Incêndios: Imagem de satélite mostra dimensão de chamas em Odemira

Imagem captada na segunda-feira pelo satélite Sentinel-2, do programa europeu de observação da Terra Copernicus, mostrando uma área já devastada pelo fogo, em Odemira, sul de Portugal. Crédito Agência Espacial Europeia (ESA)

Mundo Lusíada com Lusa

A Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou hoje uma imagem que mostra a dimensão e violência do incêndio em Odemira, sul de Portugal, e da onda de fumo que se desprende e é soprada em direção ao mar.

A imagem foi captada na segunda-feira pelo satélite Sentinel-2, do programa europeu de observação da Terra Copernicus, mostrando uma área já devastada pelo fogo, a zona a arder, e uma nuvem de fumo denso que se estende para o mar e que a norte sobe quase até Vila Nova de Milfontes.

A imagem em cores reais foi sobreposta com informações dos canais de infravermelhos de ondas curtas dos instrumentos do satélite, para destacar as fontes emissoras de calor que, neste caso, se podem associar à frente de fogo.

O incêndio, que deflagrou no sábado em São Teotónio, concelho de Odemira, era ao início da tarde de hoje o mais preocupante, com uma área ardida de cerca de 7.000 hectares.

O comandante Nacional de Emergência e Proteção Civil, André Fernandes, disse que devido ao incêndio foram evacuadas 20 povoações e um parque de campismo, num total de 1.424 pessoas deslocadas, sendo que a maioria, retirada preventivamente do parque de campismo São Miguel, já regressou.

A ESA lembra as temperaturas elevadas dos últimos dias em Portugal e diz que nas últimas semanas outros países do sul da Europa se têm confrontado com temperaturas elevadas e incêndios.

De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, julho de 2023 foi o mês mais quente de que há registro, lembra ainda a ESA em comunicado.

A temperatura esteve 0,72°C acima da média observada entre 1991 e 2020 e 0,33°C maior que o recorde anterior, em julho de 2019. Os dados divulgados nesta terça-feira apontam que o último mês tenha sido cerca de 1,5°C mais quente do que a média de 1850 a 1900. Com isso, foram registradas ondas de calor em várias regiões do Hemisfério Norte, incluindo o sul da Europa, citou a ONUnews.

10 mil hectares

O incêndio rural que deflagrou no sábado em Odemira já atingiu 10 mil hectares, mantendo ao início da noite de hoje duas frentes ativas e obrigando as autoridades a cobrir um perímetro de 50 quilômetros, segundo a Proteção Civil.

Numa conferência de imprensa realizada pelas 19:30 no posto de comando instalado em São Teotónio, o comandante regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve, Vitor Vaz Pinto, explicou que a frente norte, em Odemira (distrito alentejano de Beja), não apresenta problemas graves.

Já a frente sul apresenta duas situações mais preocupantes, no cruzamento com os municípios algarvios de Aljezur e Monchique (distrito de Faro).

Com a mudança do quadrante do vento registrada ao final da tarde, disse o comandante, “o setor a sul vai ser mais exigente, também porque a orografia não permite colocar os meios aéreos onde são necessários”.

Ainda assim, e apesar de as autoridades reconhecerem haver variáveis que não podem ser controladas, é esperado um aumento da umidade, o que será favorável ao combate.

“Durante a tarde tivemos várias reativações que foram prontamente extintas pelas forças dispersas no terreno por mais de 50 quilômetros”, referiu o comandante, afirmando não ter até àquela hora a indicação de casas afetadas.

Segundo informação desta tarde do município de Aljezur, pelo menos uma habitação ardeu, além de pequenos anexos e outros edificados, e em Odemira a proprietária de um turismo rural disse à Lusa que a estrutura principal do alojamento ficou destruída.

Vítor Vaz Pinto atualizou no ‘briefing’ o número de pessoas deslocadas pela GNR de forma preventiva para 1.459 – muitas das quais foram levadas para os pontos de acolhimento definidos – e referiu que 36 pessoas, na maioria agentes de proteção civil, receberam assistência do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) no terreno.

Outras oito pessoas – cinco bombeiros e três civis – chegaram a receber atendimento hospitalar, sem configurar situações de gravidade.

Turismo

 A Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo disse que os danos causados pelo incêndio no concelho alentejano de Odemira, serão avaliados após o fogo estar controlado.

“Combinámos que logo que o incêndio esteja controlado e entre na fase de rescaldo, as entidades, com a Câmara Municipal de Odemira, o Turismo de Portugal e as entidades governamentais, irão avaliar os danos”, disse o presidente da ERT do Alentejo e Ribatejo, José Manuel Santos, em declarações à agência Lusa.

As chamas destruíram a estrutura principal do alojamento de turismo rural Teima, cuja proprietária, Luisa Botelho, disse à Lusa ter pedido ajuda, mas que ninguém apareceu.

“Pedi ajuda à GNR e aos bombeiros para nos socorrerem porque percebi que íamos arder. Tivemos de sair do espaço por volta das 13:00 de segunda-feira e à 17:30 estava desesperada sem noticias e fui por montes e vales e vi que a casa principal estava a arder e não havia um único bombeiro”, explicou Luisa Botelho, em declarações à agência Lusa.

Luísa Botelho diz não entender porque não foi socorrida quando a 500 metros do local as corporações de bombeiros estiveram a proteger o hotel Enigma das chamas.

Durante os dois primeiros dias em que o incêndio lavrava no concelho de Odemira, explicou, a situação esteve mais ou menos tranquila, mas os ventos mudaram de direção e o Teima acabou por ser atingido.

“Infelizmente, houve incêndios graves, mas felizmente o Turismo de Portugal já tem algumas respostas para estas catástrofes. Tem de se pensar como se pode ajudar as unidades, quer ao nível da reconstrução, quer ao nível da tesouraria”, disse José Manuel.

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