Da Redação
Com agencias
Um dos grandes problemas que Portugal enfrenta no verão, o fogo, que desde segunda-feira à tarde lavra no Parque Natural da Serra da Estrela, vem destruindo uma zona com “forte importância ambiental e paisagística”, segundo o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Em declarações à Lusa, o diretor do organismo no Centro, Rui Melo, explicou que o fogo avança para uma área de florestal plantada há cerca de 80 anos e cuja “regeneração poderá demorar vários anos a ser conseguida”.
“Naturalmente que estamos muito preocupados, designadamente com a área do Vale do Mondeguinho, porque estamos a falar de uma zona que tem forte importância ambiental, paisagística, florística, faunística e também turística”, disse o responsável do ICNF, entidade que tutela o Parque Natural da Serra da Estrela.
Rui Melo destacou que “foi feito um forte investimento na rede viária e de defesa da floresta contra incêndios” na área, lamentando que nem isso tenha impedido a progressão das chamas, e acrescentou que é “prematuro” adiantar uma extensão da área queimada, mas referiu que esta é “efetivamente muito grande”.
Já o vice-presidente da Câmara de Gouveia, concelho em que o fogo começou tendo depois alastrado ao concelho de Manteigas, adiantou que, “não havendo dados rigorosos, só no concelho de Gouveia já terão ardido mais de 800 hectares, essencialmente de mato”.
José Cardoso explicou que a principal preocupação se prende agora com o foco de incêndio junto ao cruzamento das Penhas Douradas. “Se as chamas passarem a estrada, fica em risco uma área intensamente reflorestada”, apontou, adiantando que até agora, naquele concelho, o fogo não ameaçou populações ou habitações.
De acordo com a Autoridade Nacional da Proteção Civil, o fogo – que começou às 14:46 de segunda-feira, em mato, na Senhora do Monte, na União das Freguesias de Aldeias e Mangualde da Serra, concelho de Gouveia, e que alastrou para o concelho de Manteigas, o fogo deve ser dominado esta quarta-feira, com ajuda de 390 operacionais e 125 viaturas no terreno.
Além dos bombeiros de várias corporações do país, no terreno estão ainda operacionais dos grupos de reforço para combate a incêndios florestais Centro/Sul, Faro, Aveiro e Coimbra, o grupo de reforço ampliado de Leira e equipes de reconhecimento e avaliação da situação.
O presidente da Câmara de Gouveia, Luís Tadeu, acredita que o fogo na Serra da Estrela não aconteceu acidentalmente. “Tenho a certeza absoluta que não foi por causas naturais”, garantiu o autarca à TSF.
Penacova
Um comunicado da Polícia Judiciária revelou que foi detido o responsável pelo incêndio de grandes proporções de Penacova. A Polícia Judiciária (PJ) anunciou, através de comunicado, a detenção de dois incendiários, um responsável pelo incêndio florestal em Penacova, no dia 10 de agosto, e o outro no concelho de Tábua, no dia 11 de agosto.
O primeiro suspeito, de 55 anos, é pedreiro, e utilizou “chama direta” para iniciar um foco de incêndio próximo de sua casa, “seguidamente foi dormir a sesta”, revela o mesmo comunicado. O homem foi responsável pelo início do incêndio no concelho de Penacova em que ardeu uma área superior a 120 hectares, tendo sido combatido por mais de 250 bombeiros.
O segundo suspeito, com a mesma idade e profissão, está indiciado pela prática de dois crimes de incêndio florestal, num deles foi apagado de imediato por populares e no outro resultou um que fez arder um hectare de floresta.
De acordo com o mesmo comunicado, ambos vão ser presentes às autoridades judiciárias para primeiro interrogatório e consequentes medidas de coação.
Arouca e Viseu
Também o incêndio que deflagrou na segunda-feira no concelho de Arouca e foi dado como dominado na terça-feira teve um reacendimento, segundo o comandante operacional distrital de Aveiro, José Bismarck. “O grande reacendimento já está resolvido”, disse o comandante.
“Tem havido dezenas de reacendimentos. O nosso trabalho agora é evitar que algum se transforme num novo incêndio, como aconteceu”, explicou.
O incêndio de Arouca teve início numa zona florestal, abrangendo as freguesias de Canelas e Espiunca, envolveu várias corporações dos distritos de Aveiro e Viseu, o combate às chamas teve um período mais que implicou trabalho de 210 homens, 61 viaturas, dois aviões e dois helicópteros.
Meteorologia ajuda
O regresso da chuva, umidade e descida das temperaturas máximas nas regiões do norte e centro vão criar melhores condições para o combate aos fogos em Portugal, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
Segundo a meteorologista Madalena Rodrigues, do IPMA, a mudança nas temperaturas teve início terça-feira, com uma descida acentuada das temperaturas, que se irá manter até sábado, sendo esperado para domingo o regresso de temperaturas máximas acima dos 30 graus.
Madalena Rodrigues adiantou ainda que os períodos de chuva fracos esperados para quinta-feira vão ocorrer a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela e no litoral.
Quanto às temperaturas para esta quarta-feira estão previstas temperaturas muito próximas das ocorridas terça-feira, dado que se assistiu a “uma descida acentuada dos valores da temperatura”, esperando-se para quinta-feira nova descida dos valores da temperatura entre quatro a seis graus.
“As temperaturas vão rondar os 26/27 graus Celsius entre a Beira interior e o Alentejo e região sul enquanto nas regiões do litoral norte oscilar entre os 21 e 22, e os 23 e 25 no interior norte”, avançou.
Para sexta-feira e sábado mantêm-se as temperaturas a rondar os 28 e 29 graus Celsius, de acordo com a meteorologista, não se prevendo que até sábado as temperaturas atinjam os 30 graus, mas domingo já se prevê uma ligeira subida da temperatura.
Doze concelhos de Portugal continental apresentam hoje risco máximo de incêndio, segundo o IPMA. Guarda é aquele que será mais afetado já que oito dos seus concelhos estão sob risco máximo de incêndio: Sabugal, Guarda, Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Trancoso, Aguiar da Beira, Sernancelhe e Moimenta da Beira. Também os concelhos de Pampilhosa da Serra e Arganil (Coimbra), Mação (Santarém) e Oleiros (Castelo Branco), apresentam hoje risco máximo de incêndio.