Por Daniel Bastos
No ocaso do ano passado, o presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, anunciou no decurso de um jantar-convívio com a comunidade portuguesa, açoriana e lusodescendente nas Bermudas, um território britânico ultramarino membro da comunidade do Caribe, localizado no Oceano Atlântico, a entrada em vigor da plataforma de recenseamento de açorianos no mundo.
Uma plataforma, implementada no seguimento do projeto do Conselho da Diáspora, que representa uma medida de enorme alcance, dado que se estima que na atualidade cerca de 1,5 milhões de açorianos e seus descendentes residam no estrangeiro. Em particular, no Canadá, Estados Unidos, Brasil e Bermudas, áreas geográficas onde a presença açoriana passará a eleger cerca de dois terços dos 33 elementos que integrarão o Conselho da Diáspora.
Criado, no âmbito do departamento do Governo Regional com competência em matéria de emigração e comunidades, e aprovado por unanimidade pela Assembleia Legislativa Regional, o Conselho da Diáspora Açoriana (CDA), constitui-se como um órgão consultivo do Governo Regional que visa assegurar a participação, a colaboração e a auscultação, dos açorianos no mundo, no projeto de desenvolvimento dos Açores.
Nesse sentido, os açorianos da diáspora que se inscrevam na plataforma passam a ter uma maior interligação e intervenção na realidade sociopolítica de um arquipélago que assinala presentemente 600 anos de história e 400 anos de emigração. E simultaneamente possibilitam às autoridades regionais obter uma radiografia mais precisa da identidade arquipelágica espalhada pelo mundo, e assim incrementar uma nova dinâmica na promoção das inúmeras potencialidades que envolvem o universo da diáspora açoriana.
Ao pretender deste modo aproximar mais os emigrantes e os lusodescendentes do projeto de desenvolvimento do arquipélago, as autoridades regionais reconhecem na esteira das palavras da investigadora Susana Serpa Silva, o papel dos que em «muito contribuíram para o desenvolvimento das ilhas os que partiram sem regressar e os que regressaram também, sem que se possa, no entanto, obliterar o contributo de todos os demais que, por apego ao mundo insular ou por melhor sorte e nível de vida, por cá ficaram e por cá lutaram nesta terra de sonhos adiados e penosamente alcançados”.
Por Daniel Bastos
Escritor português
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