Ajuda humanitária é fator de atração para imigrantes ilegais

Da Redação
Com Lusa

A ajuda humanitária é um fator de atração para a imigração ilegal em Malta, defende um pesquisador local, sublinhando que este é um fenômeno que deve ter uma “abordagem holística”.

“Muita gente fala sobre migração, mas poucos compreendem o fenômeno”, disse à Lusa Edric Zahar, autor da dissertação “Malta e o contrabando humano contemporâneo”, apresentada no Instituto de Estudos Malteses da Universidade de Malta em 2013.

Edric Zahar, que já participou em várias missões de resgate e salvamento nas águas maltesas afirmou que as migrações “servem diversos interesses” e chamou a atenção para a necessidade de enviar “mensagens” dissuasoras das travessias do Mediterrâneo.

“Quanto mais meios de socorro são enviados para o Mediterrâneo, mais barcos atravessam, até porque sabem que não precisam de navegar muito até serem encontrados e salvos”, destacou.

O investigador, que é também militar das Forças Armadas maltesas, estudou profundamente as migrações e agora volta ao tema para uma tese de doutoramento centrada na integração dos migrantes.

Edric Zahar aponta os “sentimentos contraditórios” que suscita o assunto, que tanto pode ser encarado com um problema de segurança social e econômica para os Estados de acolhimento, como um problema humanitário.

A ajuda humanitária é um dos quatro fatores de atração para os migrantes que identificou em Malta, a par da migração laboral, estatuto de proteção e o fato de se tratar de um país “de trânsito”.

“Depois do período de detenção, os imigrantes irregulares em Malta não são atirados para a comunidade para se aventurarem sozinhos, mas são plenamente assistidos pelo Governo maltês, organizações não-governamentais e as organizações da Igreja Católica” que fornecem “acomodação temporária, assistência médica gratuita, formação e outras necessidades do dia a dia, desde alimentos a eletrodomésticos”, refere, na tese de dissertação.

Edric Zahar sublinhou igualmente a distinção entre contrabando humano que envolve o pagamento de um serviço de deslocação e atravessamento ilegal de fronteiras, que ambas as partes sabem ser ilegal, e constitui essencialmente uma violação contra o estado, e o tráfico de pessoas, que pressupõe a violação dos direitos do indivíduo.

Malta é atualmente um dos países europeus com mais refugiados (19 por cada 1.000 habitantes), apenas suplantado pela Suécia (24 por cada 1.000 habitantes).

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