Acordo de Paris: Presidente português diz que as alterações climáticas vão impor-se a Trump

Da Redação
Com Lusa

O Presidente português defendeu na quinta-feira, referindo-se ao homólogo norte-americano Donald Trump, que as alterações climáticas são uma evidência que “se vai impor”, mesmo que haja alguém que “se considere importantíssimo no mundo que negue isso”.

Marcelo Rebelo de Sousa, que falava na ilha das Flores, nos Açores, em reação ao anúncio do Presidente norte-americano de que os Estados Unidos vão abandonar o Acordo de Paris, defendeu ainda que a Europa deve unir-se e “continuar a ser uma campeã desta causa”.

“É uma evidência tão óbvia a necessidade de olhar para as alterações climáticas que bem pode haver quem se considere importantíssimo no mundo que negue isso que não altera a realidade. A realidade é o que é. E vai ser o que é e não pára por causa de uma posição isolada, por muito importante que se considere”, declarou.

No seu entender, “era preferível que não tivesse existido” esta posição dos Estados Unidos, mas “a realidade se encarregará de mostrar quem, num determinado momento, não percebeu a força dessa realidade”. “Não tenho dúvidas de que é só esperar um bocadinho para ver como a realidade se vai impor”, disse.

Citando o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o Presidente da República considerou que “o afastamento de um obriga todos os demais a unirem-se em torno daquilo que é fundamental para a humanidade”.

“É mais uma razão para aqueles que temos a noção desta realidade, com os pés assentes na terra, nos unirmos e para continuarmos a lutar”, reforçou, defendendo que “a Europa tem aqui uma causa que é justa, que é real” e “deve continuar a ser uma campeã desta causa”.

Marcelo Rebelo de Sousa ressalvou que “as relações transatlânticas são uma realidade muito rica e muito importante” e declarou: “os povos perduram, as nações perduram, os presidentes passam e os governos passam”.

O Presidente da República insistiu, contudo, que “as alterações climáticas são um problema, e o negar, por razões políticos de momento, esse problema, não faz desaparecer o problema”.

“Há coisas que são tão óbvias na vida. É como achar que se pode tapar o sol com o dedo – o sol está lá e o dedo não tapa o sol -, ou como o defender que o sol anda à volta da terra e não a terra à volta do sol”, comparou.

Preservar o Planeta para as gerações futuras
O primeiro-ministro, António Costa, também disse que o “primeiro dever” dos responsáveis do mundo é preservar o Planeta para as gerações futuras, quando questionado sobre a desvinculação dos Estados Unidos do acordo climático de Paris.

“É pena não ter frequentado esta escola e saber o que estes meninos quando saírem da escola já sabem. Aquilo que, infelizmente, muitos responsáveis no mundo não sabem é que temos um planeta cujo primeiro dever é preservá-lo para as gerações futuras”, disse António Costa aos jornalistas.

Concluído em 12 de dezembro de 2015 na capital francesa, assinado por 195 países e já ratificado por 147, o acordo entrou formalmente em vigor em 04 de novembro de 2016, e visa limitar a subida da temperatura mundial reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa.

Portugal ratificou o acordo de Paris em 30 de setembro de 2016, tornando-se o quinto país da União Europeia a fazê-lo e o 61.º do mundo.

O acordo histórico teve como “arquitetos” centrais os Estados Unidos, então sob a presidência de Barack Obama, e a China, e a questão dividiu a recente cimeira do G7 na Sicília, com todos os líderes a reafirmarem o seu compromisso em relação ao acordo, com a exceção de Donald Trump.

Donald Trump, justificou a decisão anunciada na quinta-feira nos jardins da Casa Branca com a desvantagem que o acordo climático representa para os Estados Unidos da América.

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