Milhares de pessoas prestam homenagem à Rainha, Carlos III será proclamado Rei

Da Redação com agencias

Milhares de pessoas visitam o Palácio de Buckingham em Londres desde quinta-feira para prestar homenagem à Rainha Isabel II, que morreu aos 96 anos, mostrando emoção e respeito por uma personalidade histórica.

A multidão convergiu para o local mesmo sem nada se passar na residência oficial da Rainha em Londres, uma vez que a monarca morreu no Castelo de Balmoral, na Escócia.

“É o fim de uma era, é simplesmente muito triste”, afirmou, de voz embargada, a londrina Susan Deliss em declarações à agência Lusa, elogiando os valores de “tradição, lealdade, dignidade” de uma pessoa “incrível”.

Esta londrina decidiu visitar o palácio esta noite para “prestar homenagem” e partilhar com mais pessoas o “momento nervoso” e de “mudança” que a morte da monarca representa. “Esperemos que ela não represente o fim desses valores, que fazem do Reino Unido um bom sítio para se viver”, afirmou.

Ao lado de Susan, o seu marido, Max, disse que admirava a “auto disciplina” e a “extrema energia” da Rainha Isabel II, que “trabalhava incansavelmente”.

Apesar de ter vindo a delegar vários compromissos nos últimos tempos, Isabel II cumpriu deveres constitucionais até terça-feira, quando aceitou a demissão de Boris Johnson e indigitou a sucessora Liz Truss como primeira-ministra.

“Ela era uma Rainha espetacularmente boa, muito rija”, afirmou Deliss.

Para Brian Duffy, a Rainha “era a matriarca do país, que liderou no pós-guerra com dedicação”, pelo que, estando de passagem em Londres de regresso a Hong Kong, não quis deixar de “vir aqui neste momento histórico”.

Amar e Pavan, de origem indiana, referem como o respeito pela Rainha se estende ao longo de várias gerações.

“Os nossos pais e até os nossos avós admiram-na. Ela tem sido uma constante na nossa vida que todos respeitamos. Os nossos pais vieram [para o Reino Unido] como imigrantes e ela apoiou-os, por isso sentimos que se trata de um momento triste”, disse Pavan.

Na multidão era possível escutar muitos idiomas diferentes, indicando que parte da multidão era composta por turistas, como Greta, da Noruega.

“Este é o nosso primeiro dia em Londres e sentimos que devíamos vir aqui e mostrar aos ingleses e à Rainha respeito. Ela era uma mulher que trabalhava arduamente e alguém que é um exemplo para toda a gente”, disse à Lusa.

Elizabeth Alexandra Mary Windsor nasceu em 21 de abril de 1926, em Londres, e tornou-se Rainha de Inglaterra em 1952, aos 25 anos, na sequência da morte do pai, George VI, que passou a reinar quando o seu irmão abdicou.

Carlos Rei

Após a morte da monarca, o seu filho primogênito assume aos 73 anos as funções de rei como Carlos III.

Carlos será oficialmente proclamado Rei na manhã de sábado, anunciou o Palácio de Buckingham, indicando que a cerimónia começará às 10:00 locais (mesma hora em Portugal) no Palácio de Saint James, em Londres.

Segundo o protocolo da proclamação avançado pelo Palácio de Buckingham, na sequência da morte, na primeira parte, o Conselho Privado, sem a presença do rei, proclamará o soberano e aprovará formalmente várias ordens consequentes, incluindo os preparativos para a proclamação.

Na segunda parte, o rei passará a liderar o Conselho Privado, onde fará uma declaração, lerá e assinará o juramento para defender a segurança da Igreja na Escócia e aprovará Ordens no Conselho que facilitem a continuidade do governo.

O Conselho de Adesão será seguido pela Proclamação Principal, que será lida às 11:00 locais na varanda no Palácio de Saint James. A Proclamação será lida pelo Rei das Armas da Jarreteira, acompanhado pelo Cone Marechal, por outros oficiais de armas e pelos sargentos de armas.

Esta será a primeira leitura pública da Proclamação. Tal como protocolado, a segunda Proclamação será lida na cidade de Londres, no Royal Exchange, às 12:00. Outras Proclamações serão lidas na Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales às 12:00 do dia seguinte, domingo.

