Bispo de Lisboa antecipa grande contingente do Brasil na Jornada da Juventude

Bento XVI entregou, simbolicamente, a um grupo de peregrinos brasileiros a Cruz dos Jovens, símbolo da Jornada Mundial da Juventude.

Da Redação com Lusa

Na segunda-feira, o bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, mostrou-se convicto de que a América Latina, em conjunto com o Brasil, terá um dos “contingentes internacionais mais significativos” na Jornada do próximo ano, em Lisboa.

Américo Aguiar, que desde o final de agosto, com outros membros do Comité Organizador, esteve no Brasil, promovendo a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 (JMJLisboa2023), disse à agência Lusa, que o objetivo da deslocação foi “convidar olhos nos olhos, coração a coração, diretamente os jovens para que eles sentissem que havia um desejo, uma vontade e um empenho de convidar a todos, pessoalmente e, especialmente, na terra deles, na sua casa”.

“Acolheram muito bem esse gesto. Aliás, as várias dioceses e os vários responsáveis disseram que nunca ninguém, de nenhuma Jornada Mundial da Juventude, os tinha visitado pessoalmente para os convidar ou para lhes dizer o quanto gostariam que eles estivessem presentes numa jornada”, sublinhou o bispo português, adiantando que os encontros com muitos jovens em diversas partes do Brasil, levaram a que, por vezes, sentissem “a emoção, ao limite das lágrimas.

Abordando as dificuldades sociais e econômicas que um grande número de jovens brasileiros enfrenta no seu dia a dia, Américo Aguiar explicou: “Aqui as coisas têm dimensões esmagadoras e também nos fazem entender que quando estamos a convidar um jovem português ou europeu para o desafio da jornada e quando estamos a convidar um jovem do Brasil, o desafio não é o mesmo”.

Por exemplo, estar num “cenário de favela, a convidar aqueles miúdos para participarem na Jornada da Juventude, e ver a alegria deles, perceber a alegria, a convicção a força, que às vezes não encontramos com tanta facilidade noutros contextos, noutras geografias”, foi uma experiência marcante, como admitiu o prelado.

“Quando a gente ouvia os papas falarem do continente da esperança, da força da fé e do acreditar, testemunhamos isso junto destes miúdos que têm tantos problemas e tanta dificuldade, mas, ao mesmo tempo, acreditam, têm força, têm fé e movem montanhas”, disse Américo Aguiar, antes de partir do Brasil para o Peru, onde vai participar na reunião da Pastoral da Juventude da América Latina, em Lima.

Segundo o bispo auxiliar de Lisboa, para os jovens com quem teve oportunidade de dialogar nos últimos dias, “o Atlântico e as dificuldades que têm no dia a dia não é nada que os faça desistir”.

“Como eles dizem, a grana não é o problema. Ou seja, eles estão habituados. A vida deles é feita quotidianamente de luta e por isso é um obstáculo e uma dificuldade, mas para a qual eles não voltam costas”, afirmou Américo Aguiar, que gostaria de ver os jovens brasileiros em Lisboa a “contagiar os jovens portugueses, os jovens europeus, os jovens do mundo inteiro”, ao recordar que, houve jovens que, para participarem num encontro com o bispo português “fizeram uma viagem de nove horas e apanharam os meios de transporte mais diversos, incluindo barcos para atravessar canais”

No período em que esteve no Brasil, Américo Aguiar participou também na 59.ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo, deslocando-se ainda a Brasília, Rio de Janeiro, Bahia, Fortaleza e Belém.

Nalguns encontros esteve também um representante da TAP, para abordagem de algumas questões logísticas.

Quanto à dimensão do contingente que poderá atravessar o Atlântico para estar presente na JMJ Lisboa 2023, apesar da expectativa de que será grande a partir da América Latina e do Brasil, Américo Aguiar admite que o preocupa o conflito na Ucrânia e todas as consequências que o mesmo acarreta, desde logo ao nível dos custos da energia e dos combustíveis e os efeitos que isso pode ter na aviação.

Além desta deslocação ao Brasil, o Comité Organizador pretende realizar viagens semelhantes aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), bem como a Timor-Leste.

Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude, que vai decorrer entre os dias 01 e 06 de agosto de 2023, com as principais cerimônias a terem lugar no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.

As JMJ nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.

A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, tendo já passado por Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colônia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).

A edição de 2023, que será encerrada pelo Papa, esteve inicialmente prevista para este ano, mas foi adiada devido à pandemia de covid-19.

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