Vírus: Presidente suspende agenda e fica em isolamento em casa, Portugal tem 31 casos

Marcelo Rebelo de Sousa. Foto Antonio Cotrim/LUSA

Da Redação
Com Lusa

O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, suspendeu a agenda por duas semanas e vai permanecer em casa sob monitorização, “apesar de não apresentar nenhum sintoma” de infecção por Covid-19, anunciou a Presidência da República.

A decisão foi tomada depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter estado, na terça-feira, no Palácio de Belém, com uma turma de uma escola de Felgueiras (Porto), que foi fechada devido ao internamento de um aluno.

Portugal registra 31 casos confirmados de infecção. Face ao aumento de casos, o Governo ordenou a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte.

Foram também encerrados alguns estabelecimentos de ensino secundário e universitário no Norte, bem como na Amadora e em Portimão.

Em Felgueiras e Lousada, foram encerrados ginásios, bibliotecas, piscinas e cinemas, além de todas as escolas. Os residentes nos dois concelhos do distrito do Porto foram aconselhados a evitar deslocações desnecessárias.

Teste realizado ao Presidente português deu negativo

O presidente da Câmara de Felgueiras anunciou nesta segunda-feira que todos os serviços municipais de acesso ao público serão encerrados, exceto os Paços do Concelho, e estão suspensas as feiras semanais de Felgueiras e da Lixa, devido ao surto.

Falando, no concelho do distrito do Porto, numa conferência de imprensa conjunta com o presidente da Câmara de Lousada, Nuno Fonseca acrescentou que estão também cancelados todos os eventos, pelo período de 30 dias.

O autarca de Felgueiras disse esperar que as entidades privadas do concelho possam também seguir aquela indicação em relação à realização de eventos. “Apelo a todos os munícipes para que sigam rigorosamente todas as recomendações da Direção Geral de Saúde”, sublinhou o autarca.

Beira Interior

A Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã, distrito de Castelo Branco, pediu aos alunos de Lousada e de Felgueiras para não se deslocarem à instituição, se tiverem estado nas suas zonas de origem, para evitar eventual propagação de Covid-19.

“Numa altura em que os casos de infecção [Covid-19] na zona norte do país estão a aumentar, a UBI apela a que os estudantes residentes nos concelhos de Lousada e Felgueiras não se desloquem à universidade, se tiverem estado nas suas zonas de origem nas últimas semanas”, é referido.

Em comunicado enviado à agência Lusa, a informação acrescenta que “na eventualidade de ser necessário aplicar medidas de quarentena ou tratamento a alunos, estes poderão ter acesso aos exames de época especial ou à possibilidade de assistirem às aulas a partir de casa”.

Apontando que continua a não haver casos de infetados com Covid- 19 na UBI, a instituição também informa que implementou um plano de contingência para lidar com potenciais casos de infeção.

Segundo o referido, o plano articula todas as faculdades da UBI e define os procedimentos a ter em conta por alunos, docentes, investigadores e colaboradores, em caso de suspeita.

“O documento indica as pessoas a quem se devem dirigir, os locais e as condições dos espaços para onde serão encaminhados os potencialmente infetados. Estão definidas 12 salas em todas as faculdades e serviços da UBI, para servir de apoio a quem necessitar de isolamento”, detalha.

Pedindo um “cuidado redobrado às pessoas que estiveram em regiões ou países com as maiores taxas de incidência”, a UBI acrescenta que “estão a ser canceladas algumas iniciativas que estavam agendadas para as instalações da universidade”, com o objetivo de reduzir os riscos.

A epidemia de Covid- 19 foi detetada em dezembro de 2019, na China, e já provocou mais de 3.800 mortos. Cerca de 110 mil pessoas foram infectadas em mais de uma centena de países, e mais de 62 mil recuperaram.

Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, com 366 mortos e mais de 7.300 contaminados pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia.

Para tentar travar a epidemia, o Governo de Roma colocou cerca de 16 milhões de pessoas em quarentena no norte do país, afetando cidades como Milão, Veneza ou Parma.

Algarve

A mãe da aluna de Portimão diagnosticada no domingo com Covid-19 é o segundo caso da doença no concelho, o que levou ao encerramento da Escola Básica Professor José Buisel, onde é professora, segundo a presidente da autarquia.

Em declarações à Lusa, Isilda Gomes indicou que foi ordenado o encerramento do estabelecimento de ensino, o segundo na cidade, “não estando previstas, por agora, mais restrições”.

A aluna da Escola Manuel Teixeira Gomes e a mãe, professora na Escola Básica Professor José Buisel, foram diagnosticadas depois de terem estado em Itália na semana de interrupção do Carnaval, tendo ambas regressado às respectivas escolas em 27 de fevereiro e sido diariamente acompanhadas pela equipa do SNS24.

“A Câmara apenas tomará medidas de acordo com as indicações da Direção-Geral da Saúde”, destacou a presidente do município, sublinhando que o encerramento desta escola eleva para “mais de 1.000” os alunos afetados pela suspensão das aulas.

No domingo, foi anunciado que a partir desta segunda-feira estaria encerrada a Escola Secundária Teixeira Gomes, do mesmo agrupamento que o segundo estabelecimento agora fechado, depois de uma aluna ter sido diagnosticada com Covid-19.

No entanto, o resto da família ainda aguardava os resultados aos testes de despiste do novo coronavírus.

Num comunicado divulgado pelo Agrupamento de Escolas Manuel Teixeira Gomes, a direção do agrupamento refere que os alunos que estiveram em contato direto com a professora “irão ser contactados e poderão ficar em isolamento social durante 14 dias, nas suas residências”.

“Também os professores e os assistentes operacionais que estiveram em contacto com o docente em causa poderão ficar em situação de isolamento, devidamente justificado”, prossegue o comunicado, apelando a que essas pessoas contactem a Unidade de Saúde Pública de Portimão.

Após ter sido conhecido o primeiro caso no distrito de Faro, no domingo, a delegada de saúde pública de Portimão apelou às pessoas que estiveram em contacto com a aluna do ensino secundário infetada que adotassem medidas de “distanciamento social” para evitar a propagação do vírus.

“Pelo menos até 20 de março toda a comunidade escolar deve monitorizar eventuais sintomas, adotando comportamentos de higienização e distanciamento social”, declarou Maria Filomena Agostinho.

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