Em reconhecimento ao novo Soberano, as bandeiras serão hasteadas a pleno haste desde o momento da Proclamação Principal no Palácio de Saint James até uma hora após as Proclamações na Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales, após o que as bandeiras voltarão a meio haste em luto pela morte de Isabel II.

Líderes mundiais

Líderes brasileiros e mundiais lamentaram a morte da Rainha Elisabeth II. O presidente Jair Bolsonaro decretou luto oficial de três dias, publicado em edição extraordinária do Diário Oficial da União.

“Muitas vezes, a eternidade nos surpreende, tirando de nós aqueles que amamos, mas, hoje, foi a vez da eternidade ser surpreendida com a gloriosa chegada de Sua Alteza, a Rainha do Reino Unido. Que Deus a receba em sua infinita bondade e conforte sua família e o povo britânico”, escreveu Bolsonaro na rede social Twitter.

Em nota oficial, o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, informou ter recebido “com tristeza” a notícia do falecimento. “Elizabeth II vivenciou alguns dos momentos mais importantes da história da humanidade. Cumpriu seu papel constitucional com louvor e foi um exemplo de estadista. Em nome do Congresso Nacional brasileiro, presto condolências à família e a todo o povo do Reino Unido”, escreveu Pacheco.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, também se manifestou. “Ao transmitir nossas condolências ao povo britânico e a sua família real, relembro as históricas ligações entre o Brasil e o Reino Unido, que datam desde os primeiros anos de nossa vida como nação independente e que se fortaleceram enquanto a Rainha Elizabeth reinou”, diz a mensagem de Lira na rede social Twitter.

Os principais líderes mundiais manifestaram condolências e ressaltaram a importância da rainha no cenário internacional. Empossada na última terça-feira (6) como primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss soltou nota oficial na qual diz que “a Rainha Elisabeth II era a rocha sobre a qual a Grã-Bretanha moderna foi construída”. Segundo a premiê, é uma grande perda, mas a Rainha Elisabeth II deixa um grande legado.

O último compromisso oficial da monarca ocorreu dia 6, com a transmissão do cargo de primeira-ministra para Liz Truss. A cerimônia foi rápida e ocorreu no Castelo de Balmoral, na Escócia, porque a rainha não pôde viajar a Londres.

“Conhecemos a rainha em 1982, viajando para o Reino Unido como parte de uma delegação do Senado [norte-americano]. No total, ela conheceu 14 presidentes americanos. Ela ajudou os americanos a comemorar o aniversário da fundação de Jamestown e o bicentenário de nossa independência”, declarou, em nota oficial, o presidente norte-americano Joe Biden, que lembrou a solidariedade da rainha após os atentados de 11 de setembro de 2001.

O presidente francês, Emmanuel Macron, ressaltou o importante papel da rainha na manutenção das relações amigáveis entre o Reino Unido e a França. “Sua Majestade, a Rainha Elizabeth II, incorporou a continuidade e a unidade da nação britânica por mais de 70 anos. Lembro-me dela como uma amiga da França, uma rainha de bom coração que deixou uma impressão duradoura em seu país e em seu século”, postou Macron no Twitter.

Também o Papa divulgou comunicado lamentando a morte da monarca. “Profundamente triste ao saber da morte de sua majestade, a rainha Elizabeth II. Ofereço de coração condolências a Vossa Majestade, aos membros da família real, ao povo do Reino Unido e à Comunidade Britânica. Eu me uno de bom grado a todos os que choram sua perda em orações pelo descanso eterno da falecida Rainha”.

O Presidente português já manifestou “profunda e sincera consternação” pela morte da rainha do Reino Unido, Isabel II, e elogiou o seu “exemplo de coragem” e “inabalável sentido de serviço público”, numa mensagem ao rei Carlos.

Também do Brasil, o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, enviou suas condolências ao agora Rei Charles III. A Família Imperial Brasileira e a Família Real Britânica mantêm relações cordiais, encontrando-se ocasionalmente em solenidades oficiais e reuniões familiares.

“Profundamente entristecido pela notícia do falecimento de Sua Majestade a Rainha, envio-lhe as minhas sinceras condolências, rogando a Deus Todo-Poderoso pelo eterno repouso de Sua alma e o consolo de Vossa Majestade e de sua Família” diz Príncipe Bertrand de Orleans e Bragança.

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