Mundo Lusíada
Com agencias
Durante evento dia 30 em Portugal, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações da Operação Lava Jato na primeira instância, defendeu as delações premiadas e disse que os acordos permitem que as investigações avancem. “Sem a delação premiada, não teria sido possível descobrir os esquemas de corrupção no Brasil, porque ela quebrou o tabu da confiança entre os criminosos”, disse Moro durante Conferências do Estoril. O juiz brasileiro foi aplaudido em pé durante o evento em Cascais.
Segundo Moro, nos crimes de corrupção, há corruptos e corruptores, mas, em geral, nenhuma testemunha, por isso, a importância das delações. “É muito difícil apurar. Para investigar esses crimes praticados em segredo, usamos vários meios, entres eles a delação premiada. A ideia é usar um criminoso menor para chegar ao maior para pegar os grandes”, explicou.
O juiz disse ainda que “uma das regras de ouro do processo da delação é haver provas de corroboração”, o que garante a legitimidade do instrumento.
Ao lado de juízes como o português Carlos Alexandre, o espanhol Baltasar Garzón, e o italiano Antonio Pietro – que atuou na Operação Mãos Limpas –, Moro foi veemente ao defender a Lava Jato e afirmar que “não há nenhuma vergonha” em combater a corrupção.
“A exposição e a punição da corrupção pública é uma honra, e não uma vergonha. Embora no Brasil haja algumas visões negativas sobre o processo, existe um anseio na sociedade brasileira em termos um país mais limpo”, disse o juiz brasileiro, que foi aplaudido de pé e apresentado pela jornalista da televisão portuguesa SIC Clara de Sousa como “uma das pessoas mais importantes do mundo”.
O juiz português Carlos Alexandre disse, na mesma conferência, que a delação premiada não é uma novidade, pois está prevista em várias legislações. Tanto o juiz espanhol Baltazar Garzón, como o ex-magistrado e político italiano Antonio Di Pietro, mostraram-se favoráveis à utilização da delação premiada em processos de corrupção.
O juiz é encarregado dos processos de destacados dirigentes políticos e empresariais, como o ex-presidente Lula, do PT, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, do PMDB, o ex-ministro Antonio Palocci, do PT, ou o patrão do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, entre dezenas de outros.
Corrupção sistêmica
De acordo com Moro, as investigações e julgamentos em curso poderão fazer da corrupção sistêmica no Brasil apenas “uma lembrança”, e é preciso ter esperança na melhora do país. “Não importa se a corrupção é grande ou pequena. Ela é um mal que deve ser investigado e processado, pois pode adquirir aspecto mais grave quando se torna habitual e vira sistêmica”, acrescentou.
O juiz destacou que a corrupção causa danos à economia, eleva os custos dos serviços públicos e afasta investidores, além de ser prejudicial à democracia. “Se as pessoas acharem que a corrupção é uma coisa normal, a confiança no sistema democrático é afetada. Por isso, é preciso enfrentá-la de todas as formas”, disse Moro, que defendeu a participação da sociedade civil neste processo, ampliando as ações do Judiciário.
“Não é uma ação somente de juízes e de procuradores, é o anseio da sociedade brasileira para que tenhamos um país mais limpo”, disse Moro. “Acredito que, apesar de todas estas turbulências, ao final do processo nós teremos um país melhor, uma economia mais forte com uma democracia de melhor qualidade, no qual a corrupção sistêmica passe a ser apenas uma triste memória do passado”.
1 comentário em “Em Portugal, juiz Sergio Moro diz que “não há nenhuma vergonha” em combater a corrupção”
Foi bom o Juiz Moro ir a Portugal. É bom também que os portugueses saibam,quem semeou esse”mal” por estas paragens A corrupção é genética e hereditária nesta nação continental.O Juiz Moro declarou e é verdade,que “não é vergonha o país ser vitima desse mal”, entretanto,adicionaríamos, que é honroso cobate–lo,do feito que vem fazendo.