Da Redação
Com Lusa
Portugal registra duas mortes de pessoas infectadas com o novo coronavírus até agora, de acordo com o segundo boletim epidemiológico da pandemia da Covid-19 divulgado nesta quarta-feira.
O número de infectados pelo novo coronavírus subiu para 642, mais 194 do que os contabilizados na terça-feira, anunciou a Direção-Geral da Saúde (DGS).
De acordo com a informação divulgada sobre a situação epidemiológica de Covid-19 em Portugal, desde 01 de janeiro foram registrados 5.067 casos suspeitos.
Segundo a DGS, há 351 (eram 323) casos a aguardar resultado laboratorial e três casos recuperados.
O Alentejo registrou os primeiros dois casos de Covid-19, segundo o boletim, que indica que mais de 85% dos doentes estão a recuperar em casa.
A região Norte continua a ser a mais afetada, com 289 casos confirmados. Segue-se Lisboa e Vale do Tejo com 243, a região Centro com 74, o Alentejo com dois casos, e a região Sul com 21.
No arquipélago dos Açores há três casos confirmados e no da Madeira um primeiro foi registrado. As duas mortes confirmadas no país estão ambas na região de Lisboa e Vale do Tejo.
A segunda vítima com coronavírus e Portugal é o presidente do Conselho de Administração do banco Santander Totta, António Vieira Monteiro, que morreu em Lisboa aos 73 anos. Segundo divulgou a TVI, Vieira Monteiro teria contraído a doença durante suas férias na Itália.
Ele foi hospitalizado assim que chegou a Portugal, no Hospital São José, e depois transferido para o Curry Cabral em Lisboa. Dois dos seus filhos estão também infectados com o novo coronavírus.
Vieira Monteiro era ‘chairman’ do banco Santander Totta desde início de 2019, depois de ter ocupado o lugar de presidente executivo (CEO) entre 2012 e o ano passado, cargo em que foi substituído pelo atual presidente, Pedro Castro Almeida.
Quando abandonou a liderança executiva do Santander Totta, Vieira Monteiro, considerou que deixava o cargo com o banco “preparado para continuar a enfrentar o futuro” e salientando que quando assumiu a liderança a instituição “não era quase nada”.
Quarentena
O município de Ovar foi declarado estado de calamidade pública e imposta quarentena geográfica, e tem já cerca de 70 postos fronteiriços onde cidadãos e agentes policiais se estão a adaptar ao controle de entradas e saídas.
Domingos Silva é o vice-presidente dessa autarquia do distrito de Aveiro, que tem 55.000 habitantes dispersos por uma área de 148 quilómetros quadrados, e revela que em causa estão 40 postos controlados por cerca de 90 agentes da PSP e GNR, e ainda 30 entradas obstruídas apenas por barreiras físicas.
A situação chegou a este ponto, sobretudo porque no dia 13 foram diagnosticadas sete pessoas com Covid-19 só numa unidade de saúde local, onde “os médicos ainda não estavam preparados para o problema e, durante uma semana, tinham estado a atender toda a gente sem cuidados especiais”, após o que outros casos dispersos “levaram a que a contaminação rapidamente se disseminasse pelo concelho”.
Instalados esta madrugada os 70 postos de controle, que vigorarão até 04 de abril, a Lusa percorreu esta manhã várias estradas na confluência de Ovar com os concelhos de Santa Maria da Feira e Espinho, e apurou comportamentos diferentes consoante a localização da fronteira.
Na Estada Nacional 327, entre Espargo, na Feira, e Arada, em Ovar, a GNR não usava máscaras e nem sempre cumpria um metro de distância para segurança no contacto com os cidadãos, mas solicitava comprovativos de morada a quem pedia para regressar ao território sob quarentena e obrigou a inversão de marcha mesmo a quem só queria ir tomar conta dos netos.
Um dos cidadãos barrados foi o empresário Pedro Cunha, que, vivendo em Souto, na Feira, tem uma oficina de reparações automóveis na Zona Industrial de Ovar e não contava com “aquele aparato todo, que nem nas fronteiras se vê”.
O que o mais o preocupa, contudo, é a situação “caótica” que poderá abater-se sobre a sua empresa, à qual foram confiados para reparação 20 carros que agora não podem sair das instalações para ser entregues aos proprietários, alguns em situação delicada por “terem bebés ou serem idosos”.
Pedro Cunha defende, por isso, que o seu setor de atividade devia ser considerado de primeira necessidade: “Espanha também está em quarentena e sou a favor disso, mas declarou que as oficinas são um bem essencial e ia abri-las com segurança e regras. Aqui em Portugal dizem que o automóvel não é um bem essencial e eu gostava de ver se esses senhores [que decidem] andam só a pé”.
Portugal é um dos 10 Estados-membros que já notificaram a Comissão Europeia da reintrodução de controles nas fronteiras internas da União Europeia, como medida de prevenção face à propagação do novo coronavírus, adiantou hoje um porta-voz do executivo comunitário.
Sendo um dos Estados-membros com fronteiras externas, Portugal é também dos países com os quais o executivo comunitário está em contato próximo com vista à implementação das restrições de entradas em território da UE decididas na véspera pelos líderes dos 27, acrescentou o porta-voz, durante a conferência de imprensa diária da Comissão Europeia.
No passado domingo, Portugal e Espanha decidiram limitar a circulação na fronteira terrestre comum a mercadorias e trabalhadores transfronteiriços por causa da pandemia da Covid-19.