Primeiro-ministro declara situação de calamidade, e promete não “largar estes criminosos” incendiários

Mundo Lusíada com Lusa

 

Neste dia 17, o primeiro-ministro anunciou que será criada “uma equipe especializada” para investigar criminalmente a origem dos incêndios dos últimos dias, falando em “coincidências a mais” e “interesses particulares”.

O Governo português declarou a situação de calamidade em todos os municípios afetados, disse o primeiro-ministro Luis Montenegro, no final de um Conselho de Ministros extraordinário convocado para analisar “toda a situação relativa aos incêndios e às suas consequências”, numa reunião presidida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

A lei determina que a situação de calamidade é declarada pelo Governo, mediante resolução do Conselho de Ministros.

O primeiro-ministro explicou que a declaração da situação de calamidade vai permitir que a equipa multidisciplinar do Governo – coordenada pelo ministro Adjunto e da Coesão Territorial Manuel Castro Almeida – possa “oferecer o apoio mais imediato e urgente àqueles que não têm em casa um abrigo, um alojamento para os próximos dias, àqueles que ficaram sem meios de subsistência para se alimentarem, para se vestirem, para terem acesso às mais elementares necessidades do dia a dia”.

“No âmbito desta situação de calamidade nestes territórios, estamos já a trabalhar também com as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, com o Instituto Nacional de Estatística, no elenco de todos os prejuízos que estão a ser causados, para que a resposta possa ser o mais rápida possível”, assegurou.

O primeiro-ministro reiterou que “há pessoas que ficaram sem casa, há pessoas que ficaram impedidas de ir trabalhar, há empresas que estão inibidas de poder produzir”.

“As portuguesas e os portugueses e as empresas são elementos de bravura do povo português e, portanto, merecem dos poderes públicos e do Governo em particular que haja celeridade, agilidade para todas as respostas que são necessárias”, disse.

Montenegro afirmou, tal como tinha feito na segunda-feira, que o Governo está “bem consciente que as horas difíceis ainda não acabaram”.

“Ainda vamos ter de continuar a dar tudo aquilo que temos e a pedir ajuda aos nossos parceiros e amigos para podermos reforçar a proteção das pessoas e do patrimônio”, alertou.

O primeiro-ministro começou a sua declaração, sem direito a perguntas, por agradecer ao Presidente da República “a expressão da sua solidariedade institucional e estratégica”.

“Em segundo lugar, reiterar o nosso pesar pela partida de três bravos bombeiros que estavam ao serviço de todos nós, expressar neles a gratidão a todos os que estão ainda no terreno a proteger as pessoas e o patrimônio dos portugueses”, disse, prometendo que o Governo não vai “baixar os braços”.

O Presidente da República expressou “solidariedade estratégica” e o seu acordo em relação às decisões do Governo no combate aos incêndios, e defendeu que não se pode “ter a tentação da facilidade”.

“Estamos todos juntos”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, perante a comunicação social, na residência oficial de São Bento, em Lisboa, no fim da reunião extraordinária. “Queria dizer que concordo com essas deliberações, boa parte delas da competência exclusiva do Governo, não exigindo, portanto, a participação direta do Presidente da República, por não exigirem iniciativas de leis”.

O Presidente da República referiu que está ao lado do Governo neste momento, não por “mera solidariedade institucional” entre órgãos de soberania, mas num gesto de “solidariedade estratégica”.

“Estão juntos os portugueses, estão juntos os operacionais, estão juntos autarcas, estamos juntos órgãos de soberania na mesma causa, e essa causa é uma causa nacional. E é isso que, para além da concordância com o conteúdo, significa uma solidariedade estratégica e não apenas institucional”, reforçou.

Marcelo Rebelo de Sousa manifestou a expectativa de que a situação dos incêndios melhore até ao fim de semana, pelo efeito do combate de populações e operacionais e da evolução favorável das condições meteorológicas, mas desaconselhou facilitismo.

“Não podemos ter a tentação da facilidade”, defendeu.

Devido aos incêndios no norte do país, a cidade do Porto esteve hoje coberta por um manto de fumo intenso, 17 de setembro de 2024. A Proteção Civil estima que arderam pelo menos 10 mil hectares na Área Metropolitana do Porto e na região de Aveiro. JOSÉ COELHO/LUSA

Situação

Desde domingo, já morreram sete pessoas e cerca de 40 ficaram feridas, duas com gravidade, nos incêndios que atingem as regiões norte e centro do país, em concelhos como Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha e Sever do Vouga, no distrito de Aveiro, que destruíram dezenas de casas e obrigaram a cortar estradas e autoestradas, como a A1, A25 e A13.

As mais recentes vítimas são três bombeiros que morreram hoje num acidente quando se deslocavam para um incêndio em Tábua, distrito de Coimbra.

Cerca de 6.200 operacionais, apoiados por 1.900 meios terrestres e 38 meios aéreos, combatiam às 18:40 de hoje os 172 incêndios ativos em Portugal Continental, de acordo com a Proteção Civil. Os fogos que lavram há vários dias no distrito de Aveiro são os que mobilizam mais operacionais e meios.

A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 62 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que indica que nas regiões norte e centro, desde o fim de semana, já arderam 47.376 hectares.

 

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