Mundo Lusíada
A imprensa portuguesa avança com a notícia, na manhã desta quinta-feira, de que o governo português escolheu David Neeleman, presidente da Azul Linhas Aéreas Brasileiras, para ser o novo dono da TAP.
A decisão foi tomada durante Conselho de Ministro nesta manhã após decidir entre duas propostas que foram melhoradas na última semana no processo de privatização da companhia aérea portuguesa. O consórcio de David Neeleman inclui parceria com o português Humberto Pedrosa (do Grupo Barraqueiro) com 50,1% a maioria do capital do consórcio e fundo de investimento Cerberus, assegurando o cumprimento de regras europeias.
A notícia foi avançada pelo Diário Económico, que destaca a disponibilidade para investir e os projetos de capitalização da empresa como fatores determinantes para a decisão, com a proposta do empresário brasileiro, descendente de norte-americanos, David Neeleman, mais vantajosa.
De acordo com o Governo e com a avaliação da TAP, a proposta da Gateway era a melhor proposta no que respeita à contribuição para o reforço da capacidade econômico-financeira do grupo TAP, ao projeto estratégico e ao valor global apresentado para a aquisição de ações, critérios de avaliação previstos no caderno de encargos. A venda permite a entrada de “no mínimo” 354 milhões de euros, valor que, consoante o desempenho da transportadora, pode chegar aos 488 milhões de euros
Neeleman, que liderou o projeto, assumiu o compromisso de comprar 53 novos aviões para a TAP e investir 350 milhões de euros, além do reforço das ligações dentro do Brasil e mais voos de Lisboa para outros destinos dos Estados Unidos, e a partilha de 10% dos dividendos com os trabalhadores.
Quanto ao Governo, assumiu querer fechar a venda dos 66% da TAP até ao final do mês, com o novo investidor de referência a assumir 61% da empresa, ao passo que os trabalhadores ficam com os restantes 5%.
Portugal recebeu duas propostas relativas à venda de 61% do capital da TAP SGPS, dentro do prazo definido pelo Governo, para a última fase de negociações: uma da Gateway, de David Neeleman, e outra da SAGEF, de Germán Eframovich.
A proposta de Gérman Efromovich, dono da operadora aérea Avianca e do grupo Synergy, incluia a entrega de 12 novos aviões Airbus após a transferência das ações da companhia e a renovação da frota da Portugália com aviões Embraer até 2016, sendo que o empresário propõe recapitalizar a empresa em 250 milhões de euros. Miguel Pais do Amaral, através da Quifel, prometia na manter a estratégia da administração de Fernando Pinto, com a compra dos 12 Airbus 350 já encomendados pela TAP e uma injeção de capital de 325 milhões de euros.
Numa carta enviada aos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, o presidente da TAP Fernando Pinto elogiou os vencedores e destacou o dia que “ficará na história da companhia” como o dia em que a TAP deixa de ser pública, após quatro décadas em que foi detida exclusivamente pelo Estado, marcando “um novo ciclo”. “Temos todas as condições para ter confiança no futuro, pois o consórcio Gateway, escolhido pelo Governo, garante a ligação a um grupo importante de investidores com larga experiência no negócio da aviação comercial, bem como a um grupo português de grande relevo e solidez na área dos transportes”, escreveu Fernando Pinto.
Consórcio vencedor
O consórcio que ganhou a privatização, incluindo o empresário português Humberto Pedrosa, assumiu que o compromisso de crescimento e de investimento na companhia aérea nacional é a partir de hoje a prioridade. “É com enorme satisfação que recebemos a notícia do Estado Português de que a nossa visão para o futuro da TAP foi a escolhida”, lê-se numa nota enviada à Lusa por David Neeleman e por Humberto Pedrosa, considerando que “mais importante que a vitória é a responsabilidade”.
Os dois empresários que integram o consórcio Gateway realçam “a responsabilidade de corresponder às expectativas criadas a todos os envolvidos, desde o Estado aos colaboradores e, principalmente, os portugueses que têm tanto sentimento pela TAP”. “O nosso compromisso de crescimento e investimento na TAP e em Portugal é a partir de hoje a nossa prioridade”, sublinham.
David Neeleman tem um longo currículo de criação e liderança de companhias aéreas, sendo hoje o dono da transportadora brasileira Azul. Aos 24 anos, o jovem Neeleman, que não terminou o curso superior devido a um problema de déficit de atenção, fundou a sua primeira companhia aérea, a Morris Air, com sede em Utah, que foi vendida à Southwest Airlines dez anos depois. No currículo do empresário figuram também a JetBlue Airways, a WestJet e a Azul – Linhas Aéreas Brasileiras.
Nasceu na capital paulista onde o pai trabalhava como correspondente estrangeiro e aos cinco anos regressou aos Estados Unidos, tendo dupla nacionalidade. Hoje David Neeleman é presidente da companhia aérea brasileira Azul, tendo entregado a proposta de aquisição, através da ‘holding’ pessoal DGN (David Gary Neeleman), com mais parceiros, sem ter sido possível confirmar a sua identidade.
Aos 55 anos, David Neeleman, pai de nove filhos, admite ser obcecado pelos clientes e, quando viaja, faz questão de falar com os passageiros para ouvir opiniões sobre a sua companhia. A Azul, de que detém apenas 8% através da ‘holding’ pessoal DGN, é uma das principais clientes da TAP – Manutenção e Engenharia no Brasil, a empresa que tem sido a grande responsável pelos prejuízos do grupo TAP.