor que nunca”, e afirma que, já que Mariza canta, de vez em quando, nos seus concertos, ‘I will always love you”, de Whitney Houston, “talvez as fusões pop/fado de ‘Mundo’ não sejam uma surpresa, mas Mariza fê-lo com talento, destreza e autoconfiança, que é simplesmente de tirar o fôlego”.
Mariza disse à Lusa, em outubro, que o CD ‘Mundo’ é “um convite” para o público conhecer melhor o seu universo, o seu mundo, aquilo que é, e como evoluiu e se transformou.
“Este CD surge como um convite às pessoas para visitarem o meu mundo, no que me tornei agora, passados 15 anos [do primeiro CD], até este álbum, o que sou, naquilo que me transformei, como eu vejo agora a música, aquilo que sinto e o que é para mim”, disse à Lusa a fadista.
‘Mundo’ inclui dois temas do repertório de Amália Rodrigues – ‘Anda o sol na minha rua’ e ‘Maldição’ -, é produzido pelo músico espanhol Javier Limo´n, que produziu anteriormente o álbum ‘Terra’ (2008) da cantora, e marca o regresso de Mariza a estúdio, cinco anos depois de ‘Fado tradicional’.
Além de Mariza e Lura, a lista da Sonlines, dos dez melhores álbuns do mundo, em 2015, é ainda composta pelos trabalhos do duo italiano Ilaria Graziano & Francesco Forni (‘From Bedlam to Lenane’), do finlandês Kimmo Pohjonen (‘Sensitive Skin’), dos turcos Kardes Turkuler (‘Kerwane’) e do chinês Yuan Deng (‘The Mountain and the River’).
Completam a lista os discos ‘Viva Diaspora’, do DJ alemão Shantel, ‘Urram’, da britânica Karen Matheson, a coletânea ‘Vicennial: 20 Years of The Hot 8 Brass Band’, do coletivo de Nova Orleães, e a recolha ‘Lost in Mali’, que reúne canções de artistas “nunca ouvidos fora das fronteiras” do seu país.