Para Portugal, este é o melhor momento para abrigar a Conferência dos Oceanos

Da Redação com agencias

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, abriu a Conferência dos Oceanos da ONU dizendo que o evento no país acontece no melhor lugar, no melhor momento e na melhor abordagem. Falando aos participantes em inglês, ele ressaltou que a reunião deve ser de desconfinamento e ambição.

Em seu discurso, Marcelo Rebelo de Sousa disse que com base nos acordos, nas negociações e nos desfechos recentes, a capital portuguesa era o melhor sítio. Ele apontou que esta é a melhor ocasião, tendo em conta a realidade da pandemia e da guerra. Mas destacou que estes fatores não podem servir de pretexto para se esquecer o longo problema dos desafios estruturais em relação aos mares, o foco da reunião.

Ao saudar os representantes globais, Marcelo Rebelo de Sousa disse que o mundo deve acreditar e lutar por um planeta mais cooperativo, numa abordagem aos problemas a ser feita com base no multilateralismo.

O pronunciamento do presidente ressaltou haver outros elementos essenciais a ter em conta nos debates como convergência, diálogo, tolerância, convergência, multilateralismo instituições globais.

Portugal destaca que as ações para lidar com a crise climática e o oceano são exemplos de uma abordagem que agrega tanto os países desenvolvidos como as nações economicamente menos favorecidas.

Economia dos oceanos

Já o Presidente do Quênia, Uhuru Kennyatta, apelou à construção urgente de uma economia baseada nos oceanos, defendendo que, se forem mais bem geridos, poderão produzir seis vezes mais alimentos e 40 vezes mais energia renovável.

“Precisamos urgentemente de construir uma economia baseada nos oceanos, onde a proteção eficaz, a produção sustentável e a prosperidade equitativa vão de mãos dadas. Estas ações devem ser tomadas coletivamente porque o oceano é um bem comum global”, disse o chefe de Estado queniano, na abertura da Conferência dos Oceanos, organizada em conjunto por Portugal e pelo Quênia e que hoje começou em Lisboa.

No seu discurso, após ser eleito, juntamente com Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, Kenyatta defendeu que, se o oceano for gerido de forma mais sustentável, pode “produzir até seis vezes mais comida, gerar 40 vezes mais energia renovável do que atualmente, e ajudar a tirar da pobreza milhões de pessoas em todo o mundo”.

“No oceano, portanto, reside um grande risco, bem como uma grande oportunidade. O peso da escolha está em cada um de nós”, disse.

O Presidente do Quênia sublinhou ainda que o objetivo de desenvolvimento sustentável (ODS) 14, que prevê a conservação e uso sustentável dos oceanos, é o mais subfinanciado dos 17 ODS.

“O oceano é o recurso mais subestimado do nosso planeta. A maioria de nós não compreende quão central é o oceano para a existência humana”, lamentou Kenyatta.

Recomendações

O secretário-geral das Nações Unidas deu as boas-vindas esta segunda-feira às delegações de mais de 130 países que participam do evento, em Lisboa. Na abertura do evento de alto-nível, António Guterres agradeceu aos “governos de Portugal e do Quênia”, ressaltando que são dois países com “longa tradição marítima”, por organizarem a conferência.

O chefe da ONU disse que partilha com os seus concidadãos portugueses uma especial afinidade com o mar. Ele citou o poeta Fernando Pessoa: “Deus quis que a terra fosse toda uma, que o mar unisse, já não separasse. Faço, pois, votos para que esta Conferência represente um momento de unidade e aproximação entre todos os Estados-membros, gerado em torno dos assuntos do mar e da proteção e preservação dos Oceanos.”

António Guterres lamentou que o oceano não foi valorizado e atualmente, o mundo enfrenta o que ele chama de “Emergência Oceânica”. Para isso, é preciso “mudar a maré”, uma vez que “o aquecimento global está levando as temperaturas do oceano a níveis recorde, criando tempestades mais frequentes e mais fortes”.

O secretário-geral citou vários problemas: aumento do nível do mar, acidificação dos oceanos, branqueamento dos corais, degradação de manguezais e poluição. Guterres afirmou que “quase 80% das águas residuais são descartadas no mar sem tratamento” e por ano, “8 milhões de toneladas de plástico vão parar nos oceanos”.

O chefe da ONU pede “ação drástica” para que o volume de plástico não supere o total de peixes nos oceanos em 2050. Na abertura da Conferência dos Oceanos, o secretário-geral mencionou também o problema da pesca excessiva, que está “acabando com os estoques de peixes” e fez um apelo aos governos, ao lembrar “não ser possível ter um planeta saudável sem um oceano saudável”.

Já no dia 26, o MNE português e o Sub Secretário-geral das Nações Unidas, Liu Zhenmin, discursaram na cerimônia oficial do hastear das bandeiras de Portugal e da Organização das Nações Unidas. “Esperamos que esta Conferência dê um impulso decisivo na transformação da nossa relação com o Oceano”, referiu o Ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.

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