Presidentes assistiram ao lado de Bolsonaro desfile do 07 de Setembro

Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa (5E), e o seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro (3E), durante o desfile cívico militar do Bicentenário da Independência do Brasil nas ruas de Brasília, Brasil, 7 de setembro de 2022. MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Da Redação com Lusa

O chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, assistiu nesta quarta-feira ao desfile cívico-militar do 07 de Setembro, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, no centro da tribuna, ao lado do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

Marcelo Rebelo de Sousa ficou a maior parte do tempo entre o Presidente e o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, enquanto os chefes de Estado de Cabo Verde, José Maria Neves, e da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, além do secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa, ficaram junto à primeira-dama Michelle Bolsonaro.

A cerimônia institucional com ambiente de campanha eleitoral, perante uma multidão vestida de verde e amarelo, durante a qual se ouviram gritos de apoio a Bolsonaro.

Durante algum tempo, o lugar do chefe de Estado português na tribuna foi tomado pelo empresário brasileiro Luciano Hang, apoiante de Bolsonaro, que teve acesso ao espaço do próprio desfile, onde foi saudar a multidão.

O desfile cívico-militar do feriado em que se comemora a independência do Brasil em relação a Portugal, proclamada há 200 anos, durou cerca de duas horas. Altas entidades brasileiras como os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Suprem Tribunal Federal não compareceram.

Na Esplanada dos Ministério desfilaram desde viaturas militares a tratores e outras máquinas agrícolas e carros de bombeiros. Aeronaves e helicópteros militares cruzaram o céu de Brasília.

No início da cerimônia, ouviu-se o hino nacional brasileiro e depois o hino da independência do Brasil, cuja autoria é atribuída a D. Pedro, em que se canta “ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil”, e o tema “Minha pátria para Cristo”.

Terminado o desfile, Bolsonaro deslocou-se até um carro de som noutro ponto da Esplanada dos Ministérios de onde fez um discurso de campanha em que alegou ter combatido a corrupção e ter colocado o Brasil com uma “economia pujante”.

Declarando que foi Deus quem lhe deu a visão para comandar o país nos últimos quatro anos, Bolsonaro defendeu que está em causa nesta eleição “uma luta do bem contra o mal”.

Marcelo Rebelo de Sousa chegou na terça-feira à capital brasileira para participar nas comemorações dos 200 anos da independência do Brasil, a convite de Bolsonaro, com quem teve um encontro bilateral de cerca de 20 minutos no Palácio Itamaraty.

A noite, o Presidente português irá oferecer um jantar aos representantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) presentes na capital brasileira, terá um encontro com a comunidade portuguesa e um jantar oferecido pelo presidente do Senado Federal brasileiro, Rodrigo Pacheco.

O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, segunda figura do Estado português,que foi convidado pelo presidente do Senado para as comemorações do bicentenário da independência do Brasil, também deverá estar nesse jantar.

Momento histórico

À imprensa, o presidente português destacou momento histórico do bicentenário, sem “desconfortos” com relação a questões políticas no país. “Eu estou aqui para representar Portugal num momento histórico, fosse qual fosse o Presidente. As pessoas têm de perceber o seguinte: a campanha eleitoral dura X tempo, o mandato do Presidente dura muito mais e a História de 200 anos dura muito mais. E o que fica para a História é que Portugal esteve presente num momento histórico”, declarou.

“Eu venho aqui num gesto histórico. Este é um momento histórico, e não é histórico por haver uma eleição, é histórico porque são 200 anos de vida de um Brasil independente, que é um orgulho para nós”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa à agencia Lusa.

O Presidente português argumentou ainda que “Portugal tem relações diplomáticas com democracias e com ditaduras”, referindo que recebeu chefes de Estado e visitou países “independentemente de os regimes serem parecidos ou não, de as personalidades serem parecidas ou não, de as conjunturas políticas serem parecidas ou não”.

“O que interessa é que há um milhão de portugueses a viver no Brasil e há 250 mil brasileiros a viver em Portugal, e esses continuarão a viver qualquer que seja o Presidente, qualquer que seja o Governo, e a minha função é representar a nação portuguesa”, defendeu.

Marcelo Rebelo já visitou juntamente com Sissoco Embaló o espaço onde está exposto o coração de D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal, conservado em formol e guardado numa cápsula de vidro, que foi trazido do Porto especialmente para esta ocasião.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que “seria incompreensível que Portugal não estivesse representado ao mais alto nível” nas comemorações dos 200 anos do Brasil e rejeitou a possibilidade de ficar associado à campanha eleitoral brasileira, sustentando que “são duas coisas completamente separadas”.

Na quinta-feira, haverá uma sessão solene no Congresso Nacional, em que Marcelo Rebelo de Sousa irá discursar.

O programa do Presidente português no Brasil termina com uma recepção à comunidade portuguesa no Navio Escola Sagres, no Rio de Janeiro, na sexta-feira.

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