Nenhum dos casos de Mpox reportados em Portugal é da variante mais perigosa

Da Redação com Lusa

 

A Direção-Geral da Saúde (DGS) esclareceu neste dia 16 que nenhum dos casos de monkeypox (mpox) reportados em Portugal é da variante mais perigosa da doença (clade I), que apareceu na quinta-feira pela primeira vez na Suécia.

Em resposta à agência Lusa, a DGS explica que “todos os casos reportados em Portugal são da clade I IIb do vírus monkeypox, não tendo sido identificado nenhum caso pela clade I”.

Na quinta-feira, depois de a Suécia ter registrado o primeiro caso de uma variante mais contagiosa e perigosa da doença, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou para a possibilidade de serem detetados na Europa outros casos importados de mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos.

Segundo a DGS, entre 01 de junho de 2023 e 31 de julho de 2024, foram reportados em Portugal 244 casos de mpox.

Entre maio e julho de 2024 foram reportados três novos casos.

A DGS alerta ainda para a importância da deteção precoce de casos, do diagnóstico e dos mecanismos de prevenção e controlo, visando a redução de cadeias de transmissão quando aparecem novos casos.

A autoridade de saúde recomenda igualmente a vacinação preventiva da população com maior risco de infeção.

Em Portugal, o primeiro alerta para a doença data de 03 de maio de 2022, com a confirmação laboratorial pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), de cinco casos do vírus mpox.

Em junho de 2023, foi identificado um segundo surto, ao fim de três meses sem casos reportados no país.

Neste segundo surto, mantém-se o perfil epidemiológico e clínico do primeiro. A quase totalidade dos casos são homens, com idades entre os 19 e os 64 anos.

Desde o início da disponibilidade de vacinas (a 16 de julho de 2022) e 31 de julho deste ano, foram vacinadas 9.391 pessoas. Das 16.706 inoculações, 15.400 (92%) ocorreram em contexto de pré-exposição, segundo o último relatório das autoridades de saúde.

A OMS já tinha declarado, na quarta-feira, o surto de mpox em África como emergência global de saúde, com casos confirmados entre crianças e adultos de mais de uma dezena de países e uma nova variante em circulação.

Esta é a segunda vez em dois anos que a doença infecciosa é considerada uma potencial ameaça para a saúde internacional, um alerta que foi inicialmente levantado em maio do ano passado, depois de a sua propagação ter sido contida e a situação ter sido considerada sob controlo.

A nova variante pode ser facilmente transmitida por contato próximo entre dois indivíduos, sem necessidade de contacto sexual, e é considerada mais perigosa do que a variante de 2022.

O mpox transmite-se sobretudo pelo contacto próximo com pessoas infetadas, incluindo por via sexual.

Ao contrário de surtos anteriores, em que as lesões eram visíveis sobretudo no peito, mãos e pés, a nova estirpe causa sintomas moderados e lesões nos genitais, tornando-o mais difícil de identificar, o que significa que as pessoas podem infetar terceiros sem saber que estão infetadas.

O mpox foi descoberto pela primeira vez em seres humanos em 1970, na atual RDCongo (antigo Zaire), com a propagação do subtipo Clade I (do qual a nova variante é uma mutação), que desde então tem estado principalmente confinado a países da África Ocidental e Central, onde os doentes são geralmente infetados por animais infetados.

Em 2022, uma epidemia mundial do subtipo clade II propagou-se a uma centena de países onde a doença não era endêmica, afetando principalmente homens homossexuais e bissexuais.

Sem pânico

OMS pediu hoje para uma resposta internacional unificada, perante a identificação da nova variante do vírus Mpox na Europa e que as pessoas não entrem em pânico com exemplos “alarmistas”.

“A identificação da primeira infeção da clade (variante) 1b do Mpox na Suécia sublinha a necessidade de os países afetados combaterem o vírus em conjunto”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O responsável encorajou todos os países a melhorar a vigilância, a partilhar os dados de que dispõem e a trabalharem para compreender melhor a transmissão, bem como a partilhar as vacinas de que dispõem.

A porta-voz da OMS, Margaret Harris, disse aos repórteres internacionais em Genebra que não havia necessidade de entrar em pânico devido aos relatos que circulam de pessoas que foram infetadas apenas por apertarem a mão a alguém que estava infetado mas que ainda não apresentava erupções cutâneas.

“Muitas vezes temos este tipo de exemplos alarmistas, mas esta doença propaga-se através de um contacto muito próximo, que vemos nos lares, de mães para filhos, através de relações sexuais ou através da roupa de cama ou da roupa de alguém que está infetado”, explicou.

“Muitas vezes, é quando as bolhas são visíveis e há líquido nas bolhas”, disse.

Um dia depois da notificação do caso sueco, as autoridades paquistanesas comunicaram, hoje, o primeiro caso confirmado de varíola na Ásia desde que a OMS declarou uma emergência global para a doença.

“Foi confirmado que um paciente tem o vírus da varíola”, disse à agência de notícias EFE o porta-voz do Ministério da Saúde, Sajid Shah, acrescentando que o paciente tinha regressado recentemente de um país do Golfo.

A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV) afirmou, hoje, em Genebra, que a doença afeta particularmente as comunidades marginalizadas, que necessitam de informação clara sobre a forma de se protegerem e de identificarem os sintomas.

Também precisam de ser convencidas a procurar assistência médica quando há sinais de infecção e, para isso, o estigma em torno da doença, que é a principal razão pela qual as pessoas não procuram ajuda, deve ser combatido.

A especialista em emergências sanitárias da FICV, Bronwyn Nichol, disse que não era de surpreender que o vírus tivesse aparecido na Europa, mas sublinhou que isso não deveria desencorajar os países com reservas de vacinas a doar para África, onde o vírus está a circular amplamente.

De acordo com a OMS, existe atualmente meio milhão de uma das duas vacinas que foram desenvolvidas em processos rápidos contra o Mpox, podendo ser produzidas mais 2,5 milhões de doses no próximo ano.

Deixe uma resposta