Mundo Lusíada
Com agencias
O último sábado em Portugal foi de homenagens às mais de 100 vítimas dos incêndios deste ano no país, reunindo a população em várias cidades. Porto, Coimbra, Viseu e Viana do Castelo reuniram portugueses com cartazes diversos chamando atenção das autoridades. No Pinhal de Leiria, um cordão humano uniu-se contra os incêndios.
Segundo a imprensa portuguesa, milhares se juntaram na tarde de sábado, no Terreiro do Paço em Lisboa, para dizerem basta aos incêndios, com cartazes em homenagem às vítimas. Os participantes cantaram o hino e fizeram um minuto de silêncio.
Mais de 1.500 concentraram-se no Rossio de Viseu, numa manifestação silenciosa intitulada ‘Portugal contra os Incêndios’, onde despontaram vários cartazes e algumas rosas brancas, em memória das 44 vítimas mortais do domingo anterior.
No Porto, mais de um milhar de pessoas concentrou-se na avenida dos Aliados para dizer “Basta!” aos incêndios florestais e demonstrar solidariedade com as vítimas dos fogos. “Não queremos que volte a acontecer!”, Bombeiro, amigo, Portugal está contigo”, “Morremos quando a floresta morre”, “Basta!” e “Pela defesa do patrimônio florestal” eram algumas frases inscritas em cartazes presentes na manifestação do Porto, na qual se bateram palmas e se cantou hino nacional.
Duas centenas de pessoas pediram em Coimbra “Respeito por Portugal”, numa iniciativa pacífica de homenagem às vítimas. Num ambiente tranquilo, as pessoas reuniram-se na praça 8 de Maio, e, depois de cinco minutos de silêncio, uma salva de palmas e a entoação de “A Portuguesa”, foram discursando livremente, com constantes apelos a uma reforma florestal efetiva, que consiga atenuar os efeitos dos incêndios.
Com flores brancas e alguns pequenos cartazes – “Fim do negócio do fogo”, por exemplo -, vários dos presentes na ação simbólica assinaram também uma petição com diversas propostas, a entregar na Assembleia da República.
As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 44 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.
Presidente emocionado com a luta
O Presidente português confessou-se “muito emocionado” pela capacidade de luta das populações afetadas pelos incêndios mas, ao mesmo tempo, diz que sente como se tivesse levado “uma sova monumental” face à tragédia.
Em declarações aos jornalistas em São Pedro de Alva, Penacova, após ter visitado, nos últimos dias, 14 concelhos do interior centro do país, todos municípios que registaram vítimas mortais, Marcelo Rebelo de Sousa classificou a sua deslocação como um “suplemento de alma” às populações atingidas pelos incêndios, adiantando que terminou a visita emocionado e impressionado.
“Muito emocionado pela capacidade de luta das pessoas, por aquilo que elas me contaram, como lutaram e estão a lutar. Ao mesmo tempo como quem leva uma sova monumental, como se fosse atropelado por não sei quantos camiões TIR porque cada drama, cada problema, cada testemunho, impressiona muito”, disse o Presidente da República.
Nos dois últimos dias, o chefe de Estado percorreu cerca de 750 km em quatro concelhos do distrito de Coimbra (Pampilhosa da Serra, Arganil, Tábua e Penacova) e no da Sertã (Castelo Branco), uma mancha imensa, contínua, de destruição de floresta, quintais e terrenos agrícolas mas também de centenas de habitações.
A cada paragem na estrada, a cada povoação afetada pelas chamas, em cada corporação de bombeiros que fez questão de visitar, sempre acompanhado por Presidentes de Câmara e autarcas locais – mas não por “assessores, consultores e teóricos” que ficaram em Lisboa, brincou – Marcelo Rebelo de Sousa foi exprimindo palavras de ânimo, conforto e agradecimento.
Foi assim, também, em vários centros de recolha de bens que nasceram, em vários locais, num ápice, após os incêndios de 15 e 16 de outubro.
Marcelo visitou vários, como um na Pampilhosa da Serra onde viu loiça “pela primeira vez”, outro em Midões, concelho de Tábua, em que destacou a quantidade de material escolar, livros e brinquedos que ali encontrou, tudo por força de dádivas aos mais necessitados, ou em Penacova, três pavilhões “cheios de tudo o que se pudesse imaginar”.