Da redação com Lusa
O número de casos confirmados de Monkeypox subiu para 37 e estão distribuídos pelas regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Norte e Algarve, anunciou hoje a DGS, adiantando que os doentes estão “estáveis e em ambulatório”.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) adianta, em comunicado, que foram confirmados mais 14 casos de infecção humana por vírus Monkeypox pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), o que fez aumentar para 37 o número total de casos confirmados até ao momento em Portugal.
“Entre as amostras disponíveis, foi identificada, através de sequenciação, a clade (subgrupo do vírus) da África Ocidental, que é a menos agressiva”, salienta.
Segundo a DGS, estão em curso os inquéritos epidemiológicos dos casos suspeitos que vão sendo detetados, com o objetivo de identificar cadeias de transmissão e potenciais novos casos e respectivos contatos.
Relativamente à situação dos doentes, a DGS refere que se mantêm “em acompanhamento clínico, encontrando-se estáveis e em ambulatório”.
A DGS aconselha as pessoas que apresentem lesões ulcerativas, erupção cutânea, gânglios palpáveis, eventualmente acompanhados de febre, arrepios, dores de cabeça, dores musculares e cansaço, a procurar aconselhamento médico.
“Reforçam-se as medidas a implementar perante sintomas suspeitos, devendo os indivíduos abster-se de contacto físico direto com outras pessoas e de partilhar vestuário, toalhas, lençóis e objetos pessoais enquanto estiverem presentes as lesões cutâneas, em qualquer estadio, ou outros sintomas”, acrescenta.
A DGS continua a acompanhar a situação a nível nacional em articulação com as instituições europeias.
A doença rara, que tem o nome do vírus, é endêmica na África Ocidental e Central, mas menos perigosa que a varíola, erradicada do mundo há 40 anos.
O vírus Monkeypox foi descoberto pela primeira vez em 1958 quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colônias de macacos mantidos para investigação, refere o portal do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês).
Não sendo os macacos o reservatório natural do vírus, que permanece desconhecido, especialistas consideram que é incorreto designar a doença ou a infecção como “varíola dos macacos”.
Contudo, os macacos e roedores africanos podem alojar o vírus e infectar pessoas, adianta o CDC.
O primeiro caso humano de infecção com o vírus Monkeypox foi registado em 1970 na República Democrática do Congo, durante um período de esforços redobrados para erradicar a varíola. Desde então, vários países da África Central e Ocidental reportaram casos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o recente surto de Monkeypox afeta 12 países, onde foram notificados 92 casos.
Segundo o CDC, as infecções em pessoas que ocorreram fora de África estão ligadas a viagens internacionais ou a animais importados.
O período de incubação (tempo desde a infeção até ao aparecimento dos sintomas) do vírus “Monkeypox” é geralmente de 7 a 14 dias.
A doença dura, em média, duas a quatro semanas e em África mata até uma em cada 10 pessoas, de acordo com o CDC.
Apesar de a doença não requerer uma terapêutica específica, a vacina contra a varíola, antivirais e a imunoglobulina vaccinia (VIG) podem ser usados como prevenção e tratamento para a Monkeypox.
Na Europa
O Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças (ECDC) recomendou hoje aos países que atualizem os meios de rastreio e diagnóstico para o vírus Monkeypox, quando já existem 85 casos em oito Estados-membros da União Europeia (UE).
Num relatório de avaliação de riscos, hoje divulgado, o ECDC pede aos países da UE e do Espaço Econômico Europeu que “se concentrem na rápida identificação, gestão, localização de contatos e notificação de novos casos de Monkeypox”.
“Os países devem também atualizar os seus mecanismos de rastreio de contatos, a capacidade de diagnóstico […] e rever a disponibilidade de vacinas contra a varíola, antivirais e equipamento de proteção pessoal para profissionais de saúde”, acrescenta.
Dados do ECDC revelam que, entre 15 e 23 de maio, foram comunicados 85 casos de Monkeypox em oito Estados-membros da UE, entre os quais Bélgica, França, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia.
Explicando que a “transmissão pode ocorrer através de contacto próximo de mucosa ou pele não intacta com material infeccioso das lesões ou através de grandes gotículas respiratórias durante o contacto prolongado face a face”, o centro europeu admite também risco de transmissão sexual.
Citada pela nota, a diretora do ECDC aponta “maior propagação do vírus através de contacto próximo”, embora frise que “a maioria dos casos atuais apresentem sintomas ligeiros de doença e, para a população em geral, a probabilidade de propagação é muito baixa”.