Da Redação
Com Lusa
As danças e bailinhos de Carnaval da ilha Terceira deverão ser integradas no inventário do Patrimônio Cultural Imaterial de Portugal, em breve, segundo avançou à Lusa a direção regional da Cultura dos Açores.
“Esse processo já está mesmo na sua versão final para ser reconhecido e ter autorização para integrar este inventário nacional. A única questão que está pendente são os pareceres das duas câmaras municipais da ilha Terceira”, adiantou a diretora regional da Cultura, Susana Goulart Costa.
Durante quatro dias, mais de 30 salas de espetáculos da ilha Terceira recebem centenas de músicos e atores amadores, que atuam de forma gratuita, madrugada dentro, em manifestações de teatro popular com crítica social, a que chamam de danças, bailinhos e comédias de Carnaval.
Em setembro de 2013 foi aprovada, por unanimidade, uma resolução na Assembleia Legislativa da Região Autônoma dos Açores, apresentada pelo PSD, que recomendava ao Governo Regional que efetuasse as diligências necessárias para a classificação destas manifestações tradicionais como Patrimônio Cultural Imaterial de Portugal.
A direção regional da Cultura apresentou um pedido de inscrição das danças e bailinhos de Carnaval no Inventário do Patrimônio Cultural Imaterial em junho de 2016 e a demora na aprovação já levou o PSD a pedir justificações, por requerimento, no parlamento açoriano.
“O Carnaval terceirense é um exemplo vivo da criatividade do nosso povo. Uma tradição popular que atravessa e contagia as gerações e, se quisermos, uma bandeira cultural dos terceirenses”, salientou o deputado social-democrata César Toste, citado numa nota de imprensa, lembrando que “já se passaram três anos sobre a entrada do pedido da Direção Regional da Cultura”.
Segundo a diretora regional da Cultura, o hiato temporal entre o requerimento e a formalização prendeu-se com a necessidade de “levantamento de informação” junto de todas as entidades que “promovem, divulgam e dão corpo às manifestações de Carnaval”.
“Creio que, muito em breve, poderemos dizer que os bailinhos da ilha Terceira vão integrar o inventário do patrimônio imaterial nacional”, frisou, acrescentando que no caso do patrimônio imaterial, ao contrário do que acontece com bens móveis e imóveis, não existe uma classificação, mas o registo de um inventário.
Para Susana Goulart Costa, a importância deste reconhecimento prende-se sobretudo com a necessidade de “valorização, dignificação e divulgação” das danças e bailinhos de Carnaval e não tanto com a sua preservação.
“Não estamos preocupados com o desaparecimento ou o adormecimento desta manifestação cultural, a nossa preocupação é valorizar – ter um registo que seja partilhado com todas as instituições e pessoas que estejam ligadas às questões da cultura e do turismo cultural – e divulgar esta identidade terceirense que é muito específica”, apontou, alegando que o Carnaval da Terceira está “muito vivaz”.
A Câmara Municipal de Angra do Heroísmo já deu um parecer positivo à integração das manifestações de teatro popular no Patrimônio Cultural Imaterial de Portugal.
Segundo o vereador Guido Teles, a aprovação deste pedido será “imprescindível” para uma eventual candidatura à Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
“As danças, bailinhos e comédias de Carnaval são, sem dúvida, um testemunho vivo da diversidade cultural portuguesa, que resultou dos muitos contatos e intercâmbios que foram feitos com povos de todo o mundo”, frisou.
O município da Praia da Vitória está ainda a analisar a proposta, mas deverá emitir igualmente um parecer positivo.
“Temos outras manifestações populares um pouco por todo o país que têm essa classificação e isso permitiu também terem outra visibilidade, outra proteção e outra potencialidade. Creio que será algo bastante positivo para o Carnaval da ilha Terceira”, defendeu o presidente da autarquia, Tibério Dinis.