Da Redação
Com Lusa
O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) afirmou que o Brasil tem capacidade para receber o dobro das exportações portuguesas, considerando que as relações comerciais “estão muito longe do seu potencial”.
“Nós exportamos 3% para a América Latina e o Brasil representa metade disso. O Brasil tem capacidade, à vontade, das empresas exportarem e se internacionalizarem a níveis do dobro do atual, não tenho dúvidas nenhumas disso”, disse Pedro Reis em declarações à Lusa à margem do Fórum Brasil, que decorre em 18 de dezembro em Lisboa.
O responsável da AICEP sublinhou que apesar das relações comerciais e políticas entre os dois países serem “excelentes”, ainda estão “muito longe do seu potencial”, razão pela qual defende que Portugal “pode e deve captar mais investimento brasileiro não só na lógia das privatizações, mas também na lógica do investimento industrial”.
Por outro lado, continuou o líder da AICEP, “podemos e devemos abrir mais o mercado brasileiro para as nossas empresas, mas isso cabe ao Brasil”, argumentou, salientando que o principal ponto é haver uma “diplomacia ativa que desbaste constrangimentos mais oficiais e burocráticos que aparecem”, e que os brasileiros percebam que “Portugal é mais que uma economia tradicional, a base dos seus familiares ancestrais, é mais do que vinho, azeite e fado, é uma economia sofisticada, que está a dar cartas em mercados próximos do Brasil e noutros que interessam ao Brasil, como África”.
Questionado sobre as expectativas relativamente ao acordo que está a ser negociado entre o Mercosul, onde o Brasil se integra, e a União Europeia, de que faz parte Portugal, Pedro Reis não foi tão otimista com o embaixador brasileiro em Portugal, que considerou, na sua intervenção no Fórum, que seria possível eliminar completamente as tarifas alfandegárias entre estes dois blocos dentro de dez anos.
“Esse é um objetivo ambicioso, mas já não seria nada mau se baixarmos alguns níveis tarifários que são um óbice ao comércio tradicional, porque numa economia integrada e globalizada [essas taxas] não beneficiam nenhum dos países que as implementam, porque a competitividade, a concorrência, a produtividade e a internacionalização não resultam das tarifas, mas sim da abertura dos mercados”, disse Pedro Reis.
O que se devia fazer, acrescenta o responsável, era seguir o modelo de descida do IRC em Portugal: “Devíamos estabelecer metas num esquema como o do nosso IRC, que se vá gradualmente baixando de forma muito empenhada e determinada, para que de dois em dois anos as tarifas fossem descendo, em todos os blocos, não só numa área, porque essa é a única maneira de confrontar as empresas com a sua real capacidade”.