Da Redação
Em 2015, a escola de samba Beija-Flor conta a história da Guiné Equatorial através do enredo ”Um Griô conta a história: um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade”. O desfile será desenvolvido pela comissão de carnaval da agremiação. A escola será a terceira a desfilar na segunda-feira no Rio de Janeiro.
A imprensa brasileira vem detalhando o motivo dessa escolha, um patrocínio vindo do presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, de R$ 10 milhões de reais para a Beija-Flor. A direção da escola confirmou à imprensa R$ 5 milhões.
Apesar de protestos e críticas, a Guiné Equatorial aderiu à CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) em meados do ano passado, quando o seu presidente Teodoro Obiang assumiu o compromisso de “defender os estatutos” e “atuar conforme os seus princípios e objetivos”, dentre eles acabar com a pena de morte no país.
Na sequência, ONGs suspenderam funções na CPLP depois de adesão da Guiné Equatorial. Uma das Plataformas lamentou “profundamente a deliberação unânime sobre a adesão da Guiné Equatorial como membro de pleno direito na CPLP”, que, em seu entender, viola os estatutos da organização, regidos pelos princípios do primado da paz, da democracia, do Estado de Direito, dos direitos humanos e da justiça social.
Mencionado em diversos jornais como um ditador, o presidente está a frente do país há 35 anos. De acordo com notícia avançada pelo jornal O Globo, uma comitiva de 40 pessoas da Guiné Equatorial deve assistir ao desfile na Marques de Sapucaí. Ainda segundo o Globo, a comitiva teria reservado sete suítes no Copacabana Palace.
O seu filho deve participar da comitiva no Brasil. Filho e vice-presidente do país, Teodoro Obiang Mangue, conhecido como Teodorín, é juntamente com o pai acusado por organizações internacionais de violações dos direitos humanos, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Após 22 anos, a Beija-Flor ficou de fora do desfile das campeãs no Carnaval de 2014. A útlima vez que isso havia acontecido foi em 1992, quando Joãosinho Trinta ainda era o carnavalesco da escola. Entre esse período, a agremiação chegou a conquistar sete campeonatos.
Para tentar ser a primeira em 2015 e tentar o 23º campeonato, a escola de Nilópolis vai apresentar este enredo e uma integrante da comissão explica a escolha. “A Guiné é um país recente e o nosso parceiro para o carnaval 2015. E estudando a história do país e da cultura, a comissão entendeu que a história da África e desse país é muito maior do que falar das últimas cinco décadas. Griô é o escolhido pela tribo pra ser o guardião da memória daquele povo. Então, a gente fala que o Griô conta a história de uma África primitiva antes da independência da Guiné Equatorial”, diz Bianca Behrends.