Desigualdade mobiliza protestos em Portugal e no Brasil, diz dirigente sindical

Da Redação
Com agencias

Protesto “Geração à rasca” reúne milhares na Avenida dos Aliados, no Porto. Foto: ESTELA SILVA/LUSA
Protesto “Geração à rasca” reúne milhares na Avenida dos Aliados, no Porto. Foto: ESTELA SILVA/LUSA

As duas centrais sindicais de Portugal estão mobilizando trabalhadores dos setores público e privado para a greve geral de 27 de junho. A paralisação convocada pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) e pela União Geral dos Trabalhadores (UGT) contesta a política de austeridade do governo do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho – oficialmente, há 952 mil pessoas desempregadas em Portugal.

Conforme a Agência Lusa, as duas entidades juntas têm mais de 1 milhão de trabalhadores (155 sindicatos). Para Armando Farias, da comissão executiva da CGTP, há “indicações fortes” de que a greve tenha mais adesão do que a paralisação em novembro do ano passado, quando apenas a sua central convocou o protesto. “A base social do governo está em erosão progressiva e eles estão ficando isolados.”

Farias avalia que a mobilização dos portugueses e os protestos que ocorrem no Brasil têm uma raiz comum: “a forte desigualdade social”. Ele reconhece porém que houve queda da desigualdade na última década no Brasil e pondera que a “desconcentração de renda deve ser um processo contínuo”.

De acordo com análise do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (CPS-FGV), o índice de Gini (que mede a desigualdade socioeconômica) no Brasil caiu de 0,596 em 2001 para 0,519 em 2012. O indicador de Portugal é terceiro pior da União Europeia, mas melhor do que o do Brasil: 0,354 (2008), segundo o livro Desigualdades em Portugal: Problemas e Propostas, organizado pelo sociólogo Renato Carmo. O índice varia de 0 a 1, quanto mais próximo de 1 maior é a desigualdade entre pobres e ricos.

A opinião pública de Portugal acompanha as manifestações no Brasil pela imprensa e pela internet. Costuma haver destaque nos diversos veículos as cenas de violência e de vandalismo. Segundo Farias, que apoia as manifestações no Brasil, os brasileiros devem ter cuidado “com grupos fascistas  que aproveitam os protestos para criar violência gratuita”, disse à Agência Brasil. Também está prevista uma greve geral no Brasil em 11 de julho.

A greve geral em Portugal, segundo programação da CGTP, terá pelo menos 45 pontos de concentração nos diversos distritos do país. Em Lisboa, a principal manifestação será a passeata entre a Praça do Rossio e a Assembleia da República (a partir das 15h).

Governo português orienta turistas e residentes a evitarem tumultos no Brasil

Brasília - Manifestantes protestam em frente ao Congresso Nacional. Foto Valter Campanato/ABr
Brasília – Manifestantes protestam em frente ao Congresso Nacional. Foto Valter Campanato/ABr

Enquanto isso, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, equivalente ao Ministério de Relações Exteriores no Brasil, passou a orientar os turistas lusitanos a não se envolverem em “tumultos” relacionados aos protestos que ocorrem em diferentes cidades do Brasil.

O secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, disse em entrevista à rádio TSF de Lisboa – que o governo está atento “à evolução da situação” e que “até ao momento, não há informação de qualquer problema que tenha implicado membros da numerosa comunidade que temos nos Brasil”.

Segundo dado do Observatório da Emigração, há cerca de 138 mil portugueses residentes no Brasil. Além da colônia numerosa, os portugueses estão entre os principais turistas que chegam ao Brasil. Dados do Ministério do Turismo, mostram que mais de 350 mil portugueses estiveram no Brasil biênio 2011-2012, o equivalente a mais de 10% do total de turistas europeus.

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